Inquérito AHP: Hoteleiros dividem-se quanto à ocupação em 2025 mas são consensuais no aumento dos preços médios

Para 2025 os hoteleiros não esperam grandes surpresas, prevendo que o ano seja positivo mas se em termos de ocupação as opiniões são variáveis consoante as regiões, já no que se refere ao aumento do preço médio há consenso em todas as regiões turísticas. Em linha com esta estimativa, a maioria dos inquiridos antecipa melhores receitas do que em 2024.
A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) apresentou esta quarta-feira, 26 de março, os resultados do inquérito “Balanço 2024 & Perspetivas 2025”, realizado junto dos seus associados no passado mês de janeiro. Dos resultados apresentados, conclui-se que os hoteleiros olham para 2025 com um otimismo moderado, ainda que apontem para um crescimento nos principais indicadores.
A moderar as perspetivas para o corrente ano está a taxa de ocupação que para 44% dos inqueridos será melhor ou muito melhor, para 43% será igual e para 9% pior ou muito pior. Ainda assim, 48% dos inquiridos do Algarve, 47% da Península de Setúbal, 45% do Alentejo e 43% da Grande Lisboa preveem um desempenho superior ao de 2024.
Decompondo por trimestres, os que indicam que a taxa de ocupação no primeiro trimestre será melhor ou muito melhor são apenas 33%, enquanto para 43% será igual e para 17% pior. A puxar este indicador para baixo está o facto de a Páscoa este ano cair para o 2ª trimestre quando em 2024 foi em março.
Já relativamente aos 3º e 4º trimestres as estimativas apontam para uma melhoria, sendo de destacar o último trimestre do ano que, por força de alguns eventos mas também, das alterações climáticas, tem vindo a “afirmar-se na hotelaria nacional”, sublinhou Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, que fez a apresentação do inquérito.
Hoteleiros não vão sacrificar o preço mesmo com menor ocupação
Quanto ao preço médio por quarto, as perspetivas são mais consensuais, com 73% dos inquiridos a antecipar um preço médio melhor ou muito melhor em 2025; para 19% será igual, e 5% estima que seja pior ou muito pior.
Por regiões, existe um consenso transversal de que o preço médio irá aumentar este ano. Os mais otimistas são os hoteleiros do Alentejo, com 87% a anteciparem um aumento do preço médio. Na Madeira são 81% a esperar um aumento, a que se juntam 78% na Península de Setúbal; 70% no Norte e Grande Lisboa; 64% no Algarve e Açores; 57% no Oeste e Vale do Tejo e 55% no Centro.
Cristina Siza Vieira sublinhou o “crescimento em valor” que está a acontecer na hotelaria e que é demonstrado pelos dados recolhidos. Tomando como base o primeiro trimestre do ano, em que para 43% dos inquiridos pode ser igual ao período homólogo de 2024 e apenas para 33% pode ser melhor, 64% apesar de preverem uma ocupação mais baixa esperam um melhor preço médio.
Significa isto que “não é o prever uma menor ocupação que faz baixar o preço. Neste momento há uma maturidade dentro do nosso setor, que significa que, sim, nós conseguimos gerir e lidar com uma situação de menor procura porque
há muita gente que fecha, que faz as férias nesta altura, faz as reabilitações, intervenções nos imóveis, mas não vão sacrificar o preço”, destacou Cristina Siza Vieira.
Em linha com esta tendência, 56% dos inquiridos a nível nacional antecipam melhores receitas globais em 2025 e 33% esperam que sejam idênticas. Por regiões, é esse o sentimento de 78% dos inquiridos na Península de Setúbal; 63% nos Açores e Grande Lisboa: 54% no Norte e 53% no Oeste e Vale do Tejo.
França perde terreno e já não está entre os cinco principais mercados
A nível dos principais mercados “não há grandes surpresas, a não ser Espanha ter sido apontada por 54% dos inquiridos como fazendo parte dos três principais mercados emissores”, sublinhou a vice-presidente executiva da AHP.
Pela negativa, o destaque vai para o mercado francês que continua a perder terreno, à imagem do que aconteceu em 2024: “Mais uma vez, França não é apontada na globalidade, está em sétimo lugar e, portanto, temos aqui este “declínio sustentado” da relevância do mercado francês para a hotelaria nacional”.
De referir que na Grande Lisboa, o Brasil é apontado na pole position por 39% dos inquiridos; França continua a ser apontado como um dos principais mercados para a Península de Setúbal e para o Centro; e 38% dos inquiridos no Alentejo apontam os EUA entre os principais geradores de turistas para a região.
Já Portugal continua a ser apontado por todos os destinos nacionais, incluindo a Madeira e a Grande Lisboa, como um dos principais mercados.
No inquérito, a AHP pedia também aos hoteleiros apara apontarem os principais constrangimentos do turismo em 2025. O mais referido, com 68% foi a concorrência de outros destinos internacionais. O aumento generalizado dos custos, a inestabilidade geopolítica e a escassez de mão de obra e a capacidade do aeroporto de Lisboa, foram outros dos desafios/constrangimentos apontados.
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