Estudo da GBTA alerta que recuperação das viagens de negócios será mais lenta

Apesar de o setor estar a movimentar-se, a GBTA (Global Business Travel Association) alerta que a recuperação total das viagens de negócios não deve chegar antes e 2025 ou 2026, devido ao impacto negativo da inflação, dos preços da energia e da escassez de mão de obra.
As conclusões do GBTA Business Travel Index (BTI) 2022, reveladas na semana passada, indicam que haverá um “atraso de 18 meses na previsão de recuperação do setor” que está a ser negativamente impactada por fenómenos como “o aumento da inflação e dos preços da energia”, bem como “pela escassez de mão de obra e desafios da cadeia de suprimentos”.
De acordo com a GBTA, a indústria global de viagens de negócios continua seu progresso em direção à recuperação total para os níveis de gastos pré-pandemia de 2019 de (cerca de 1,4 biliões de dólares) embora a sua progressão tenha sido afetada por condições macroeconómicas adversas que “estão a afetar o momento, a trajetória e o ritmo da recuperação das viagens de negócios, tanto globalmente quanto por região, impulsionando a previsão de recuperação total para 2026 em vez de 2024 como previsto anteriormente”.
Esta é uma das conclusões centrais do mais recente GBTA Business Travel Index Outlook – Annual Global Report and Forecast publicado pela associação e que abrangeu 73 países e 44 indústrias.
“Para entender os ventos contrários que impactam uma recuperação mais acelerada das viagens de negócios globais, basta olhar para as manchetes desde o início de 2022. Os fatores que afetam muitos setores em todo o mundo também devem impactar na recuperação das viagens de negócios. O resultado previsto é que chegaremos perto, mas não atingiremos e não excederemos os níveis pré-pandemia de 2019 até 2026”, afirmou Suzanne Neufang, CEO da GBTA.
Os gastos totais em viagens de negócios globais atingiram 697 mil milhões de dólares em 2021, 5,5% acima de 2020, ou seja, a indústria recuperou cerca de 36 mil milhões de dólares dos 770 mil milhões que tinham sido perdidos em 2020.
A recuperação foi interrompida pela variante Omicron no final de 2021 e início de 2022, esperando-se agora que os gastos globais com viagens de negócios em 2022 avancem 34% em relação aos níveis de 2021, para 933 mil milhões de dólares, ou seja, 65% dos níveis pré-pandemia.
A recuperação em 2022 foi amplamente impulsionada pela melhoria nos quatro fatores da recuperação global de viagens de negócios – o esforço global de vacinação, políticas nacionais de viagens, sentimento do viajante de negócios e política de gestão de viagens. No entanto, a deterioração das condições económicas e a mudança das tendências desaceleraram a recuperação global.
Assim, as viagens de negócios globais ficarão perto de atingir os níveis pré-pandemia em 2025, chegando a 1,39 biliões de dólares, com a marca dos 1,4 biliões a dever ser atingida apenas em 2026, ano em que se espera que ascendam a 1,47 biliões de dólares “Isto adiciona cerca de 18 meses à recuperação do setor face ao que tinha sido previsto no GBTA Business Travel Index anterior, divulgado em novembro de 2021”. O BTI 2022 indica que os maiores obstáculos para uma recuperação mais acelerada nas viagens de negócios globais são a inflação persistente, os altos preços da energia, os desafios da cadeia de suprimentos e a escassez de mão de obra, uma desaceleração económica significativa, bloqueios na China e grandes impactos regionais devido à guerra na Ucrânia bem como considerações emergentes de sustentabilidade.
Recuperação geográfica assimétrica
Ao todo, espera-se que os gastos globais com viagens de negócios ganhem 33,8% em 2022, no entanto, são esperadas diferenças nos principais mercados de viagens de negócios do mundo.
A América do Norte liderou a recuperação em 2021 – impulsionada em grande parte pelo rápido retorno das viagens domésticas. A Europa Ocidental foi a única região a testemunhar quedas de gastos no ano passado, com o impacto do Covid-19 mas espera-se que ambas as regiões experimentem as recuperações mais acentuadas com aumentos de crescimento anual de 23,4% (para 363,7 mil milhões de dólares) e 16,9% (para 323,9 mil milhões), respetivamente, até 2026.
A Ásia-Pacífico ajudou a liderar o setor em termos de recuperação de gastos em 2021, principalmente na China mas esse panorama foi revertido em 2022, pela política de Zero-Covid da China. Para 2022, espera-se um sólido aumento de 16,5% nos gastos na APAC, com a região a recuperar para 66% dos níveis pré-pandemia até o final de 2022.
Os gastos com viagens de negócios na América Latina cresceram modestamente em 2021, devido ao ritmo mais lento da vacinação. Agora prevê-se um crescimento de 55% nos gastos na América Latina para este ano, à medida que as viagens de negócios se recuperam para 83% dos totais pré-pandemia.
Executivos acreditam na retoma
No passado mês de julho, a GBTA entrevistou mais de 400 viajantes frequentes de negócios e cerca e meia centena de decisores. 85% dos viajantes de negócios disseram que precisam viajar para atingir suas metas de negócio e mais de três quartos disseram que esperam viajar a trabalho mais ou muito mais em 2023 do que em 2022.
Já 84% dos responsáveis pela gestão das viagens expressaram confiança de que seus gastos com viagens aumentariam um pouco ou significativamente em 2023 em comparação com 2022, apesar de a grande maioria concordar que a inflação/aumento dos preços afetará os volumes de viagens.