Este ano o novo destino é Puglia mas Nuno Anjos afirmou que o Viajar Tours tem “alguns destinos na manga” para 2025
Entre os vários destinos que o Viajar Tours colocou no mercado para este verão, a novidade Puglia está a ser uma “agradável surpresa” e Djerba pode ser o “destino estrela”. Quem o afirma é Nuno Anjos, diretor comercial do operador, com quem fizemos um balanço das várias operações charter até ao momento, e aproveitámos, também, para falar da programação em voos regulares, entre outros temas.
Nuno, quando se iniciou a colocação da oferta no mercado, a perspetiva era a de que este ia ser um ano muito bom, um ano relativamente fácil para a programação que estava a ser colocada no mercado. Agora, que já estamos em julho, que ponto de situação se pode fazer?
Primeiro existia uma expectativa cautelosa, porque era conhecido que nos anos imediatamente a seguir à pandemia as pessoas tinham mais poder de compra, dadas as poupanças que tinham feito durante a pandemia, e aquilo que foi a nossa leitura para este ano era que os portugueses já teriam mais contenção nos gastos de férias do que nos anos imediatamente posteriores à pandemia.
No Viajar Tours, a nossa expectativa era que a nível dos produtos que colocámos no mercado, haveria, de facto, procura. Apostámos num novo destino, que foi Puglia, e optámos por não aumentar lugares naqueles que eram já os nossos destinos tradicionais. Por isso, podemos dizer que o ano está em linha com aquilo que nós havíamos pensado, ou seja, não houve um aumento de consumidores, houve uma regulação de consumidores, e isso também aconteceu ao nível do orçamento que tinham disponível para as suas férias.
Então, a vossa aposta esteve na colocação de um novo destino no mercado, que de resto era uma novidade, e depois manter mais ou menos a programação do ano anterior em termos do número de lugares?
Sim, houve um aumento do número de lugares através da nova operação, e passámos também a ter lugares em risco com a companhia aérea Tunisair para a Tunísia continental, à partida de Lisboa, mas para os outros destinos continuámos a ter a mesma oferta.
Numa análise mais “fina” pedia que separássemos os destinos que vocês programam em charter no Norte de África, nomeadamente Djerba, Monastir e Saidia. Como está a procura destes destinos até agora?
A procura por Djerba este ano, tem ultrapassado as nossas expectativas, ou seja, está superior àquilo que foi o ano passado.
Djerba poderá ser o destino estrela deste ano estando até um pouco mais caro do que o ano passado. Saidia decresceu um pouco devido a algumas dificuldades sentidas em anos anteriores a nível da qualidade do serviço na hotelaria que, diga-se em boa verdade, foi sentida em todos os destinos do Mediterrâneo devido à falta de mão de obra, mas Saidia, por causa daquilo que é a sua relação qualidade-preço, sentiu provavelmente mais do que outros destinos.
A Tunísia continental está mais competitiva em preço do que Djerba devido à oferta hoteleira
E a Tunísia Continental?
A Tunísia Continental continua em linha com aquilo que foram os outros anos, tanto ao nível da disponibilidade que existe, como ao nível da procura. Não houve grandes aumentos da oferta, apenas o aumento da linha regular da Tunisair, mas pela ocupação dos voos que se regista até à data, podemos dizer que continua em linha.
Tradicionalmente a Tunísia Continental, por vários motivos, é um pouco mais cara do que o destino de Djerba?
Tradicionalmente era assim mas deixou de ser. Nesta altura, a Tunísia Continental é mais competitiva pelo número de hotéis que possui. É uma costa muitíssimo maior do que a de Djerba e face à disponibilidade hoteleira que existe no continente, que é superior à de Djerba, está naturalmente mais competitiva devido à oferta hoteleira que possui.
É claro que Djerba também segue, como todos os outros destinos, aquilo que é a lei da oferta e da procura, e à medida que vai existindo mais procura os preços também vão sendo superiores. Acresce que o mercado português não é dono do destino, existem também outros mercados emissores que fazem com que o preço possa ter maiores ou menores variações.
O mercado de leste tem vindo a subir em Djerba, na costa sul do Mediterrâneo, por assim dizer, tem vindo a ter um crescimento superior, mas em Djerba, de facto, nota-se bastante o aumento destes mercados.
“Puglia tem sido uma agradável surpresa pela recetividade que tem tido no mercado. É um destino incrível, seja pelas suas praias, seja pelas paisagens, como também ao nível da sua história, da sua cultura, das tradições que existem em toda a região”
Depois, têm a continuidade dos vossos charters para a Itália e para a Grécia. A única novidade aqui foi o charter para Puglia, à partida do Porto?
Não é a única, mas eu acho que é uma grande novidade. Continuamos a programar Creta à partida de Lisboa em voo charter com a Aegean Airlines e é um destino consolidado e em termos de procura continua a ter um nível de vendas muito similar à dos anos anteriores.
Já em Itália, há uns anos nós programávamos a Sardenha à partida de Lisboa mas devido às dificuldades do Aeroporto de Lisboa, que são por todos conhecidas, é claro que tivemos de mudar para o Porto. Neste momento, estamos com uma ocupação muito similar à dos anos anteriores, talvez mesmo um pouco acima.
