Ilha do Faial: Quinta das Buganvílias e o “segredo” mais falado
Deve o nome a uma buganvília centenária que ali existe, há quase tantos anos quanto a própria quinta que hoje lhe falamos e que nos faz perder por entre o verde, nos cerca de dois hectares de terra. Fica em Castelo Branco, na ilha do Faial, nos Açores e é um pequeno pedaço do paraíso: a Quinta das Buganvílias.
Manuel Brum e Luna Berarús são os proprietários desta quinta, que em 1994 decidiram recuperar e transformar em Turismo Rural. Na família há mais de 100 anos, onde a produção de cereais, laranjas e outros frutos eram uma realidade, acabaria por se deteriorar depois do falecimento da avó de Luna.
Foi então que Manuel Brum decide recuperar o património de família, numa altura em que os alojamentos turísticos rareavam na ilha do Faial. Uma obra de recuperação de grande envergadura que à época foi bastante valorizada na região.
Embora Manuel e Luna sejam os proprietários da Quinta das Buganvílias são Ana Oliveira e o marido Pedro quem gerem o espaço desde 2012. Dois lisboetas, ela arquiteta, ele engenheiro agrónomo, que decidem “mudar-se de armas e bagagens” para o Faial.
“O meu marido já conhecia bem a ilha, eu tinha vindo cá de férias, mas nunca na vida pensei vir para aqui morar”, conta ao Turisver Ana Oliveira, acrescentando terem tomado a decisão depois de terem recebido duas propostas de trabalho no espaço de uma semana: “O Pedro para trabalhar no Jardim Botânico e eu vir para aqui. Nem pestanejamos, depois dos anos conturbados de crise e de algumas decisões que tivemos de tomar, viemos logo. Entretanto já se passaram 11 anos que estamos neste sítio excecional”.
Tão excecional que a arquiteta não teve qualquer vontade de alterá-lo quando aqui chegou: “A minha filosofia tem sido a de ir evoluindo passo a passo, à medida das necessidades, sem grandes intervenções, mantendo as caraterísticas da quinta, não intervir muito, mas melhorar”.
A Casa Principal, a Casa de Pedra e o Bar
E foi isso mesmo que aconteceu em 2020, em ano de pandemia Covid-19, quando decidiram fazer algumas obras de ampliação e a pequena antiga cozinha da Casa Principal deu lugar a mais um quarto.
“Inicialmente tínhamos 8 quartos disponíveis, agora passámos a ter mais um quarto. A parte construída da quinta tem duas casas: a Casa Principal, onde moramos e que conta com mais 4 quartos para alugar; a Casa de Pedra, antigo estábulo e armazém, onde temos quatro quartos duplos, um quarto individual, duas salas de estar e respetivas kitchenettes de apoio, ou seja, no fundo são dois apartamentos, mas que se não forem alugados como tal, podemos alugar os quartos individualmente e os hóspedes partilham as kitchenettes; e depois temos um pequeno edifício que é uma atafona (antigo moinho movido com a ajuda de animais), onde temos um ‘honest bar’ e a sala dos pequenos-almoços e construímos uma esplanada, com um acesso ao exterior ainda mais digno para os hóspedes”, descreve Ana Oliveira.
O pequeno-almoço está incluído na tarifa e segundo a nossa interlocutora “é o melhor do mundo, não porque eu digo, mas porque é descrito nos comentários dos hóspedes”.
O sumo de laranja natural, produzida na quinta, é presença assegurada na refeição matinal, mas também os doces caseiros feitos com as frutas que ali nascem, os ovos, pão variado, muita fruta, queijos açorianos, carnes frias, manteiga, leite, café, entre outras delícias.
A sala onde é servido o pequeno-almoço transforma-se mais tarde em “honest bar”, onde os hóspedes podem passar momentos tranquilos e saborear uma bebida a seu gosto como nos conta Ana: “Os hóspedes servem-se, apontam o que beberam e no final da estadia pagam”.
O “segredo” mais falado da Quinta das Buganvílias
A apenas 9km da cidade da Horta, a 600 metros do aeroporto e a 15 km do conhecido Vulcão dos Capelinhos, a Quinta das Buganvílias é o ponto de partida para muitas visitas e aventuras, quer seja de carro, de bicicleta ou mesmo a pé, atividades e momentos de entretenimento não faltarão a quem por ali pernoitar.
Embora o espaço convide à quietude e ao repouso, ladeados pelo verde das inúmeras árvores exóticas e de frutos que ali crescem há vários anos, dos “muros” de camélias e das muitas buganvílias, tendo o mar e a ilha do Pico como postal no horizonte próximo, a aventura pode começar ali mesmo para quem gosta de desafios.
“No limite da quinta fica uma ribeira e quando construíram o aeroporto da Horta, tiveram de fazer um túnel de escoamento de água dessa mesma ribeira. O túnel tem 400 metros e para os mais aventureiros é possível percorrê-lo a pé até chegarmos ao mar. É realmente fantástico”, revela Ana, que aponta este “segredo da quinta” como uma das atividades sugeridas aos hóspedes.
Depois, bem, depois podem visitar o morro de Castelo Branco, ideal para quem gosta de fazer caminhadas, dar um mergulho nas piscinas naturais daquela localidade ou, se optarem por outras aventuras percorrerem os vários trilhos que a ilha oferece, observar cetáceos, visitar o Museu da Baleia ou a Caldeira, entre muitas outras sugestões.
Apesar dos principais mercados que visitam a Quinta das Buganvílias serem o alemão e o francês, seguido do italiano, belga e holandês, Ana Oliveira afirma que os portugueses começam a procurá-los, principalmente depois da pandemia, mas ainda assim a política seguida pelo mercado nacional de “marcar em cima da hora”, deixa-os muitas vezes sem grandes opções, já que os alemães têm por hábito marcar as estadias com muitos meses de antecedência.
“Também é verdade que trabalhamos há muitos anos com agências de viagens alemãs, que acabam por nos enviar muitos clientes”, reforça a arquiteta.
Uma coisa é certa, sejam estrangeiros ou nacionais, os hóspedes da Quinta das Buganvílias têm, por certo, razões suficientes para usufruírem deste espaço onde o silêncio impera.
Contactos
Quinta das Buganvílas, 28A.
9900-330 Castelo-Branco Horta, Faial
Telm.: +351 918 197 755
Tel.: +351 292 943 255
http://quintadasbuganvilias.com
Preços: Quarto single, desde 45€ (época baixa); desde 75€ (época alta)
Quarto duplo, desde 69€ (época baixa); desde 99€ (época alta)