Inês de Medeiros: Grande desafio de Almada tem sido “criar condições para que haja uma oferta turística mais diversificada”

O concelho de Almada, muito por via da Costa de Caparica, das suas praias e do surf, tem vindo a registar números crescentes no turismo, mas quer mais e tem atrativos para o conseguir. Há, no entanto, alterações que têm que ser feitas ao nível do PDM e que esbarram com uma burocracia que Inês de Medeiros, presidente do município criticou na quinta-feira, no congresso da ADHP.
A presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, falava na sessão de abertura do XXI Congresso da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal, que decorre no INATEL Caparica, na Costa de Caparica, um dos maiores polos turísticos de Almada.
Sem se perder em números mas frisando que “o turismo tem sido um grande motor de desenvolvimento, não apenas pelo número de turistas que atrai, mas também por todo o ecossistema da economia que a fomenta e estimula”, a autarca deixou claro que, para si, “promover o turismo não é apenas criar condições para que haja mais unidades hoteleiras”, muito embora, segundo afirmou também, Almada precise de mais unidades hoteleiras.
Promover o turismo é, para Inês de Medeiros, “criar condições, sobretudo no plano diretor municipal, mas também em toda a política urbanista, para que haja uma maior oferta turística e mais diversificada em Almada” porque tão necessário como construir unidades hoteleiras é criar conteúdos que possam ser atrativos para o turismo. E, segundo a autarca, este tem sido “um dos grandes desafios” que se têm colocado ao concelho, apesar dos bons números turísticos que tem alcançado, tendo sublinhado neste sentido, que Almada tem em curso vários projetos, diversos entre si, “mas que vêm qualificar muito a nossa oferta e também diversificá-la”.
“Se o Estado Central não continuasse, com as suas diversas entidades, a achar que sabe mais e que protege melhor os territórios do que as suas próprias autarquias, se não continuar a travar e a obrigar-nos a ter processos intermináveis, nomeadamente na revisão dos Planos Diretores Municipais, garanto que, neste momento, já poderíamos estar muito mais longe na proteção do nosso património natural, que é a nossa riqueza”.
As grandes apostas em termos de produtos turísticos passam, inevitavelmente, pelo património natural, pelos quilómetros de praias da Caparica encaixadas na sua milenar arriba fóssil. Da Caparica, a presidente da Câmara de Almada quer fazer um polo de turismo todo o ano. O slogan “Costa de todo o ano” remete para isso mesmo e, segundo a autarca, a Costa tem ocupação durante praticamente todo o ano, muito graças ao desporto e em particular ao surf.
Ainda em termos de turismo de natureza, junta-se a Mata dos Medos e toda a paisagem protegida do concelho, que Inês de Medeiros quer tornar uma “mais-valia turística”. Mas há ainda o turismo religioso, por via do Cristo Rei, depois de Fátima, e o corporate, nomeadamente ao nível dos congressos e incentivos.
Ao nível da aposta no turismo de natureza sublinhou que o município tem recebido muitos pedidos de ‘glamping’ mas apontou que tal obriga a “uma pequena revisão da legislação nessa matéria”, e se os projetos esbarram com a burocracia, as alterações legislativas esbarram com o fator tempo, o que levou a autarca a dizer que “se o Estado Central não continuasse, com as suas diversas entidades, a achar que sabe mais e que protege melhor os territórios do que as suas próprias autarquias, se não continuar a travar e a obrigar-nos a ter processos intermináveis, nomeadamente na revisão dos planos diretores municipais, garanto que, neste momento, já poderíamos estar muito mais longe na proteção do nosso património natural, que é a nossa riqueza”.
Apesar disso, para Inês de Medeiros, “as políticas do turismo têm sido um bom exemplo”, já que “tem havido planeamento e estratégia” e, apesar dos vários governos, “o interesse nacional, nesta área, tem-se mantido”.
“Há desafios, naturalmente, estou certa que teremos todos de ter a capacidade de ir reinventando, mas é esta constância de ações, de políticas, este entendimento, esta estabilidade, não apenas governativa, mas de princípios e de objetivos comuns que garantem que possamos ir cada vez mais longe, de forma mais eficaz e mais rapidamente”, considerou.