Grande procura justifica antecipação da operação de Cayo Santa María em 2025 para início de junho, adiantou Constantino Pinto

Durante a famtrip do grupo Ávoris que levou um grupo de agentes de viagens e jornalistas a Cayo Santa María, destino cubano que o operador turístico Jolidey lançou este ano, falámos com Constantino Pinto, diretor de vendas da Ávoris em Portugal, para sabermos como está a correr a operação para este destino, para Cuba e para as Caraíbas.
Começava por lhe pedir para falar da operação de Cuba. A vossa aposta este ano foi significativamente maior do que a do ano passado?
Foi, nós só voávamos para Varadero, e depois tínhamos as opções dos combinados com Havana e este ano resolvemos apostar neste destino novo [Cayo Santa María], com alguma pressão – e ainda bem que foi feita – por parte da empresa cubana Gaviota, para virmos para este destino.
Fizemo-lo, com a convicção de que poderia correr bem, mas obviamente com algumas dúvidas, porque Cuba, apesar de ser um destino pelo qual há sempre um grande carinho por parte dos turistas portugueses, também gera alguns receios, que felizmente não se confirmaram, e a operação tem sido um sucesso. É uma operação que está vendida, há partidas com 10 lugares, outras com 15, outras com 8, mas está com quase 98% de ocupação no global. É um êxito completo.
Tem ideia de quantos lugares colocaram à disposição do mercado com os dois charters?
Com a soma dos dois voos, assim de repente, não, mas podemos rapidamente pensar nisso: para Cayo Santa María, foram praticamente 5.000 lugares; no caso de Varadero, são 388 lugares durante dois meses, depois mais 371 durante mais dois meses, ou seja, à vontade estamos a falar de uns 7.500 ou 8.000 lugares, portanto, somando os dois destinos, iremos para os 12.000 lugares.
O facto de terem lançado esta nova operação, não afetou a operação para Varadero?
Não, absolutamente. O cliente de Varadero continua a ir para Varadero, porque a operação vendeu-se bem, e este ano até com reforço.
Operações 2024 para as Caraíbas tiveram mais lugares disponíveis e a procura correspondeu
Sabe-se, pela vossa prática, que quando um destino novo resulta, no ano a seguir têm a tendência de alargar as partidas. Já estão a pensar nisso?
Já estamos a pensar nisso. Varadero começou este ano mais cedo, no início de junho, e a ideia é que, na pior das hipóteses, porque eu até gostaria que fosse mais cedo, conseguíssemos, no próximo ano, arrancar em simultâneo com a operação de Varadero e com a operação de Cayo Santa María, o que resultaria num aumento significativo das rotações.
Este ano tivemos também um reforço importante da República Dominicana, desde a Páscoa temos a decorrer o voo de Punta Cana, temos o voo de La Romana desde o início deste mês de julho, depois temos a segunda frequência para Punta Cana, ou seja, aumentámos significativamente a oferta e vendeu-se, também estamos com uma ocupação muito boa.
Cancun manteve-se, mas também estamos a falar de uma ocupação acima dos 90%. As Caraíbas este ano foram, surpreendentemente agradáveis em termos de resultados, em termos de ocupação, em termos de ticket médio, tudo melhorou bastante. Ainda estamos longe do preço real, mas de qualquer forma já melhorou bastante em relação ao ano passado.
Fizeram algumas parcerias, em termos da Dominicana, não foi?
Sim, fizemos com a NewBlue, cedemos lugares no nosso avião, na nossa segunda frequência, à semelhança do que já tinha acontecido no ano passado com o voo do Porto.
Este ano encetaram uma nova estratégia em termos da partida dos charters, colocaram todo o longo curso em Lisboa, deixando o Porto, e por sua vez colocaram o médio curso à partir do Porto. Que balanço é que faz desta situação?
Em termos de longo curso, correu tudo bem, tive muita pena de não podermos manter as duas operações que tínhamos do Porto, o Cancun e o Punta Cana, mas já não tínhamos aviões para isso, e por outro lado, como não tínhamos slots em Lisboa para poder fazer as operações de Lisboa, tínhamos que transferir as de médio curso para o Porto, e então fizemos essa opção.
O balanço no que diz respeito ao longo curso é positivo, no que diz respeito ao médio curso não é tão positivo, porque como não fomos só nós a ter esta necessidade, gerou-se um excesso de oferta no Norte, o que tem dificultado a venda das operações, não só para nós, como para toda a gente.
Mas é curioso que depois isto tem um efeito que eu ousaria chamar de estranho, que é aquela operação de médio curso que nós conseguimos colocar em Lisboa, como foi o caso de Palma de Maiorca, acabou também por não se conseguir vender bem, tendo nós o slot e o avião. Por via disso, tivemos que chegar a acordo com a TAP e transferir os nossos passageiros para os voos da TAP.
