Image Tours tem aumentado opções dentro dos “destinos que o mercado nos reconhece” diz Miguel Jesus
Operador turístico especializado em destinos do Médio e Extremo Oriente, a Image Tours está a ser afetada pela atual situação geopolítica, em particular a guerra entre Israel e o Hamas. O Turisver falou com Miguel Jesus, diretor-geral do operador, para saber como é que a Image Tours está a “dar a volta” a esta situação.
A Image Tours foi sempre muito identificada com os destinos do Médio e Extremo Oriente. Que peso é que tem para vocês, em termos de vendas, a situação que se está a viver?
Neste momento tem um peso elevado e estamos a sofrer porque ao longo dos últimos anos sempre apostámos na especialização e afirmámo-nos no mercado como especialistas no Médio e Extremo Oriente. Logicamente que temos alguns “prós”, pelo conhecimento, experiência e contratação, e pela oferta que conseguimos dar ao agente de viagens, principalmente até ao nível da confiança na qualidade do serviço mas também temos “contras”, porque esta é uma região geográfica bastante instável e que nos últimos anos tem sofrido constantes problemas.
Neste momento, a situação tem vindo a melhorar em alguns destinos mas há outros que estão muito parados, como é o caso de Israel e da Jordânia. O Egito também tem estado a sofrer, tal como a própria Turquia, embora nas últimas semanas tenha havido alguma alteração, tanto em termos de Egito como de Turquia, mas ainda não em números semelhantes ao ano anterior.
A questão tem outro lado, que é o facto de o agente de viagens nos procurar quando tem clientes para esta zona e muitas vezes se não dá a opção Turquia dá a opção Grécia, que é um destino que estamos a vender bastante bem. O próprio Egito tem estado a crescer, por via de um trabalho conjunto da nossa parte com os agentes de viagens, no sentido de mostrar aos clientes que o Egito é um país estável, que não está a ser afetado pela guerra, principalmente na zona que operamos que é basicamente o Cairo, o cruzeiro no Nilo e a parte do sul do país.
Em termos financeiros, que peso é que esta situação teve na Image Tous?
Posso dizer que até ao dia 7 de outubro de 2023 estávamos a ter um ano extraordinário e os últimos meses do ano fizeram com que 2023 tivesse sido apenas um ano razoável porque daquela data em diante tudo parou completamente. Tivemos uma quebra de 20% face àquilo que nós perspetivávamos que ira ser o ano de 2023.
O mês de janeiro começou muito mal mas a partir do meio do mês tem havido recuperação e a Turquia, por exemplo, está a vender-se bastante bem.
Uma coisa que nunca caímos na tentação de fazer foi, em tempo de crise, aumentar os destinos para outras zonas geográficas que não são aquelas pelas quais o mercado nos reconhece
A situação obrigou-vos, de alguma forma, a alterarem o vosso posicionamento no mercado?
Infelizmente para nós, esta guerra é mais uma porque em termos dos destinos que operamos já aconteceu de tudo ao longo dos anos, por isso estamos preparados e sabemos como havemos de reagir. Uma coisa que nunca caímos na tentação de fazer foi, em tempo de crise, aumentar os destinos para outras zonas geográficas que não são aquelas pelas quais o mercado nos reconhece.
Aquilo que fazemos, e fizemos recentemente, foi aumentar as opções dentro dos destinos que temos, para que o agente de viagens perceba que se Israel e a Jordânia estão parados, há outros destinos, como a Turquia, para onde temos um vasto leque de opções para além das clássicas – circuitos que normalmente o marcado não tem e opções diferentes para que o cliente possa conhecer o destino sem ser através do circuito clássico.
O mesmo fizemos com a Índia, para onde também temos imensas opções. Para além do circuito clássico, temos safaris na reserva dos tigres com Kerala, com Varanasi e Nepal, ou seja, temos uma série de opções dentro dos próprios destinos pelos quais o mercado nos reconhece e nós queremos aumentar as nossas ofertas. Queremos que o agente de viagens possa propor aos seus clientes, que agora não estão suscetíveis a viajar para alguns destinos por terem receio, outros produtos dentro do nosso portefólio de destinos, como a Grécia, a Índia, o Vietname e o Camboja que tem uma ótima relação qualidade-preço, ou a Tailândia que tem vindo a recuperar.
Por parte dos clientes tem havido uma resposta favorável no sentido de trocarem o destino para onde estavam a pensar viajar, por outro?
Tem, mas por exemplo, o Egito é um destino único no mundo, que nestas situações nunca para completamente e consegue recuperar com alguma facilidade e é isso que tem estado a acontecer. Nós trabalhamos tanto com voo regular à saída de Lisboa e do Porto como com charters à partida de Madrid e esta operação está normal.
O que acontece muitas vezes é que o agente de viagens que tem clientes para este perfil de destinos e que usa a Image Tours como fornecedor, se o cliente diz que gostava de ir para o Egito mas tem receio, o próprio agente de viagens, acaba por oferecer outra opção dentro do nosso leque de destinos.