Grupo Ávoris com charter para a Dominicana o ano inteiro a partir de dezembro, revelou Constantino Pinto

A reorganização do Grupo Ávoris com a ida para Espanha de Javier Castillo, diretor-geral em Portugal e a operação charter para a República Dominicana à partida de Lisboa, que se inicia a 26 de dezembro e continuará durante todo o ano, são os dois temas centrais da entrevista a Constantino Pinto, diretor de vendas da Ávoris em Portugal.
Começo por lhe pedir que explique ao trade português a reorganização do Grupo Avóris em Espanha e em Portugal?
A assunção das novas funções pelo Javier Castillo no Grupo Ávoris, é a sequência mais lógica para todo o processo de organização da cúpula do grupo. A estrutura antiga passava por um presidente da companhia, que continua a existir, que é o Vicente Fenollar, depois há um CEO, funções que eram desempenhadas pelo Miguel Ángel Sánchez, que saiu, e por duas grandes direções-gerais, uma que é “fábrica”, a criação de produto, a área da tour operação, e outra que é a área da distribuição, que contemplava o retalho, a tour operação e o corporate.
Com a reorganização, quem incorpora as funções de CEO é o Juan Carlos González que era o diretor-geral da área da distribuição, o que provocou um vazio nas duas grandes direções-gerais que existiam. Ao assumir as novas funções, Juan Carlos González acabou por precisar de ter a jusante uma equipa capaz de responder. Quem estava na empresa e tinha o melhor conhecimento na área de criação de produto, organização e gestão, era o Javier Castillo que tinha “aterrado” em Portugal há quase seis meses mas era inevitável que fosse desafiado para estas funções.
Foi isso que aconteceu e o Javier Castillo assumiu as suas novas funções, passando a acumular não só a direção-geral de tudo o que tem a ver com a “fábrica”, tudo o que é a criação e gestão de produto, como a comercialização e a gestão desse produto no que diz respeito à tour operação. Ou seja, cria-se aqui uma diferenciação clara entre tour operação no seu todo e distribuição e retalho no seu todo, portanto, não há contaminação e consegue-se fazer uma gestão muito mais adequada. Isto é extensivo também à companhia aérea: toda a gestão comercial da companhia aérea é feita também pelo Javier Castilho.
E em Portugal como é que fica a reorganização do Grupo?
Em Portugal, perdemos a presença física do diretor-geral que, no entanto, continua a exercer essas mesmas funções, pelo que não há aqui uma nenhuma alteração. Há uma grande vantagem que é o facto de o Javier Castillo, além de já ser um profundo conhecedor do mercado português, agora também já é um profundo conhecedor da equipa que cá trabalha, das condições de trabalho e características que temos.
A gestão que o Javier Castillo pretende fazer é uma gestão à distância, apoiada pela equipa que aqui tem, que é uma equipa completa. Temos o Timóteo Gonçalves à frente da distribuição e do retalho e o Hugo Oliveira à frente da rede premium, temos o Bruno Teixeira à frente da área de corporate, o Nuno Aleixo na área da tour operação relacionada com todas as questões de “fábrica”, ou seja, criação de produto e eu como responsável comercial de todas as marcas em Portugal em termos de tour operação. A diferenciação que se criou em Portugal é válida: tour operação, de um lado, distribuição e retalho por outro. Os comerciais não têm que vender o que o produto um dia se lembrou que era interessante vender, têm que vender aquilo que foi identificado como necessidade premente do mercado.
“O mercado ainda não se apercebeu bem disto, ainda há muita gente que pensa que o charter para Punta Cana vai realizar-se a 26 de dezembro, para o fim de ano, e que depois para, mas não, a operação vai continuar até 26 de março”
Assumiram colocar uma operação charter no mercado para a República Dominicana que começa na semana entre o Natal e o fim de ano e vai voar com o avião da SATA. Até quando?
Já há uns anos que estávamos a querer manter um elo de ligação com as Caraíbas durante toda a temporada. O mercado ainda não se apercebeu bem disto, ainda há muita gente que pensa que o charter para Punta Cana vai realizar-se a 26 de dezembro, para o fim de ano, e que depois para, mas não, a operação vai continuar até 26 de março.
O avião da SATA, com 186 lugares, sendo 170 em classe turística e 16 em executiva, vai voar até 26 de março, sendo que na semana seguinte a operação não é interrompida, pelo contrário, passa a ser feita pelo Airbus A330neo, quase duplicando a oferta de lugares.
Este avião da SATA tem condições para fazer a viagem direta e o normal é que o voo seja direto mas pode haver alguns condicionalismos de carácter atmosférico que o obriguem, em alguma rotação, a fazer uma escala nos Açores, mas a acontecer será algo de muito pontual.
O avião é muito confortável, está muito bem dimensionado para a lotação que tem, os lugares, mesmo em turística, são espaçosos. Além disso teremos esta novidade que é a de podermos vender 16 lugares em executiva e posso dizer já que as primeiras reservas que tivemos foram de executiva.
É um risco grande, estamos sozinhos nesta operação – é uma operação Ávoris pura e dura – mas estamos plenamente convictos de que vai ser um êxito. A nossa grande preocupação é que ela chegue ao agente de viagens, que ele a possa vender aos seus clientes, mas também que chegue ao cliente final.
