Francisco Teixeira: Cruzeiros à partida de Lisboa “andam em cima da mesa”

A passagem por Lisboa do Anthem of the Seas foi a oportunidade falarmos com Francisco Teixeira, CEO da Melair, representante em Portugal das companhias de cruzeiro Royal Caribbean International e Celebrity Cruises. Uma conversa que aconteceu entre a apresentação da programação da RCI para 2023 e a visita a alguns dos principais espaços que ocupam os 348m de comprimento e os 16 decks deste navio da classe Quantum.
Por Fernando Borges
Há pouco, numa conversa informal enquanto se esperava pela “luz verde” para entrar no Anthem of the Seas, proferiu uma frase que registei e que tomo como ponto de partida para esta conversa: “2022 já foi! Que venha 2023…”. Falemos então do futuro. Que novidades há na programação do próximo ano, quais são as apostas mais importantes da Melair para o mercado português?
Com todos os seus navios a navegar, as apostas fortes da Melair para o mercado português em 2023 vão para o Harmony of the Seas, um navio da classe Oasis repleto de ação e experiências para todas as idades e que irá realizar cruzeiros durante todo o ano pelas Caraíbas Orientais e Caraíbas Ocidentais a partir de Miami, e para a programação vasta no Mediterrâneo com destaque para o Symphony of the Seas, outro navio da classe Oasis e que irá realizar cruzeiros pelo Mediterrâneo Ocidental a partir de Barcelona. Também para o Odyssey of the Seas, um navio da classe Quantum Ultra que terá partidas de Roma para visitar a Grécia, Turquia e ainda Nápoles, e para o Explorer of the Seas, um navio da classe Voyager que realizará cruzeiros a partir da cidade italiana de Ravena para visitar a Croácia e ilhas da Grécia.
Para além destes programas que serão as nossas apostas mais fortes, iremos ter outros navios a realizar cruzeiros pelo Mediterrâneo, por Israel e Egito a partir de Limassol, no Chipre, pelos Fiordes da Noruega, pela Islândia e Irlanda, por Singapura, Vietname e Japão, com partidas de Singapura e de Tóquio, no Alasca, com partidas de Seattle e de Vancouver, e pelas Caraíbas a partir de Port Canaveral, Galveston e Fort Lauderdale.
Outro destaque da RCI para 2023 será a inauguração do Icon of the Seas, um navio com 200 mil toneladas e que será o primeiro de uma nova classe.
“Continuamos a precisar muito do agente de viagens“
Falar do presente e do futuro é ter obrigatoriamente que falar da pandemia da Covid-19. O que veio mudar no espetro do cruzeirista?
Eu considero que no pós-pandemia passou a haver uma maior valorização do turista, do consumidor português sobre aquilo que usufrui, o que quer dizer que dentro do segmento dos cruzeiros as marcas que nós representamos são marcas de valor adicional, e portanto beneficiam com isso. Penso também que o cruzeiro tenha de alguma maneira dado uma resposta de capacidade de lidar com os protocolos, com toda a complexidade da viagem, transmitindo segurança ao consumidor. Por isso vejo 2023-2025 de forma bastante positiva em termos de atração do consumidor português, de quem já realizou um cruzeiro, por quem já repetiu, assim como por quem nunca fez nenhum.
E como vê a resposta dos agentes de viagens perante esta situação a que podemos chamar de “reiniciação”?
A minha visão é uma visão muito periférica porque não lido no dia-a-dia com as situações de cada um, mas no final do verão de 2022 parece-me que existe maior equilíbrio a nível de recrutamento, maior foco e maior complexidade na venda de qualquer um dos produtos pelas regras e pelos protocolos, e isso terá puxado o agente de viagens a prestar um serviço mais informativo e mais específico que pode credibilizar e melhorar a imagem que a agência de viagens tem, pois nós queiramos ou não o serviço através de uma agência de viagens física tem vantagens que uma reserva online feita pelo próprio consumidor não tem. Portanto, no segmento de cruzeiros nós continuamos a precisar muito do agente de viagens, do “expertise”, do aconselhamento e acompanhamento do agente. E aqui, parece-me também que no pós-pandemia não nos podemos queixar, pelo menos em relação aos resultados de 2022 e à capacidade de conviver com tanta complexidade como foi este ano.
E como está a ser a transição de 2022 para 2023?
A transição é um bocadinho uma incógnita porque tivemos um ano completamente diferente em 2002 com uma reação do turista e do consumidor a querer viajar, a ter acesso a inventários e a preços à última da hora muito mais acessíveis relativamente àqueles que são normais. Portanto, temos que nos preparar para 2023 para conseguirmos trabalhar de novo a reserva antecipada, já a partir de outubro, e estimular o consumidor a começar a pensar já nas próximas férias. Ou seja, há que voltar aos tempos antes da pandemia, após um ano como 2022 temos que ter atenção para não repetirmos o que fizemos durante este mesmo ano. Vejo 2023 como um ano mais para fazer o reencaixe do que vai acontecer durante os próximos anos, do período de reserva antecipada, da forma de abordagem no mercado, das promoções necessárias… Temos que trabalhar muito na antecipação e a antecipação acontece no quarto trimestre e no primeiro trimestre.
Uma complexidade maior chamada Lisboa
E Lisboa? Para quando cruzeiros da Royal Caribbean a começar no Tejo?
Andam em cima da mesa. Como há pouco disse, na apresentação, o mundo é global para a Royal Caribbean. Para nós, a colocação de um navio pode ser em qualquer parte do mundo, em qualquer cais que dê mais vantagens. É uma questão de oportunidade e que pode acontecer a qualquer momento. Mas depende muito daquilo que se passa no mundo, das opções que possam existir em outros continentes. Não existe uma visão focada em Lisboa, mas Lisboa necessita muito de mercado internacional, e este aspeto é muito importante, assim como a capacidade aérea, a reação. Lisboa tem uma complexidade maior, mas anda em cima da mesa
Mas ter cruzeiros a sair de Lisboa seria uma situação ideal para a Melair…
A Melair tem um “expertising” grande baseado no ADN de conhecimento do mercado que agrega no projeto que tem num produto específico. Portanto, a Melair já provou, principalmente com a Pullmantur, que consegue trabalhar outros segmentos para além do segmento da Royal Caribbean e da Celebrity.
No caso de um navio fazer cruzeiros a partir de Lisboa permitia alargar grandemente o nosso público alvo, fazendo naturalmente aumentar o nosso volume de negócio, o que seria fantástico.