Governo Regional vai voltar a integrar a Associação de Turismo dos Açores
O Governo dos Açores vai voltar a integrar a Associação de Turismo dos Açores (ATA), estando a ser levada a efeito, em conjunto com os empresários, uma revisão dos estatutos do organismo, disse à Lusa fonte da Secretaria Regional do Turismo.
A mesma fonte assegurou ainda à Lusa que o assunto já foi debatido em Conselho do Governo, e que estão a ser trabalhadas “soluções com os empresários” no sentido de uma “alteração de disposições dos estatutos” da ATA.
Na passada sexta feira, 6 de maio, a direção da ATA, que nesse dia foi recebida pela secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, tornou público, em comunicado, ter sido criado um grupo de trabalho para a “revisão adequada e célere dos estatutos”, tendo em vista possibilitar que o Governo Regional dos Açores volte a integrar aquela entidade. Avançou, ainda, que o grupo de trabalho foi criado na sequência da reunião mantida com a governante e deixou claro que irá continuar a “garantir o normal funcionamento” da Associação “até à conclusão deste processo”.
No âmbito da reunião, a secretária Regional destacou “a importância que a ATA tem para a promoção externa dos Açores e para o desenvolvimento turístico de todas as ilhas”, realçando a “necessidade de desenvolver um trabalho de parceria e de proximidade, entre o Governo dos Açores, a ATA e o empresariado na prossecução desses objetivos”, lê-se no site do Governo Regional.
A mesma comunicação avança que “o futuro da associação e a implementação de um novo modelo organizacional foi um dos temas debatidos no decorrer da sessão, reunindo um amplo consenso sobre os fundamentos do rumo a seguir e firmando o compromisso para um aprofundamento da relação colaborativa na construção de uma solução”, com Berta Cabral a deixar claro que “a relação entre o Governo dos Açores e o setor privado é determinante na evolução do modelo turístico na Região e na elevação da notoriedade e da atratividade da Região no seu conjunto”.
Governo açoriano toma as medidas que o seu presidente avançou ao Turisver em março
Associação de direito privado, sem fins lucrativos, que resulta de uma parceria entre os sectores público e privado tendo em vista a promoção da Região como destino turístico e a qualificação da oferta turística regional, a Associação Turismo dos Açores tem vivido tempos conturbados, como o Turisver tem vindo a dar conta.
Tendo tido o Governo Regional dos Açores como um dos seus fundadores, viu depois este retirar-se da Associação, embora continuasse a beneficiar de um contrato-programa com o Governo para promover o turismo açoriano no exterior.
A fase de indefinição vivida pela Associação agudizou-se quando, a 10 de março, foi ultrapassado o prazo para apresentação de candidaturas aos novos corpos sociais, sem que tivesse havido candidatos (ler aqui), obrigando Carlos Morais a manter-se à frente do organismo, por estipulação estatutária.
A 17 de março, em entrevista ao Turisver na BTL, o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Boleiro, afirmou que a “ATA está num período de transição, a encerrar um ciclo e a abrir um novo, mais potenciado e estratégico, com intervenção da região, no sentido de termos uma valorização do destino Açores, com promoção estratégica e global dos Açores. Isto, naturalmente, com a liderança da própria região e, portanto, do Governo Regional e com a participação e associação dos empresários do negócio turístico que são essenciais no conhecimento, no terreno, do que importa fazer, do que importa reforçar e do que importa manter”.
José Manuel Bolieiro diria ainda que “este Governo foi confrontado com um ciclo negativo e estamos agora a promover o encerramento desse ciclo negativo, para iniciar um processo novo”. Antecipando que “a participação do Governo pode ter várias características”, o presidente do executivo açoriano apontaria mesmo que, depois de ser conhecido “com rigor o estado da arte”, se não houvesse possibilidade de aproveitar o que está feito “não há problema em começar tudo de novo”. (ler entrevista).
Em declarações recentes, Carlos Morais, que deixa a presidência da ATA dois anos e meio depois de tomar posse, referiu ter encontrado dívidas à banca de cerca de nove milhões de euros, tendo conseguido reduzi-las para cerca de 3,8 milhões durante o seu mandato.
Recorde-se que antes de Carlos Morais ter assumido a presidência da ATA, a Associação foi alvo de buscas, em 2019 por suspeitas de “fraude para a obtenção de subsídio, peculato, falsificação de documentos e participação económica em negócio” e abuso de poder.