Highgate Portugal está a “procurar e a estudar novas oportunidades de negócio” afirmou Alexandre Solleiro
Em conferência de imprensa, esta segunda-feira, o CEO da Highgate Portugal fez o balanço das atividades desenvolvidas durante o ano de 2023 e traçou perspetivas para 2024 que acredita venha a ser “um ano interessante” para o grupo. Avançou ainda que a empresa está à procura de novas oportunidades de negócio no país.
A Highgate Portugal iniciou a atividade em 29 de dezembro de 2022, quando foi fechada a compra dos ativos turísticos dos fundos geridos pelo consórcio ECS. O portefólio adquirido integrava 18 hotéis num total de 2.600 quartos, distribuídos pelo Algarve (12 hotéis), região de Lisboa (2 hotéis), Porto/Gaia (3 hotéis) e Ilha Terceira nos Açores (1 hotel) bem como três campos de golfe (um nos Salgados e dois na Herdade do Morgado).
Ao longo do ano passado, a Highgate Portugal desenvolveu um trabalho em quatro áreas diferenciadas que contribuíram para os bons resultados obtidos, tanto ao nível da ocupação como do preço médio e das receitas. Precisando estes resultados, o CEO da empresa avançou que a ocupação cresceu 7% para uma média 65%, (+7 pp do que em 2022) valor que inclui os cinco hotéis fechados durante quatro meses e que, segundo o responsável “está acima da média do Algarve e de Portugal”. Já o preço médio subiu 8% e as receitas cresceram 15%.
“Desde o início, a nossa atuação foi em dois sentidos: implementar, de imediato, o revenue management da Highgate para começarmos desde logo a tirar o máximo resultado possível dos hotéis e, em paralelo, reprogramar o posicionamento e investimento nos hotéis, de forma a cumprir o plano que tinha sido delineado para a aquisição que era o de reposicionar os ativos que são muito bons e que, tendo em conta o seu histórico, necessitavam de investimento para poderem acompanhar o ritmo de desenvolvimento do turismo cá em Portugal e também se valorizarem”, explicou Alexandre Solleiro.
No que se refere ao Revenue Managment, Marketing e Vendas, foi criado um plano de transição e instalados os sistemas mais modernos da Highgate; foram refeitos todos os websites dos hotéis com o objetivo de “ir buscar mais clientes diretos”, o que “teve resultados imediatos”, com a penetração das reservas diretas a passar de 18% em 2022 para 29% em 2023, o que, segundo o responsável, “acresceu na rentabilidade, porque as vendas diretas são mais rentáveis do que as vendas intermediadas”.
“Na Highgate existe uma cultura muito forte focada no RH, que foi dada a conhecer aos trabalhadores, ao mesmo tempo que foram investidos cerca de meio milhão de euros na melhoria das instalações usadas pelas equipas e na aquisição de equipamento essencial para o desempenho das tarefas“
A segunda área prioritária foram os recursos humanos. “Na Highgate existe uma cultura muito forte focada no RH, que foi dada a conhecer aos trabalhadores, ao mesmo tempo que foram investidos cerca de meio milhão de euros na melhoria das instalações usadas pelas equipas e na aquisição de equipamento essencial para o desempenho das tarefas.
Outra estratégia implementada tem a ver com a mensagem ‘Make your Mark’ destinada aos colaboradores e que se prende com a autonomia que lhes é dada para que possam “deixar a sua marca no momento certo para que os clientes estejam plenamente satisfeitos na sua estadia”.
Ainda no que se refere aos RH, está agora a ser desenvolvida uma série de programas de formação de recrutamento “para que possamos dar respostas mais adequadas a um dos grandes problemas atuais da hotelaria, que é a falta de recursos humanos”.
Foi também lançado, em 2023, o programa ‘Eco Wheels’ para ajudar as pessoas no seu transporte para os hotéis do grupo, financiando a partilha de carros e bicicletas.
A Highgate Portugal está também a trabalhar no sentido de arranjar alojamento para os trabalhadores, com Alexandre Solleiro a avançar que está a ser desenvolvido um programa para que seja possível superar esta dificuldade.
Outro pilar em que assentou o trabalho desenvolvido o ano passado teve a ver com a eficácia e a eficiência operacional. Neste sentido, estão a ser instalados “sistemas de backoffice novos RPs de business intelligence” para garantir aos hotéis recursos que lhes permitam ter uma “gestão mais eficaz e uma previsibilidade maior e melhor do que vai acontecer nos meses seguintes. É um investimento enorme no qual investimos mais de meio milhão de euros”, precisou
O quarto pilar teve a ver com os indicadores ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), onde já se viram bons resultados, contando o grupo já com seis unidades certificadas pela Biosphere.
No que se refere à gestão energética, Alexandre Solleiro sublinhou a mudança para energia limpa e a colocação de painéis solares em seis unidades no Algarve que vão ser responsáveis por uma redução de 25% em consumo de energia da rede.
Já ao nível da gestão do consumo de água sublinhou que “o campo de golfe dos Salgados já é um campo que é 100% sustentável” que utiliza “água dos esgotos após tratamento”.
“2024 não será um ano com o mesmo nível de crescimento que o ano de 2023 teve em relação a 2022”
Traçando uma perspetiva sobre o ano em curso, o CEO da Highgate Portugal começou por afirmar que “2024 não será um ano com o mesmo nível de crescimento que o ano de 2023 teve em relação a 2022”. Ainda assim, face a todo o trabalho feito pelo grupo durante o ano passado ao nível do revenue management, de marketing e de vendas, Alexandre Solleiro acredita que “será um ano interessante”, esperando um crescimento “um bocadinho acima da média”.
Para lá do portefólio que já detém, a Highgate Portugal continua “ativamente” a procurar e a estudar novas oportunidades de negócio. Tanto assim que já na próxima semana vai ser lançado o “recrutamento de uma pessoa para fazer development”. Referindo que a Highgate “cresce através de unidades já existentes ou de hotéis que já estão em construção e não pela construção de novas unidades”, Alexandre Solleiro adiantou que “não é nosso interesse comprar terrenos para construir hotéis”.
Respondendo a uma questão dos jornalistas, o CEO da empresa confessou que o grupo já tem “uma lista de hotéis com quem estamos a conversar”, escusando-se, no entanto, a revelar pormenores. Ainda assim adiantou que para as novas unidades que estão a buscar “queremos mercados portugueses consolidados que sejam pouco sazonais como o Porto, Grande Lisboa, Algarve e Madeira”. Por outro lado “têm que ser hotéis com uma certa capacidade, acima dos 100 quartos, porque as nossas soluções de gestão requerem uma certa capacidade de geração de receitas”. O que não está em causa é a categoria dos hotéis, que pode ser de três, quatro ou cinco estrelas, de mercado de resort ou urbano “porque nós temos soluções para todos”.
A situação será diferente no caso de se tratar da aquisição de um portefólio como aconteceu quando foi adquirida a NAU: “Neste caso vieram hotéis grandes e pequenos e pode acontecer que adquiramos um portefólio em que venham alguns hotéis pequenos”, esclareceu Alexandre Solleiro.