“Fome” de aventura e “economia da experiência” impulsionam inovação nas viagens, revela o WTM Global Travel Report
A ascensão da classe média global está a impulsionar uma maior procura por novas experiências de férias, levando o setor das viagens e turismo a oferecer opções mais aventureiras, de acordo com um inquérito do World Travel Market London.
O WTM Global Travel Report – compilado em associação com investigadores de renome da Oxford Economics – revelou que o aparecimento de consumidores mais ricos nos mercados de todo o mundo está a provocar “mudanças” nas normas de viagens tradicionais, com alguns viajantes a procurarem mesmo atividades mais arriscadas.
“A popularidade das viagens alimentou uma criatividade notável. Seja o embarque em vulcões na Nicarágua ou o mergulho em jaulas com tubarões na África do Sul, uma gama cada vez maior de atividades está disponível para os consumidores, impulsionada pela crescente procura de experiências novas e únicas”, refere o relatório, apresentado na WTM Londres no dia 5 de novembro.
“Os consumidores estão também mais abertos à aventura, à procura de emoções e a experiências extremas”, garante o relatório que faz a separação entre as atividades de aventura mais ligeiras e as de alto risco.
“As atividades de aventura ligeira, que são geralmente de baixo risco e exigem experiência limitada, como caminhadas, ciclismo e observação da vida selvagem, representam a maior parte das oportunidades de turismo de aventura. No entanto, as atividades de aventura difíceis, como o paraquedismo, o montanhismo e o rafting, provavelmente ganharão maior força entre um público tipicamente mais rico, mais aberto à aventura e disposto a correr maiores risco”, sublinha o estudo, explicando que este último tipo de viagem mais arriscada é também denominada como viagem de fronteira,
A Tourism Economics, que colaborou no estudo, concluiu que 29% dos viajantes relataram um maior interesse em viagens de aventura; 34% dos consumidores referiram um interesse crescente pelo turismo rural e de natureza; e 57% estão mais interessados em visitar novos destinos em comparação com há cinco anos.
Este aumento da procura de novos locais para visitar irá impulsionar o crescimento de novos destinos, em países mais pequenos e que até aqui não estão muito explorados, como como a Arménia e a Sérvia na Europa, e destinos africanos que oferecem safaris e outras viagens de aventura.
De acordo com o relatório, a Arábia Saudita e a Albânia registaram um aumento de 80% e 74%, respetivamente na chegada de visitantes, comparando 2024 com 2019, observou, o que se deve ao desejo de visitar destinos fora dos circuitos habituais.
A “economia da experiência”, na qual os consumidores dão prioridade às memórias em detrimento dos bens físicos, também registou um crescimento ao longo da última década, à medida que os mercados em desenvolvimento gastaram uma parte mais elevada do seu rendimento disponível em viagens.
Acresce que a as gerações Z e Millennials dão maior ênfase às experiências em detrimento dos bens materialistas, “o que é um bom presságio para as perspetivas de viagem”, acrescentou o relatório. “As oportunidades aparentemente ilimitadas para as empresas de viagens inovarem, oferecendo ofertas distintas e personalizadas, auxiliadas pela tecnologia, apresentam possibilidades interessantes para a indústria”, frisa o documento.
“Com a ascensão da classe média em muitos mais países, há cada vez mais procura por experiências mais invulgares e autênticas, uma vez que os turistas querem conhecer diferentes culturas – ou até mesmo assinalar aquelas excitantes atividades da lista de desejos com a ‘fronteira’”, afirmou Juliette Losardo, diretora de Exposições da WTM Londres