Fizemos algumas alterações na nossa programação dentro do próprio destino, antes disponibilizávamos mais hotéis porque não estávamos obrigados a ter de entrar em garantia, mas a procura pelo destino por parte de outros mercados emissores levou a que tivéssemos de entrar também em garantia no mercado para salvaguardar o número de camas necessárias para o charter.
E fizeram uma concentração de hotéis, ou seja, têm menos hotéis…
Temos de nos adaptar aos mercados e aos destinos, lembro-me que no princípio das nossas operações para a Sardenha chegámos a programar 17 hotéis e atualmente temos três. São hotéis que têm vindo a consolidar o seu nome no mercado português e que estão cada vez mais adequados àquilo que é o nosso mercado e à forma de estar do turista português.
E o novo destino, Puglia?
Puglia tem sido uma agradável surpresa pela recetividade que tem tido no mercado. É um destino incrível, seja pelas suas praias, seja pelas paisagens, como também ao nível da sua história, da sua cultura, das tradições que existem em toda a região de Puglia.
A nível de vendas, está linha com aquilo que era a nossa expectativa. Este é o primeiro ano em que oferecemos este destino ao mercado, e sabemos que um primeiro ano é sempre mais difícil porque os agentes de viagens têm algum desconhecimento da região, o que influencia a forma como vendem o destino aos clientes – mas, como disse, tem sido uma agradável surpresa.
Itália tem sido um destino que tem vivido muito do mercado interno, mas a tendência dos últimos anos é que os italianos estão cada vez mais a fazer férias no exterior e isso faz com que se abra aqui uma janela de oportunidade e que outros mercados emissores, como o português, possam aproveitar.
Hoje, a hotelaria italiana, aquilo que os hotéis oferecem e a sua forma de estarem no mercado, é completamente diferente. Se já vai ou não ao encontro daquilo que são as expectativas dos turistas portugueses, por comparação a outros destinos que se trabalham bastante no nosso mercado, nós no Viajar Tours pensamos que sim, e prova disso é o histórico que já temos a trabalhar destinos em Itália.
Programação em voos regulares tem tido um crescendo de procura no Viajar Tours
Se compararmos as vendas do Viajar Tours até final de junho com as do ano passado no mesmo período, estão acima em termos de número de passageiros?
Estamos acima do ano passado muito por força do aumento de capacidade que foi posta este ano no mercado por via da abertura de um novo destino, que foi Puglia. O grosso das vendas foi realizado durante o período de reservas antecipadas, a que o mercado este ano reagiu ainda melhor do que no ano passado. No entanto, a quebra que tem vindo a verificar-se nos últimos tempos foi também superior às verificadas no ano anterior, portanto, temos aqui um equilíbrio a nível de volume de vendas perante as antecipadas e as de última hora, mas está superior ao do ano passado.
Têm apostado também em alguma programação em voos regulares. Já começa a haver resultados dessa aposta em termos das vendas?
Nota-se, e o Viajar Tours tem vindo a ter um aumento exponencial da procura de pacotes em voos regulares, e nós verificamos isso semanalmente, quer na Grécia, quer na Turquia, quer também em outros destinos como as Américas e a América Central, onde se inclui o Caribe e o Brasil, por força das ligações diretas da TAP. Temos ganho alguma quota no mercado, pela competitividade que apresentamos.
No ano passado o Viajar Tours não programou operações em risco para o final do ano. Este ano, como é que têm projetado para programar?
É verdade. Para este ano temos algumas ideias, estamos a decidir e depois iremos ver aquilo que poderá ou não ser realizável, mas estou em crer que muito em breve poderá haver decisões.
Ao nível do posicionamento no mercado, em termos de redes de distribuição, não tem havido grandes alterações, ou sentem que há?
Aquilo que temos vindo a verificar e não entrando naquilo que é a competitividade entre agrupamentos ou das redes, ou da sua maior ou menor força, aquilo que nós temos vindo a notar é que o número de RNAVTs atribuídos tem vindo a aumentar.
Aquilo que se tem verificado é que existem algumas agências que assentam o seu negócio em freelancers e existem muitos freelancers que, passado algum tempo, abrem a sua própria agência por já conhecerem um pouco da dinâmica do mercado.
Eu creio que é por aí que o mercado tem vindo a crescer a nível de RNAVTs atribuídos. Aquilo que é a maior ou menor presença dentro de cada agrupamento de agências, penso que todas elas têm vindo a crescer.
Os operadores turísticos começam a pensar no ano seguinte com meses de antecedência, e cada vez acontece mais isso. Vocês já têm uma ideia do que é que vai ser a programação em 2025?
Aquilo que gostaríamos que 2025 trouxesse ao mercado português, nós já o sabemos, e tal como disse anteriormente, em outras alturas, nós temos ainda alguns destinos na manga que gostaríamos de trazer para o mercado português. Se o mercado está ou não preparado para esses destinos, é uma questão que estamos a analisar.
Além disso, temos que ter em conta as dificuldades causadas pela falta de slots em Lisboa, e o facto de existirem alguns “muros” que temos de deitar abaixo por causa daquilo que é disponibilizado em termos do espaço aéreo, nos aeroportos portugueses.
Mas aquilo que vocês pensam será sempre dentro da Europa?
É o mistério.