Inquérito AHP: Maioria dos hoteleiros considera terem sido alcançados os níveis de operação pré-pandemia

Para 54% dos 375 inquiridos, a operação já retomou os níveis de 2019, enquanto apenas 12% espera alcançá-los somente em 2024. Os dados resultam do inquérito “Balanço 2022 & Perspetivas 2023”, apresentado esta quinta feira pela Associação da Hotelaria de Portugal, que demonstra também o claro crescimento do mercado dos EUA e as perspetivas positivas dos hoteleiros para 2023, apesar dos desafios colocados pela conjuntura económica.
De acordo com o inquérito “Balanço 2022 & Perspetivas 2023”, apresentado esta quinta feira, 16 de março, pela vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, dos 375 estabelecimentos hoteleiros que responderam, 54% afirmam ter já alcançado os níveis de operação registados em 2019, que tinha sido considerado o melhor ano de sempre para o turismo em Portugal.
Dos restantes, 9% espera alcançar os níveis da pré-pandemia já no primeiro semestre deste ano, enquanto 25% estima que isso apenas aconteça no segundo semestre deste ano. Há ainda 5% que diz que os resultados de 2019 só serão alcançados no primeiro semestre do próximo ano e 7% que adiam esses resultados para o segundo semestre de 2024.
Comentando estes resultados em conferência de imprensa, Cristina Siza Vieira considerou que “2022 foi, indubitavelmente, um bom ano por comparação com 2021, o que era natural, porque 2021 ainda foi um ano muito marcado pela pandemia, mas mesmo comparando com 2019”. Por isso, acrescentou, 2022 “não foi só um ano robusto do ponto de vista da retoma, mas foi uma retoma muito vigorosa”.

A responsável considerou ainda ter-se tratado de “um ano interessante” em que os preços praticados pela hotelaria cresceram em quase todo o país “com algumas explosões, como é o caso da Madeira”, região que foi considerada “campeã” em vários indicadores.
De acordo com os resultados do inquérito, a Madeira liderou e fechou 2022 com uma taxa de ocupação de 76%, bastante acima da média nacional que se situou nos 61%, e alcançou também a maior estada média do território nacional, seis noites, indicador em que foi seguida do Algarve, com cinco noites, e Açores, Lisboa e Alentejo, com três noites.
A Hotelaria de Lisboa teve uma taxa de ocupação de 70% e um preço médio por quarto de 152 euros, seguida do Algarve com 61% e 124 euros de ARR, ambos acima da média nacional que se situou nos 119€. Já na Madeira, o preço médio por quarto foi de 113€.
Mercado dos EUA ganha terreno
Relativamente aos mercados emissores, Portugal, Espanha e Reino Unido foram os mercados mais apontados pelos hoteleiros inquiridos.
De salientar, no entanto, que os Estados Unidos da América surgiram nos principais três mercados nas respostas de 33% dos inquiridos pela AHP, com destaque para os Açores onde 90% dos inquiridos colocaram os EUA entre os três principais mercados, a que se juntaram 54% dos hoteleiros de Lisboa que responderam ao inquérito da AHP.
“A aposta no mercado americano é uma boa aposta, tem dado realmente uns resultados muito interessantes, porque o mercado americano responde”, sublinhou a vice-presidente executiva da associação.
Perspetivas positivas para 2023 mas com desafios
A maioria dos hoteleiros prevê que, em todos os trimestres, 2023 será melhor do que 2019 e 2022 tanto em taxa de ocupação como de preço médio por quarto e receitas. Portugal, Espanha e Estados Unidos da América são os mercados mais apontados pelos hoteleiros para 2023, seguidos do Reino Unido, França, Alemanha e Brasil.

Ainda assim, são apontados alguns desafios importantes para este ano, como a inflação que foi referida por 88% dos inquiridos como estando entre as três maiores preocupações; os custos da energia, apontados por 73% nos três primeiros lugares; a instabilidade geopolítica / guerra na Ucrânia (56%); o aumento das taxas de juros (37%) e os recursos humanos, que 11% dos inquiridos referiram como sendo uma das três maiores dificuldades com que se irão deparar este ano.