Havana, Trinidad e Cayo Santa Maria… “Volveremos por supuesto” (Parte I)

O Turisver esteve em Cuba a convite do operador turístico Solférias para uma viagem de familiarização do destino, que levou ainda 10 agentes de viagens, de norte a sul de Portugal, entre 13 e 21 de maio. Havana, Trinidad e Cayo Santa Maria foram alguns dos locais que pudemos visitar e de que agora lhe damos conta.
Partimos de Lisboa, no voo das 11h35 com a Air Europa, em direção a Madrid (Espanha), para mais tarde continuarmos viagem rumo ao aeroporto Internacional José Martí em Havana, a capital cubana, onde pernoitámos no hotel Meliã Cohiba.

Para muitos é a primeira vez que ali estão e a curiosidade é imensa. Depois de um voo de 10 horas, é de noite, mas apesar da escuridão conseguimos decifrar a amálgama de casas baixas e prédios altos e de carros cujos anos já se perderam na contagem. Velho e novo convivem e confundem-se na paisagem, que ao despertar de um novo dia se mostra com melhor nitidez.
Do alto do hotel onde pernoito vejo agora o estado de degradação de algumas das casas que nos circundam e fico à espera de mais deste quadro que parece ter parado no tempo. Terei oportunidade de o ver mais detalhadamente, ainda que, com pena minha tenha sabido “a pouco”, pois Havana tem muito que visitar e sobretudo para viver, tenhamos nós vontade para tal. Mas já cá voltamos… por agora temos de partir rumo a Trinidad.
A hora de saída em autocarro está prevista para as 9h00, mas a onda de calor que tem assolado o país nos últimos dias leva-nos a antecipar a partida em uma hora. A acompanhar-nos estão Ernesto e Eylin, o motorista da Transtur e a guia da Cubatur, respetivamente.
Paragem em Cienfuegos
As estradas em Cuba não são excecionais, mas também não são más de todo. A viagem até Trinidad faz-se sem percalços, sendo o Circuito Sul a melhor maneira de lá chegar para quem sai de Havana.
Antes de chegarmos a Trinidad que era o nosso destino, passamos pela cidade de Cienfuegos, que preserva ainda a sua arquitetura que nos transporta à França do século XIX, ou não fora o seu fundador, um emigrante francês, de seu nome Don Luis D’ Clouet, estávamos em 1819.


Património Mundial da UNESCO desde 2005, a cidade de Cienfuegos, que tem a maior baía natural de Cuba, é conhecida como “Pérola do Sul de Cuba”. O Parque José Martí, o Paseo del Prado, o Arco do Triunfo (numa menor dimensão), a Catedral de la Purísima Concepción, e o Palácio do Governo são apenas alguns dos muitos pontos de interesse que podem visitar-se nesta cidade, cujo nome é o mesmo que a província.
Foi junto do Palácio do Governo que tivemos oportunidade de parar por breves minutos para uma fotografia de grupo. Naturalmente somos abordados por alguns cubanos, que nos querem vender tabaco, mangas e que se põem a adivinhar de onde vimos. Durante toda a nossa estada por terras cubanas não sentimos insegurança, apesar de nos abordarem amiúde, ora para venderem todo o tipo de produtos, ora para nos pedirem “pesos” – a moeda oficial de Cuba.
Localizado perto do Parque José Martí, o Palácio do Governo é o edifício mais emblemático daquela cidade, cujas origens remontam a 1819. Em 1840 viria a ser expandido e dois anos mais tarde funcionava já como residência presidencial, câmara municipal e prisão. As suas remodelações foram constantes até 1950. De estilo colonial neoclássico, apresenta uma cúpula inspirada na Catedral de Santa Maria del Fiore em Florença, na Itália.
Paragem feita, fotos tiradas, explicações dadas e está na altura de regressarmos ao autocarro para continuarmos caminho até Trinidad, a terceira cidade mais antiga de Cuba, conhecida pelas suas ruas de paralelepípedos e arquitetura colonial.
Trinidad cidade-museu
Também ela declarada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1988, Trinidad é considerada cidade-museu pela sua arquitetura colonial dos séculos XVIII e XIX. Calcorrear as suas ruas estreitas e empedradas, com as suas casas que nos transportam a tempos idos é quase que uma viagem na cápsula do tempo, esperando que a qualquer momento nos surja pela frente um daqueles coronéis das fazendas de café ou da cana do açúcar.
As igrejas sucedem-se pelo caminho, como a Igreja Paroquial da Santíssima Trindade, construída entre 1817 e 1892, na Plaza Mayor de Trinidad. É aqui também que encontramos o centro nevrálgico da cidade e as casas senhoriais outrora residência das principais famílias daquela cidade – Iznaga, Borrel e Brunel-, que no auge da produção de açúcar ganhou ainda mais vida. Hoje foram transformadas em museus que podem e devem ser visitados, como o Museu de Arqueologia Guamuhaya na Casa Padrón, o Museu de Arquitetura (também conhecido por Casa Azul), o Museu Romântico ou Palácio Brunet (o primeiro a ser inaugurado em 1973).