A República Dominicana tem muita procura do mercado norte americano no inverno e isso reflete-se no preço
O preço que está colocado no mercado é ao nível do verão, até mesmo um pouco superior. Isso deve-se a quê?
As pessoas estão habituadas a preços que não são reais no que diz respeito às Caraíbas, que andam na casa dos mil euros e isso agora não acontece. Mas há que reforçar que o preço que estamos a praticar não é caro porque, no que toca aos hotéis das Caraíbas, não estamos a falar de temporada baixa, contrariamente ao que muita gente pensa porque o mercado norte-americano é determinante e a hotelaria é normalmente mais cara do que nos meses do verão europeu e, por outro lado, estamos a viver a incerteza ao nível do custo do fuel e ainda estamos a pagar o petróleo muito caro, pelo que o avião não tem o custo que seria desejável ou que seria normal em tempos que fossem também normais.
Por outro lado, comparando os preços com os que existem via Madrid, eles estão perfeitamente equiparados, uma vez que há que juntar sempre um voo de ligação e o custo que isso acarreta, além da incomodidade. No entanto, é bom lembrar que, graças ao acordo que temos com a Air Europa, somos os únicos no mercado que dão a possibilidade de o cliente despachar a sua bagagem diretamente para o destino final, além de já levar o talão de embarque que lhe permite entrar no nosso avião, em Madrid, pelo que só precisa de se movimentar entre terminais. Mas mesmo com estas dificuldades superadas, para um cliente português, principalmente o de Lisboa e da zona centro e sul, é muito mais cómodo embarcar num avião em Lisboa.
Existe o nosso compromisso, com a nossa filosofia de preços dinâmicos que temos tido, de conseguirmos ter um preço o mais ajustado possível para que as pessoas não achem o preço caro. É evidente que a partida de 26 de dezembro é uma partida sui generis, é o voo de fim de ano e os preços são sempre mais caros mas logo na saída de 2 de janeiro os preços já são bastante razoáveis.
Conseguem fazer um preço mínimo que garanta ao agente de viagens que vende uma partida para fevereiro que não vai encontrar um preço mais barato no mercado?
Ainda não está concretizado mas estamos a fazer esse esforço. Não queremos fazer preços “malucos” mas às vezes há questões pontuais que são imponderáveis, ou seja, se uns dias antes da partida estivermos com 50 lugares para vender, seriamos no mínimo ingénuos se não fizéssemos preços especiais. No entanto, o nosso objetivo é criar condições, logo à partida, com promoções, difusões, ações diretas apoiando os agentes de viagens, para que isso não aconteça.
Esta operação é uma boa notícia para nós, operador, mas penso que também é uma grande notícia para o mercado porque estamos numa fase em que não há muito produto confecionado e isto é mais um produto que está disponível para vender e que é sempre apetecível. É um produto chave na mão, com a qualidade que nos é reconhecida em termos de produto e também todos conhecemos o rigor e a qualidade de serviço que a SATA coloca nos seus voos de longo curso.
Aliás, é de sublinhar que esta não é só a única operação charter para Punta Cana mas também o único voo porque, como se sabe, a TAP vai parar os voos.
Mantemos também a oferta para Cancun, que está a vender-se muito bem, mas com a TAP.
O departamento comercial teve algumas mexidas. Já está estabilizada a nova equipa?
O mercado já se apercebeu que houve aqui alterações profundas, saiu uma parte da nossa equipa comercial, outros ficaram e hoje [segunda feira] acabámos de fazer uma nova contratação. Já temos a estrutura chave do departamento comercial, falta-nos ainda integrar uma sexta pessoa mas neste momento a nossa equipa é constituída por cinco comerciais, que estão na rua, por uma pessoa que está no escritório a apoiar diretamente toda a equipa comercial, e por mim. Brevemente iremos comunicar ao mercado quem faz o quê, sendo que esta é uma equipa multidisciplinar, passa a ser a força de venda da tour operação do grupo Ávoris em Portugal mas haverá uma parte da equipa mais vocacionada para os operadores com um produto mais diferenciado, como é o caso da Nortravel e da Catai e, eventualmente, da LePlan, outra parte da equipa mais especializada em todos os outros produtos.
O produto charter também é um produto diferente, que exige muita presença e muito apoio atendendo aos riscos envolvidos mas será a mesma equipa comercial que vai fazer tudo.
As zonas do país são divididas, em norte e sul, e em ambas as zonas haverá as duas equipas multifacetadas. O que queremos é reforçar a nossa presença junto dos agentes de viagens, não só para lhes lembrar que estamos cá mas, sobretudo, para os apoiar, para os assessorar e para termos uma resposta ativa, em tempo real, a tudo aquilo que eles necessitam de nós. É importante que tenham conhecimento de toda a nossa panóplia de produto mas vamos estruturar o nosso plano de visitas para que a maneira como abordamos as agências de viagens, sendo presencial e sendo recorrente, seja também efetiva.
Iremos também introduzir algumas novidades, tomar iniciativas locais em determinadas zonas, muito ao estilo dos roadshows mas mais localizados e mais restritivos.