Esta é uma situação que não se pode manter, tem que ficar distribuído, e gostaria muito mais da primeira forma, que era termos as coisas equilibradas entre o Norte e o Sul, porque há determinados destinos que não se compadecem com o facto de não termos partidas de Lisboa.
As ilhas espanholas vendem-se muito bem tradicionalmente à partida de Lisboa, a Tunísia também se vende muito bem à partida de Lisboa, o próprio Marrocos, neste caso, Saidia, também, e não ter esse produto penaliza-nos muito, porque dificilmente as pessoas se mostram disponíveis para ir voar do Porto. E é compreensível, não por ser o Porto, obviamente, mas por implicar uma viagem de três horas de carro, quando o voo é hora e meia, mas é o que temos, temos este problema grande no aeroporto de Lisboa, para o ano tudo indica que se poderá atenuar um pouco.
Avião com classe executiva é uma mais valia para a tour operação, em especial em termos da oferta de qualidade
Houve outra alteração, neste caso um upgrade, que foi passarem a ter classe executiva nos vossos voos de longo curso. Como é que está a correr?
Em termos de venda não tem sido o êxito que seria expectável porque a nossa apresentação deste produto não foi tão linear quanto desejávamos, até porque existia alguma incerteza. Primeiro haveria a certeza que o avião vinha no início da operação, depois outros motivos obrigaram que o avião não pudesse vir no início da operação, e depois houve uma altura em que o avião já nem sequer viria porque haveria outros compromissos. Afinal, acabámos por ter o avião.
Entretanto, o avião vai estar apenas o mês de julho e o mês de agosto, e em setembro a operação já será novamente continuada sem executiva, o que tem muito a ver com a utilização do avião e com a procura que este tipo de aviões tem. Mas é uma experiência que tem sido positiva, atendendo sempre ao nosso desejo de encontrar qualidade e de dar mais qualidade.
Este avião está matriculado em Portugal, é um avião português e vai fazer as operações do próximo ano e isso já está praticamente assegurado. Eu até ousaria dizer que tenho a sensação, com alguma segurança muito mais do que uma sensação, que estaremos à procura de mais aviões com estas características para os poder pôr a operar.
Primeiro, porque na perspetiva da tour operação é uma mais-valia claríssima, nós podemos dar um serviço com outra qualidade a um cliente mais exigente, também numa perspetiva charter, sem um grande acréscimo de preço, porque de facto não é significativo, mas depois isto vai permitir à companhia em temporada baixa, onde o fluxo de charters diminui substancialmente, ter os aviões a operar, porque são aviões apetecíveis pelas companhias regulares, pelas condições que têm em termos de ACMI, que são sempre operações interessantes, de maneira que, em termos de rentabilização, é interessante. Mas, como digo, na nossa perspetiva de tour operação, o nosso grande desejo é criar qualidade, dar qualidade ao produto que comercializamos.
O que é que já nos pode adiantar sobre a programação em 2025 para a Maurícia?
De facto saiu uma notícia num jornal espanhol, mas eu não tenho qualquer confirmação. Obviamente, nós ficámos com muita pena de não ter podido levar avante a operação da Maurícia prevista para este ano, mas juntaram-se aqui vários fatores, e já falámos várias vezes sobre isso: para além da dificuldade na obtenção dos slots, a principal dificuldade era a disponibilidade do aparelho, porque ir à Maurícia não é o mesmo que ir às Caraíbas em que bastam 24 horas para o avião ir e vir – no caso da Maurícia não é assim e estávamos com dificuldade em ter um aparelho disponível.
Depois, o arranque também foi muito bom, nós conseguimos, no final da BTL, ter já umas largas centenas de reservas para o voo direto da Maurícia, mas depois parou um bocadinho, e isso, associado à dificuldade de disponibilizar o avião, fez-nos cancelar a operação.
Por outro lado, estamos a vender de uma outra forma bastante ágil com base no acordo que temos com a Air Europa, que nos permite fazer o check-in até ao destino final, com horários altamente compatíveis -tanto de Lisboa como do Porto, o voo sai por volta das 16h00, faz a ligação em Madrid de forma muito tranquila, no mesmo terminal, ou no terminal, as pessoas não têm que se preocupar com um novo check-in nem com as bagagens… Por isso, continuámos a vender com uma cadência simpática, e agora já na perspetiva do próximo ano, que é a cadência de vendas permite-nos ter alguma expectativa positiva na possibilidade de podermos recuperar a operação direta de Lisboa para a Maurícia.
Eu tenho feito muita pressão para que assim seja, porque acredito firmemente no destino, o destino é muito bom, acho que tem uma grande aceitação no mercado português.