Explora Journeys: Marca de luxo do MSC Group terá a sua faixa de mercado em Portugal, diz Eduardo Cabrita

Muito em breve, o Grupo MSC irá ter a navegar o primeiro navio da nova marca de luxo Explora Journeys. Este foi o tema que escolhemos para a primeira parte da entrevista com Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros Portugal, para ficarmos a saber o que é exatamente a Explora Journeys, a que públicos se destina e qual a estratégia que vai seguir.
A MSC tem uma nova marca, a Explora Journeys que está prestes a iniciar as suas operações. Trata-se exactamente de quê? De uma nova marca ou de uma nova companhia?
A Explora Journeys, para todos os efeitos, está dentro do portefólio do MSC Group, tal como a MSC Cruzeiros também está. Trata-se de uma nova marca com novas pessoas a nível corporate, ou seja, uma estrutura diferente de raiz e pensada de uma forma diferente em termos de estratégia. Enquanto a MSC Cruzeiros tem uma estratégia mais contemporânea de cruzeiros, a Explora Journeys tem uma estratégia virada para a exploração, numa tentativa de levar as pessoas a viajar com a ideia de quem vai explorar e não apenas fazer um cruzeiro e que essa viagem seja quase a viagem de uma vida. Isto significa que não se trata apenas da questão do ultra-luxo do navio mas também, essencialmente, dos próprios destinos.
Como é que nós, Grupo MSC, poderemos da melhor forma, colocar as pessoas a sentir o próprio destino? De uma forma imersiva. O que se pretende, é que as pessoas iniciem a sua imersão no Explora no primeiro momento em que contactam com o navio e só a terminem no momento em que finalizam a viagem.
Nesse sentido, há uma estrutura completamente diferente e há também uma tentativa de perceber cada um dos mercados, seja a Europa, os Estados Unidos, a América do Sul ou a Ásia, uma tentativa de entender como é que estes públicos se comportam em termos deste tipo de viagens.
Há uma adaptação que é diferente mas vai haver alguns pontos comuns. Em determinados mercados, como Itália, França, Espanha, Inglaterra e Alemanha, haverá estruturas diferentes que irão reportar ao próprio diretor-geral desse país. Já no caso de Portugal estamos ainda a tentar perceber qual a melhor estratégia para abordar o nosso mercado que é mais pequeno e relativamente diferente, mas acredito que num futuro próximo possamos ter novidades nesse sentido, em complementaridade com a MSC Cruzeiros para Portugal.
Quando é que esse produto estará disponível no mercado?
Já está disponível, numa lógica de B2B e B2C o navio Explora esteve disponível para muitos mercados desde o ano passado mas a Explora está neste momento muito mais focada nos maiores mercados europeus, enquanto no mercado português houve simplesmente algumas aproximações a determinadas agências de viagens e networks por parte do departamento de corporate que está em Genève. A partir de agora haverá um trabalho a ser feito, mais acompanhado, com explicações aos agentes de viagens e outro tipo de comunicação, isto apesar de o navio, se tudo correr como o previsto, ser inaugurado em Civitavecchia / Roma no início de julho.
Navio Explora terá todos os atributos do que é considerado luxo nos dias de hoje
O Explora é um navio mais pequeno, de ultra-luxo, como referiu há pouco e eu já ouvi dizer que será um bocadinho o regresso ao passado, ao início dos cruzeiros com grande glamour. É essa a ideia?
O Explora é realmente mais pequeno, tem capacidade para cerca de mil passageiros. Quanto a esse regresso ao início dos cruzeiros, podemos dizer que sim mas com todos os atributos daquilo que hoje em dia é considerado luxo. Hoje, o luxo não é tanto uma peça de ouro, se calhar ter tempo é que é considerado um luxo e a ideia é que em tudo o que se possa fazer desde o início da viagem e a forma como a pessoa é tratada, seja completamente diferente, especialmente por uma questão de simplicidade e para que o hóspede possa usufruir do navio e do destino de uma forma diferente de um cruzeiro contemporâneo.

O valor deste tipo de viagens é cinco ou seis vezes superior ao de um cruzeiro contemporâneo mas o facto é que está praticamente tudo incluído dentro do navio e ainda se pode usufruir de toda a elegância que ele proporciona e dos destinos, no sentido de uma experiência imersiva – as pessoas vão poder estar nos locais a fazer coisas com os seus habitantes. Houve destinos que não tinham nada preparado e foi a equipa da MSC que foi ao local e, em conjunto com as pessoas de lá, criou algo que pudesse ser visitado depois pelos hóspedes.
A dimensão do navio vai permitir-lhe ir a portos onde os outros navios, os chamados “gigantes dos mares” não podem ir?
Uma das ideias é exatamente que possamos atracar em portos onde os grandes navios não podem atracar, permitindo que as pessoas usufruam de uma experiência muito mais local, muito genuína.
Já há itinerários previstos até 2024 e agora virá uma nova previsão até 2025, mas serão sempre itinerários com novos portos, alguns desconhecidos. Isto requer uma boa antecipação para que possamos perceber o que poderemos fazer de bom em cada um.
A estratégia de comercialização destes cruzeiros pelas agências de viagens não se altera face ao que é o negócio com a MSC Cruzeiros?
Em virtude do que falei há pouco, enquanto nos grandes mercados vão existir estruturas diferentes, apesar de alguns serviços serem partilhados com a MSC como o departamento financeiros e serviços jurídicos, por exemplo. Nos países com mercados mais pequenos ainda estamos a tentar definir qual a melhor estratégia porque isso tem a ver essencialmente com o que podemos esperar do país em si e com o entendimento do modo como podemos ter este binómio entre custo e volume de receita.
Acredito que vamos ter a possibilidade de atuar, cá dentro, através do escritório da MSC Cruzeiros mas temos que caminhar devagar porque o país é relativamente pequeno, especialmente para este nicho que é um nicho gigante no mundo mas que em Portugal é uma faixa mais pequena.