Hotelaria representou 15% do investimento em imobiliário até setembro

Os dados são do ‘Marketbeat Outono 2022’ da consultora Cushman & Wakefield. Segundo o relatório, o setor hoteleiro representou 15% do total investido em imobiliário comercial de rendimento, com predomínio do capital estrangeiro, embora o capital nacional esteja em “trajectória positiva”.
“A recuperação da atividade de investimento em imobiliário comercial de rendimento registada durante o ano de 2021 continuou durante o primeiro semestre de 2022, com um volume na ordem dos 615 milhões de euros, cerca de 6% acima do volume registado no período homólogo de 2021”, realça o relatório.
De acordo com o documento, “algumas das transações de maior volume que estavam previstas para o segundo trimestre do ano acabaram por ser concluídas apenas no terceiro trimestre, atingindo um volume total transacionado de 1.656 milhões de euros entre janeiro e setembro e refletindo um aumento de 27% face ao mesmo período de 2021”. Assim, “com 39 operações registadas este ano, que comparam com 41 transações registadas no período homólogo, o valor médio por transação aumentou para os 42 milhões de euros”.
Segundo a empresa, “manteve-se o significativo peso das transações de grande dimensão” com os quatro maiores negócios a representar 45% do volume investido”. O que também se manteve foi o domínio dos investimentos de capital estrangeiro, que representaram “74% do volume total investido em imobiliário comercial”. Ainda assim, o capital nacional manteve “uma trajetória positiva, atingindo no período em análise os 430 milhões de euros”.
Por sectores, a hotelaria “agregou 15% do volume total investido” por influência da “aquisição do Pestana Blue Alvor Hotel pela Azora ao Grupo Pestana por um valor entre os 75 e os 85 milhões e pela compra do Novo Banco do portfólio de hotéis Aqualuz Tróia (Mar & Rio) & The Editory By The Sea à Sonae Capital por 34 milhões”.
A evolução muito positiva da actividade turística em Portugal ao longo dos sete primeiros meses do ano, catapultou os investimentos. Assim, segundo o relatório, desde o início do ano, foram inaugurados em Portugal perto de 35 unidades hoteleiras, trazendo ao mercado 2.080 quartos, cerca de 42% dos quais com classificação quatro estrelas. Os concelhos de Lisboa e Porto concentram a maior parcela desta nova oferta, com 15 novas unidades hoteleiras num total de 1.020 unidades de alojamento. Entre as novas, o estudo destaca o W Algarve (5 estrelas), o Pestana Douro Riverside (5 estrelas), o Hyatt Regency Lisboa (5 estrelas) e o The Editory Riverside Santa Apolónia Hotel (4 estrelas).
Lisboa
Registaram-se oito novas aberturas de estabelecimentos hoteleiros, num total de 570 quartos, distribuídos maioritariamente entre unidades de 4* e 5*.
Até final de 2024 estão previstos mais 20 hotéis com 2.020 camas, com maior preponderância da oferta de 5* e 4*, que respetivamente representam 43% e 31% da oferta anunciada. Entre estes, destacam-se o Radisson RED Lisbon Olaias (4 estrelas) com 290 quartos e o Meliá Lisboa (5 estrelas) com 240 quartos.
Em relação à oferta futura, encontram-se em fase de projeto e/ou construção cerca de 115 novos projetos hoteleiros que totalizam 10.000 quartos, com abertura prevista para os próximos três anos, maioritariamente em Lisboa e Porto e em hoeis de quatro e cinco estrelas.
Porto
Nos primeiros sete meses de 2022, a cidade do Porto contou com sete novas aberturas de unidades hoteleiras, sendo seis de 4*, totalizando 410 novos quartos. Entre estas, o relatório destaca o Sé Catedral Hotel Porto com 80 quartos e o The Editory Boulevard Aliados Porto Hotel com 70 quartos.
Nos próximos 3 anos está prevista a abertura de mais oito unidades com 830 quartos, dos quais cerca de 60% serão em hotéis de 4*. Entre as aberturas previstas, destamse o The Renaissance Park Hotel (4 estrelas) do grupo Marriot International com 170 quartos e o Oporto Story Hotel (5 estrelas) com 120 quartos.
Perspetivas 2023
De acordo com a consultora, “o aumento do custo do dinheiro propiciará vias alternativas de financiamento, antecipando-se assim um contexto favorável para o surgimento de Sale & Lease-Backs | Management Backs ou até mesmo fusão de plataformas operativas”.
Eric van Leuven, diretor-geral da consultora em Portugal, alerta que “no ano que se avizinha, a guerra da Ucrânia e as suas consequências a vários níveis irão continuar a contribuir para um clima de instabilidade da Europa e, consequentemente, menos propensão ao investimento”, acrescentando que “o abrandamento da atividade e a subida das ‘yields’, já hoje sentidos na maior parte da Europa, deverão também chegar a Portugal”.
“Por outro lado, o mercado português tem muitos fatores atenuantes a seu favor, nomeadamente uma forte procura, sobretudo nos setores de escritórios e logística, sendo que o país continua a atrair empresas que pretendem instalar-se em Portugal, num contexto de falta de oferta de espaços de qualidade, o que nos faz prever aumentos de rendas”, sublinhou.