Havana, Trinidad e Cayo Santa Maria… “Volveremos por supuesto” (Parte II)
Na primeira parte deste texto falámos das cidades de Cienfuegos e Trinidad e também de Cayo de Santa Maria, três dos locais que visitámos em Cuba, a convite do operador turístico Solférias. Também demos uma rápida “pincelada” sobre Havana, cidade onde aterrámos e de onde partimos para o périplo cubano. A Havana regressámos no final da viagem e dela falamos agora.
Por Sandra M. Pereira
Já lhe demos conta, na primeira parte desta reportagem, que as estradas em Cuba não são muito más, no entanto, por vezes podem acontecer contratempos, como um furo no pneu. Pois bem, foi isso mesmo que nos aconteceu, mas sem incidentes de maior. Rapidamente o nosso motorista e alguns colegas arregaçaram mangas e mudaram o pneu, para continuarmos viagem até à capital cubana.
Havana, uma dança entre o velho e o novo
Chegámos de noite à capital cubana, uma vez mais. Estamos no Hotel Iberostar Parque Central, bem no centro de Havana e a escassos minutos a pé do tão conhecido Capitólio, um dos edifícios mais emblemáticos, cuja construção teve início em 1926 por Gerardo Machado. Idêntico ao Capitólio de Washington D.C., nos Estados Unidos, o Capitólio Nacional de Cuba, declarado Monumento Nacional em 2010, demorou mais de três anos a ser construído, num investimento de 17 milhões de dólares americanos. Já foi sede do Congresso Cubano, mas a partir de 1959 alberga a Academia Cubana de Ciências e a Biblioteca Nacional de Ciência e Tecnologia.
A sua cúpula dourada pode ser vista de vários terraços na cidade e pode ser visitado, mas desta vez só tivemos tempo para a fotografia da praxe.
A música ecoa nas várias ruas de Havana, ouvem-se as pessoas que deambulam sem nenhum destino marcado. Os carros clássicos dos anos 50 circulam pelas estradas, deixando no ar um cheiro de gasolina “queimada”.
“Olá, que tal? És de Portugal, Espanha?” perguntam-nos enquanto atravessamos a estrada em direção ao Paseo del Prado. É domingo, neste longo passeio com um quilómetro de distância dispõem-se artistas locais, que se uniram numa associação e ali expõe os seus trabalhos. São as cores quentes de Cuba que nos chamam a atenção. Falamos com alguns destes artistas. Maria já veio a Portugal, num intercâmbio de artistas. Esteve em Lisboa e no Porto na casa de famílias portuguesas e teve oportunidade de ensinar a dançar músicas cubanas (a salsa, a rumba ou o bolero) e alguma gastronomia (arroz de feijão, leitão, frango assado, arroz com leite [uma espécie de arroz-doce], marmelada de goiaba e queijo e pudim flan). Compram-se “regalos” para trazer para Portugal. Não precisa trocar euros, pois em Cuba aceitam-nos, assim como dólares. Aconselhamos a que leve notas pequenas e moedas, pois se tiverem de receber o troco em pesos (moeda cubana) facilmente os gastam.
Neste longo passeio vamos vendo os prédios, alguns recuperados, outros como se de um cenário de guerra se tratasse. A cidade tem 3.000 prédios para recuperar, sendo que até agora só 500 tiveram essa sorte.
Não é fácil descrever Havana, se por um lado existem prédios e monumentos maravilhosos, por outro lado a cidade grita por socorro, presa num tempo que não é o seu, mas que ao mesmo tempo lhe dá o charme e o contraste únicos que só em Cuba encontramos.
La Habana Vieja e a Praça da Revolução
Como já aqui lhe dissemos, desta vez não tivemos muito tempo para conhecer a fundo esta cidade maravilhosa, no entanto, passeámos nos carros clássicos e demos um breve passeio por La Habana Vieja (Havana Velha), passámos pelo Castelo da Real Força, construído entre 1558 e 1577, situado no lado virado para o mar na Praça de Armas, tendo sido declarado Património da Humanidade pela UNESCO. Hoje alberga o Museu da Fortaleza.
Mais à frente tempo ainda para ver o Palácio dos Capitães Gerais e o Palácio del Segundo Cabo, enquanto ouvimos em música de fundo os sons cubanos. Neste quarteirão encontramos ainda o Hotel Ambos Mundos, onde o escritor norte-americano Ernest Hemingway ficava no quarto 511, passando ainda tempo na Bodeguita del Medio bebendo mojitos. Outro dos locais consagrados pelo escritor era a Floridita, onde bebia o Daiquiri. Existe mesmo o Daiquiri Papa, confecionado de propósito para Hemingway, sem açúcar e com mais rum, uma vez que este era diabético, conta-nos a nossa guia.
Do outro lado da rua do Hotel Ambos Mundos, curiosamente, surge o café que o também escritor português Eça de Queiroz frequentava, durante os anos em que foi Cônsul em Cuba, entre 1872 e 1874.
A Catedral de São Cristóvão de Havana, na Praça da Catedral é também ponto de paragem obrigatório. A sua construção começou em 1748 e só em 1788 a igreja foi convertida em catedral. Foi aqui que os restos mortais de Cristóvão Colombo ficaram até 1898.
Por fim, uma referência especial à Praça da Revolução, uma das maiores praças públicas do mundo, com 72 mil metros quadrados, cenário dos principais acontecimentos da Revolução de Cuba. Projetada pelo urbanista francês Jean Claude Forestier na década de 1920, podem ver-se as figuras gigantes de Camilo Cienfuegos e de Che Guevara. No centro da praça está o Memorial José Martí – considerado um herói nacional pelo papel que desempenhou na libertação do país sob Espanha -, com 142 metros de altura e 78,50 metros de diâmetro. É a estrutura mais alta de Havana, não estando permitida a construção de outro prédio mais alto do que aquele.
E é com esta imagem que nos despedimos de Cuba para regressarmos mais uma vez com a Air Europa a Portugal. “Volveremos, por supuesto”.
Leia a 1ª parte da reportagem aqui.