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  1. A Gilberto Vieira:

    Há cerca de 34 anos (08-08-1992) escrevi uma carta à Secretaria Regional de Turismo e Ambiente dos Açores a propósito de uma notícia inserida no semanário «Independente» na qual se noticiava que investidores estrangeiros procuravam implantar o «modelo mediterrânico» do Turismo.
    Teria muito interesse em lhe enviar uma cópia da referida minha carta em anexo de «e-mail» e para o efeito solicito-lhe o respectivo endereço.
    Entretanto e se este espaço destinado a comentários o permitir, respigarei alguns extractos dela:
    « Penso que os Açores não poderão constituir uma «alternativa ao Mediterrâneo» saturado e em crise. Como território insular, o arquipélago apresenta à partida, uma situação de grande fragilidade ambiental perante os efeitos depredadores do crescimento imobiliário induzido pelo aproveitamento das suas potencialidades naturais e das paisagens agrárias resultado de um lento mas porfiado labor humano de modelação do espaço físico. E se a terciarização da sua economia pela via do «monocultivo turístico» for priviligiada, os Açores poderão incorrer numa dependência externa muito mais acentuada do que a actual»
    E apontava o exemplo a ilha de Rodes, estuado por H. Grolleau: «Esta ilha era uma das mais ricas da Grécia em agricultura. Desde que nela o turismo se tornou a primeira indústria, as quintas ficaram desertas ea produção agrícola diminuiu a tal ponto que tudo se importa na ilha, mesmo os legumes mais elementares»
    Michel Drain, referindo-se à Costa do Sol (faixa do litoral espanhol entre Estepona e Torremolinos), apontava: «o desenvolvimento turístico desempenhou um papel de freio na modernização da agricultura sem por outro lado trazer emprego numeroso e bem remunerado. O único resultado foi o de inibir o desenvolvimento agrícola e industrial da região e de proporcionar empregos subalternos ou efémeros»
    ….
    O aumento do custo de vida por especulação nos preços de bens essenciais e da habitação, antagonismos entre agricultores e proprietários dos empreendimentos imobililários quanto à utilização da terra e da água constituem custos ou externalidades sociais negativas decorrentes de um massivo desenvolvimento turístico»

    Estes alguns dos excerptos da carta.
    No jornal «Público- Local» do passado Sábado, 15-02-2025, e na reportagem sobre o encontro da Associação de Turismo em Espaço Rural» sob o tema «Não perca o rumo», o Sr. Gilberto Vieira afirmou: «Uma das coisas com que me preocupo é que não se perca a identidade, porque isso vai reflectir-se no turismo». E apontava: «o turismo na região tem de começar a limar arestas».

    Se me desculpar, eu acrescento: «quanto antes». E proponho : o apoio aos sectores básicos da economia açoreana e evitar que continue a ser «O turismo o grande motor da economia dos Açores e a principal atividade económica a criar riqueza, empregos, investimento e oportunidades» , segundo declarou Berta Cabral (in https://portal.azores.gov.pt/web/comunicacao/news-detail?id=176 de 14 -02-2025). Defendia a «sustentabilidade» mas não a explicava< como a obteria. Será que quereria dizer contingentação dos fluxos turísticos? Dificilmente o acredito, num País onde um dos indicadores que tem sido utilizado para demonstrar a evolução da nossa economia tem sido «o número de camas vendidas».
    No Continente, perdeu-se uma oportunidade de conciliar turismo com agricultura através do «Agroturismo de Aldeia». Com excepção de algumas grandes Quintas, esta modalidade de turismo sustentável e que salvaguarda a identidade culturaL não foi promovida em povoações hoje desertas e com o património edificado em ruínas ou então em algumas habitadas em fins de semana, sazonalmente por oriundos dos grandes centros urbanos que as compraram barato ou por estrangeiros . O caso das aldeias da Serra da Lousã é paradigmático do abandono a que foram votadas durante muitos anos: A luz eléctrica foi inaugurada em Talasnal quando dela saiu o último habitante.

    Com os melhores cumprimentos
    Antero Leite
    A.C.E.R.-Associação Cultural e de Estudos Regionais
    acer.geral@acer-pt.org
    http://www.acer-pt.org
    967578481

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