“Há que reerguer rotas, operações charter e até destinos”, diz o presidente da APAVT
O presidente da APAVT espera um verão muito semelhante ao de 2019, particularmente no lazer. Falando com a imprensa à margem da apresentação da campanha de comunicação da Associação, Pedro Costa Ferreira, considerou, no entanto que a recuperação da oferta será mais lenta.
Depois de uma Páscoa que foi boa, mesmo melhor do que em 2019 em alguns destinos e hotéis e também em alguns operadores turísticos “esperamos um verão muito próximo de 2019. Os números aproximam-se, dia a dia, dos números de 2019, as dificuldades no aeroporto de Lisboa já são visíveis como em 2019 e há aqui um óbvio regresso à normalidade”, afirmou o presidente da APAVT à margem da apresentação da campanha de comunicação “Não deixe as suas férias virar um pesadelo”, lançada esta terça feira pela Associação.
Frisando que “o setor chega ao dia de hoje com uma operação turística que está a morder os calcanhares da de 2019 e com novas oportunidades quer ao nível do corporate quer ao nível do lazer”, Pedro Costa Ferreira admitiu que se verificam “alguns aumentos de preços”, por via da subida de preços dos combustíveis mas defendeu que o poder de compra dos consumidores, neste momento, consegue suportá-los: “Sente-se que há mais poder de compra do lado dos consumidores devido à poupança forçada ao longo da pandemia”.
O que preocupa o presidente da APAVT é saber como é que a oferta vai conseguir responder a uma procura que considerou “pujante”. Isto porque, considerou, a recuperação da oferta não vai ser tão rápida, apesar de ser, também, evidente: “Há que reerguer rotas, operações charter e até destinos”, alertou. Apesar de isto não significar que vá faltar oferta no mercado, Pedro Costa Ferreira admitiu, no entanto, que “se 2022 não atingir os números de 2019 é por causa da maior lentidão do regresso da oferta relativamente à procura”.
Considerou mesmo que o verão de 2022 poderá ser mais positivo do que o de 2023, ano para o qual se começam a desenhar dificuldades ao nível da inflação e da subida de taxa de juros que poderão impactar negativamente no bolso dos consumidores. “Tenho a sensibilidade que 2022 vai ser melhor do que 2023 porque nós já temos inflação mais ainda não temos o efeito da inflação naquilo que é mais importante no orçamento das famílias que são os empréstimos da habitação – havemos de o ter quando subirem as taxas de juro” o que pode levar a “uma recessão ou crise económica do lado do consumo em 2023 o que, naturalmente, afetará as viagens”.
Se no lazer há evidências se poderem ser atingidos os níveis de 2019 ou, pelo menos, ficar muito próximo, no MICE os desenvolvimentos, embora não tão evidentes em termos de grandeza, “fazem prever um crescimento rápido daqui a uns meses”. A crescer está também o corporate “mas com menor ritmo e com menor ambição” e o presidente da APAVT apontou razões para isso: por um lado “as maiores empresas do mundo já decidiram que vão viajar menos por questões de sustentabilidade” e, por outro lado, há destinos na Ásia e agora também na Europa de Leste que continuam fechados.
Preocupação que também existe na APAVT é a da falta de recursos humanos porque embora não seja muito sentida das agências de viagens, é sentida pelos fornecedores. “Esse é um problema gravíssimo” e com consequências ao nível da qualidade de serviço e “nós temos que cuidar da nossa qualidade”. Assim, disse, “ou crescemos em segmentos que não nos interessam ou perdemos quota de mercado porque não seremos capazes de entregar aquilo que os consumidores pedem”.
Para Pedro Costa Ferreira, não há como fugir à questão da falta de recursos humanos, até porque “há problemas de qualidade, de timing de resposta em todo o lado, no turismo como um todo, no aeroporto onde temos falta de mão de obra para as bagagens, para o catering, até para as limpezas e para as lojas”. Ainda assim, lembrou que o problema é transversal a toda a Europa.