Gilberto Vieira presidente da ‘Casas Açorianas’ espera que ano de 2024 seja “ligeiramente superior” a 2023

O início de um novo ano é sempre tempo para fazer avaliações sobre o que terminou e perspetivar o futuro. Foi nesse sentido que o Turisver falou com Gilberto Vieira, presidente da Casas Açorianas – Associação de Turismo em Espaço Rural. Para estas unidades o ano de 2023 foi positivo e o ano que agora se inicia também o deverá ser mas há desafios a ter em conta, disse-nos.
Foi pelo ano de 2023 que começou a nossa conversa com o presidente da Casas Açorianas – Associação de Turismo em Espaço Rural, com Gilberto Vieira a garantir-nos que, embora ainda não existam números finais, as unidades que integram a Associação “cresceram no número de hóspedes e de dormidas” e, tão ou mais importante, “registámos um ligeiro aumento no preço médio por quarto que foi praticado ao longo do ano”.
Ainda assim, ressalva, “parte do aumento dos preços praticados resultou da própria inflação que incidiu nos preços dos bens essenciais, nomeadamente dos géneros alimentares, e também do aumento dos salários”, o que faz com que o aumento de preço do alojamento possa não vir a traduzir-se inteiramente numa maior rentabilidade”.
Na generalidade, aponta, “o ano de 2023 para as unidades que integram as Casas Açorianas, seguiu de perto a evolução do turismo na nossa região que até outubro registou, segundo os dados do Serviço Regional de Estatística um aumento de quase 16% face a 2022 no número de dormidas, para perto de 3,5 milhões, o mesmo tendo acontecido relativamente ao número de hóspedes que, no mesmo período, superou um milhão, com aumentos homólogos em todas as ilhas”.
“A comprovar os bons resultados da região estão também os números relativos aos passageiros desembarcados no arquipélago”, continua o nosso entrevistado, recordando que, segundo os dados da SREA, os Açores “registaram pela primeira vez mais de dois milhões de passageiros desembarcados até Novembro, também com todas as ilhas a registarem aumentos”.
Gilberto Vieira sublinha ainda que todas as unidades das Casas Açorianas, registaram um “aumento da procura por parte dos turistas açorianos”, algo que aconteceu “particularmente nas ilhas do Pico, São Jorge e Graciosa”. Este bom comportamento positivo por parte dos turistas açorianos está, segundo Gilberto Vieira, relacionado com a denominada “Tarifa Açores” que permite aos residentes açorianos o acesso a tarifas inter-ilhas a preços reduzidos, uma medida que, explicou, avançando que a Associação a que preside defende que esta deve ser “uma medida para manter” pelo próximo Governo.
“Para colmatar a drástica diminuição de voos da Ryanair teremos procurar alternativas, tanto ao nível das rotas como na procura de novas companhias aéreas que se disponham a voar para a nossa região”
Olhando para 2024, o presidente da Casas Açorianas não está pessimista, antes está cauteloso. Afirmando que “se tudo correr como até aqui o ano 2024 poderá ser, para a região e para as unidades da Associação a que presido, idêntico a 2023 ou até ligeiramente superior”, Gilberto Vieira não deixou de elencar algumas das suas preocupações, a começar pela “instabilidade mundial, com duas guerras em curso” mas também “a instabilidade política no país e na região”. “Somando a isto a inflação que continua instalada e as taxas de juro que se mantêm elevadas, o impacto na bolsa das famílias pode ser negativo e influenciar também negativamente a disponibilidade para viajar”.
Particularmente preocupante para o nosso interlocutor é “a instabilidade política nos Açores, com um governo de gestão” e com “um Orçamento Regional que só deverá ser aprovado lá para o início do segundo trimestre”. A falta de um Orçamento, alerta, “vai atrasar decisões e parar dossiers” e poderá ter também “impacto negativo ao nível da promoção turística”.
Outra preocupação que apontou tem a ver com a acessibilidade aérea, um tema de grande importância para um território geograficamente tão descontinuado como os Açores. Neste sentido, afirma que “para colmatar a drástica diminuição de voos da Ryanair teremos procurar alternativas, tanto ao nível das rotas como na procura de novas companhias aéreas que se disponham a voar para a nossa região”.
A falta de mão de obra continua a integra o rol de preocupações dos empresários turísticos para o próximo anos e os proprietários das unidades que integram a Associação Casas Açorianas não são exceção. A este nível, Gilberto Vieira afirma “não existe apenas falta de mão de obra qualificada, existe escassez de recursos humanos a todos os níveis”, situação “muito preocupante num destino como os Açores que se prezam por ser um destino turístico de qualidade – e não há qualidade se não houver recursos humanos qualificados e em quantidade”.