Europeus determinados a manter gastos com viagens

Apesar do “stress” financeiro, 77% dos viajantes europeus planeiam fazer uma viagem no primeiro semestre do ano, com 63% a preferir viagens intraeuropeias, com Portugal no Top10. Mais de metade estima gastar mais de 1.000€ por pessoa e 44% já fizeram reservas totais ou parciais, segundo o último relatório da ETC.

A European Travel Commission (ETC) divulgou na quinta feira, 9 de fevereiro, os resultados do seu último relatório sobre o “monitoramento do sentimento para viagens domésticas e intraeuropeias” dos viajantes europeus. O estudo fornece informações sobre os planos de viagens dos europeus na primavera-verão de 2023 e foi realizado junto dos mercados da Alemanha, Reino Unido, França, Países Baixos, Itália, Bélgica, Suíça, Espanha, Polónia e Áustria.

O relatório concluiu que a maioria dos viajantes europeus (77%) pretende fazer uma viagem durante os primeiros seis meses de 2023, o que representa um aumento de 16% em relação aos números do ano passado. Outra das conclusões do estudo é o desejo crescente dos europeus em viajarem para fora do seu próprio país, com 63% dos inquiridos a preferir viagens internacionais dentro da Europa, número que reflete um aumento de 13% em apenas um ano.

Apesar do “stress” financeiro a que estão sujeitos, os turistas europeus pretendem manter inalterado o seu orçamento para a realização de férias. Cerca de 37% dos inquiridos afirmou pretender gastar entre 1.000 e 2.000€ por pessoa e viagem, +6% do que no inquérito de 2022, com 19% a afirmarem que vão gastar mais de 2.000€.

Portugal figura no em 8º lugar nas escolhas dos mercados auscultados, passando para o top5 entre os viajantes franceses (terceiro lugar, logo após Itália e Espanha) e espanhóis (quarto lugar).

Para o presidente da ETC, Luís Araújo, que é também presidente do Turismo de Portugal, “os números recentes mostram que as viagens continuam a ser uma prioridade para os europeus no primeiro semestre de 2023. Esta é uma notícia bem-vinda, especialmente considerando que grande parte das viagens pretendidas é planeada dentro da Europa. Essas tendências traçam um cenário promissor para o setor este ano e comprovam sua resiliência diante dos desafios económicos globais”. O responsável defende que “para capitalizar a confiança do consumidor e as reservas antecipadas, o setor deve acompanhar de perto e antecipar as mudanças nas necessidades do consumidor e adaptar suas ofertas de acordo”.

Panorama económico leva a mudança de hábitos

Mesmo mantendo o desejo de continuar a viajar, 23% dos europeus mostram-se preocupados relativamente ao custo da viagem, enquanto outros 18% dizem que suas finanças pessoais e a situação económica são preocupantes.

Para que os custos das viagens “pesem menos” nas suas bolsas, uma grande parte dos europeus regressou às reservas antecipadas, sendo que 44% afirmaram que já tinham reservado total ou parcialmente suas próximas férias, um aumento de 7% em relação a 2022. Ao escolher um destino, 17% preocupa-se em aproveitar preços promocionais, enquanto 18% continua a ter como grande preocupação o clima.

Outra mudança de comportamento reside nos hábitos de consumo durante as viagens. A maioria dos entrevistados planeia reduzir as suas compras no destino (18%), reservar alojamento mais barato (16%) e escolher restaurantes mais acessíveis (15%). Comprar pacotes com tudo incluído e visitar menos atrações com entrada paga também são considerados por 12% e 10% dos entrevistados, respetivamente.

O relatório sublinha que as viagens são a única despesa discricionária que as pessoas estão dispostas a manter (59%) ou aumentar (16%) nas condições económicas atuais, com 58% dos entrevistados a fazerem planos para viajar pelo menos duas vezes, seja nacional ou internacionalmente, nos próximos meses.