Hotelaria algarvia paga acima da média da economia regional, revela estudo

Apresentado esta quarta feira, o estudo “O Capital Humano na Hotelaria e Empreendimentos Turísticos do Algarve”, resulta da colaboração entre a AHETA e o KIPT Inovação e Turismo Laboratório Colaborativo.
Tendo em vista contribuir para quantificar a escassez de mão de obra no turismo e aferir como se pode e deve reforçar o capital humano no turismo, o estudo foi suportado numa amostra representativa de 54% da capacidade de alojamento na região, 52% da procura turística (medida em número de dormidas) e 34% do emprego na região.
De acordo com o estudo apresentado esta quarta feira pela AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve e pelo KIPT, as necessidades de recursos humanos internos, até ao final do próximo ano, variam, nas empresas inquiridas, entre os 4.484 e os 7.906, o que significa um acréscimo de 45%. Ainda assim, segundo o estudo, “um crescimento de 25% é razoável para assegurar a operação, com recursos internos nos empreendimentos turísticos em Julho”.
Alimentação e bebidas, alojamento e manutenção são as áreas em que as dificuldades de contratação de mão de obra estão a ser mais evidentes, apesar das melhorias progressivas que têm vindo a ser introduzidas pelo setor nas condições de trabalho, especialmente no que concerne à estabilidade e aos salários praticados.
A propósito das remunerações, o estudo revela ser já “evidente a prevalência de salários acima do salário mínimo nacional entre os estabelecimentos inquiridos”, com um valor médio a rondar os 1.013€ em 2022 na amostra que serviu de base ao estudo. Este valor é “1,7 vezes superior ao que os mesmos empreendimentos pagavam em 2015”, sublinha o documento, referindo que “os salários na hotelaria em 2019 já eram superiores aos salários médios da economia algarvia e da hotelaria regional”.
Também os contratos sem termo ou termo incerto, que representavam 51% do total em 2019”, não vão agora além dos 42% o que reflete “estabilidade e capacidade de retenção”.
“Em síntese, pode dizer-se que, pese embora uma evolução recente favorável do capital humano nos empreendimentos turísticos algarvios no período estudado, este período pós-pandémico trouxe novos desafios significativos, designadamente a dificuldade de recrutamento e de retenção de trabalhadores onde o fator custo da habitação tem um peso significativo”, sublinha Helder Martins, presidente da AHETA, numa nota enviada à nossa redação.
Ainda assim, e “embora o setor pareça hoje mais apto do que no passado para enfrentar esses desafios, as dificuldades, presentes e as que se avizinham, constituem um importante repto, mas também uma oportunidade para inovar na gestão de recursos humanos e também para fazer destes um fator (ainda mais) determinante para a inovação e para a excelência”.