Grupo Vila Galé: 2022 será de recuperação mas ficará ainda abaixo de 2019
No ano em que inicia a construção de quatro novos hotéis em Portugal, o Grupo Vila Galé espera, “se tudo correr bem”, uma recuperação mais acentuada dos seus resultados, perspetivando, no entanto, que as receitas fiquem ainda 10% a 15% abaixo das de 2019.
Em conferência de imprensa no passado dia 23 de Fevereiro, no renovado Hotel Vila Galé Estoril, Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo, começou por referir-se aos resultados de 2021, um ano que “embora melhor do que 2020”, foi “ainda bastante difícil para o setor do turismo”, principalmente em comparação com 2019.
De acordo com os dados avançados, o Grupo terminou o ano de 2021 em Portugal com receitas de 59 milhões de euros, um número que reflete uma quebra de 48% a 50% face aos anos pré-pandemia e “mais ou menos em linha com o que foi a realidade do resto do país”. Apesar disso, 2021 foi muito do que 2020, ano em que “tínhamos caído perto de 70% face ao período de pré pandemia”.
Entre os dois anos mais negros do turismo, a operação teve diferenças também ao nível dos mercados. “Se tínhamos tido um primeiro ano da pandemia quase exclusivamente assente no mercado nacional – pelo menos desde março, quando começou a pandemia, quase não houve estrangeiros em Portugal -, no ano de 2021 já se começou a sentir alguma retoma dos mercados internacionais, principalmente nos meses de Agosto a meados de Novembro”.
Inversão de mercados
Assim mesmo, o aumento dos mercados internacionais assentou basicamente nos mercados europeus, não tendo havido fluxos do Brasil, EUA e Ásia que “já tinham algum peso em algumas regiões”. Dai que, enquanto nos anos de pré pandemia o Grupo tinha 65% de clientes internacionais e 35% de portugueses, “em 2021 foi o inverso, com 65% de clientes nacionais e os restantes estrangeiros”.
Para este ano as perspetivas são de que a inversão se atenue, devido à maior facilitação das viagens que trará mais mercado internacional, enquanto muitos portugueses terão tendência de viajar para o estrangeiro.
“Todas as semanas sentimos as reservas a aumentar, nota-se que há muita vontade de viajar”
Para já, tudo leva a crer que 2022 venha a ser um ano positivo. Isso mesmo é o que indica o movimento de reservas. “Todas as semanas sentimos as reservas a aumentar, nota-se que há muita vontade de viajar”, afirmou Gonçalo Rebelo de Almeida, acrescentando que o mercado inglês, como habitualmente, está a ser “o primeiro a reagir e com mais força”. Mesmo assim, “mercados como o holandês, escandinavo, francês e até alemão, começam a dar alguns sinais”. Já fora da Europa “está tudo mais lento”.
Mesmo assim, o administrador da Vila Galé admite que o ano começou ‘coxo’, uma vez que tanto os congressos como os eventos não vão voltar aos níveis que antes da pandemia eram característicos do primeiro semestre do ano, da mesma forma que os circuitos turísticos também não terão ainda o peso que tinham antes da pandemia.
“A partir de abril temos muitos hotéis com taxas de ocupação acima dos 60%, o que já não víamos há muito tempo”
Que “a pandemia não matou a vontade de viajar” parece ser um facto e tendo isso presente, Gonçalo Rebelo de Almeida admite que as perspetivas são animadoras até porque, tendo em conta o volume de reservas já alcançado, “a partir de abril temos muitos hotéis com taxas de ocupação acima dos 60%, o que já não víamos há muito tempo”. Mesmo assim o Grupo mantém estimativas algo conservadoras para este ano, admitindo que as receitas possam ficar “10% a 15% abaixo de 2019”.
Brasil recuperou melhor
No que toca ao Brasil, a Vila Galé concluiu o ano de 2021 com receitas na ordem dos 325 milhões de reais (cerca de 57,5 milhões de euros), ficando apenas 15% abaixo do período pré-pandemia. “O Brasil nunca foi tão abaixo como Portugal e recuperou mais rápido”, graças ao poder do mercado interno, que é enorme, mas também devido aos timings em que as vagas aconteceram, explicou Gonçalo Rebelo de Almeida, explicando que “em Portugal as vagas de Covid tiraram-nos sempre uma parte do verão, o que não aconteceu no Brasil”.