De destacar ainda o Museu Municipal de Trinidad ou Palácio Cantero, inaugurado em 1980 e que conta a história da cidade desde a sua fundação. Já no antigo Convento de São Francisco, de onde nos vigia uma das torres símbolo da cidade, encontra-se o Museu Nacional dos Bandidos, que exibe fotografias, mapas e armas dos combates das milícias de Fidel Castro. Tenha apenas em atenção que às segundas-feiras os museus estão encerrados.
Trinidad é também conhecida pelas suas torres, uma das quais já lhe falamos mais acima, a outra é a Torre Manaca-Iznaga que fica a 15 km daquela cidade, no Valle de los Ingenios (ou Vale dos Moinhos de Açúcar), com 45 metros de altura, de onde os escravos eram vigiados nos cerca de 40 engenhos existentes à época. Foi, aliás, a indústria açucareira que contribuiu para a expansão económica da cidade.



Mas nem só de museus vive Trinidad, aproveite para aprender como se fazem os famosos charutos Partagas ou Romeu y Julieta e se pretender beber um copo ou dar dois pezinhos de dança saiba que pode fazê-lo em segurança. Nós experimentámos a Cancháchara na La Bodeguita del Medio (há outra em Havana, a mais conhecida), uma bebida típica de Trinidad que era dada aos escravos para curar maleitas, numa mistura de mel com cachaça e açúcar. A música ao vivo é uma constante na escadaria junto à Igreja Paroquial da Santíssima Trindade até à meia-noite. Uns metros adiante encontra-se o Palanque dos Congos com dançarinos e cantores. A Casa de la Trova e a Discoteca “La Cueva” são também locais de diversão.

Por vezes pode faltar a luz e o espetáculo ter de ficar a meio, mas não se assuste, acenda a lanterna do telemóvel e ande uns metros que encontrará outro “poiso”. No nosso caso quisemos regressar ao hotel e chamámos uma espécie de uber/táxi ali da zona. Depois de alguns metros a caminhar à luz do telemóvel lá encontrámos o nosso motorista, o “Amen” e o seu carro antigo que nos levou até ao nosso destino.
Cayo Santa Maria, onde o azul do mar é indiscritível
Já conheço alguns países neste mundo, mas nunca tinha encontrado praias de areia tão branca e suave nem mar tão azul e quente como este.
Estamos de regresso à estrada, esperam-nos cinco horas de viagem de autocarro até ao próximo destino: Cayo Santa Maria. Destino que vale cada quilómetro percorrido. E se as praias até agora por nós visitadas já eram motivo de postal, as próximas são de tirar o fôlego.
Esta é a maior ilhota que Cuba tem e fica localizada no arquipélago de Cayerías del Norte. Recorde-se que a República de Cuba é constituída pela ilha de Cuba, ilha da Juventude e 4.195 pequenas ilhas.



O mais esplendoroso mesmo é a estrada com cerca de 48 quilómetros que temos de atravessar desde Caibarién até Cayo Santa Maria. Chamam-lhe Pedraplén esta estrada que parece levitar sobre o mar, atravessando as águas da Baía de Buena Vista, e que é considerada o maior viaduto do mundo, contendo 45 pontes que permitem que fauna e flora se desenvolvam livremente. Uma obra que já lhe valeu o galardão da 7.ª edição do “Prémio Internacional Ponte de Alcántara”. É também através deste viaduto que se pode chegar a outros Cayos, como o Cayo Ensenachos e o Cayo Brujas.
As praias, essas como já lhes dissemos, são de cortar a respiração, estendendo-se por grandes áreas. As areias são brancas e finas, o mar é cálido e as praias sucedem-se, sendo as mais conhecidas as de Las Brujas, Ensenacho, Praia Las Salinas, Praia Perla Branca, Praia Santa Maria, entre outras.
É aqui também que encontramos vários resorts em regime “Tudo Incluído”. Seja para famílias ou só para adultos, cada um tem a sua praia e serviços únicos de que lhe falaremos num outro artigo. Por agora a palavra de ordem é: descanso.
E o tempo urge, depois de dois dias no Cayo Santa Maria está na altura de partir rumo a Havana, esperam-nos seis horas de autocarro e uma peripécia, pois viagens sem aventuras não ficam na memória. Mas desta peripécia e da cidade de La Habana vamos falar na segunda parte desta reportagem.
Leia a 2ª parte da reportagem aqui.