Equilíbrio entre turismo, sustentabilidade e qualidade de vida é a chave para o sucesso do turismo nos Açores
A receita foi dada pela presidente da Câmara de Vila do Porto, na abertura do Encontro da Casas Açorianas – Associação de Turismo em Espaço Rural, em Santa Maria. Bárbara Chaves destacou as valências desta “ilha de mar, de experiências e de sabores” que quer ser “uma ilha de futuro”. Para isso há que ultrapassar desafios como o do (inexistente) transporte marítimo de passageiros.
Começou por isso por uma descrição da história da “ilha que fez surgir os Açores” e que “nasceu duas vezes”, feito que lhe permitiu ser “tão rica em termos ambientais e paisagísticos” e uma ilha que tem também “um valioso património” ao nível da aviação civil, que a autarca de Vila do Porto iniciou a sua intervenção, afirmando, também, que Santa Maria é uma ilha de “céus” mas “com os pés bem assentes na terra” e, sobretudo, de olhos postos no futuro.
“Queremos ser uma ilha de futuro e com futuro”, afirmou Bárbara Chaves reconhecendo que para atingir esse futuro “temos ainda muito que fazer localmente”, nomeadamente “pondo em prática políticas de sustentabilidade que olhe o território como um todo” e “criando sinergias em áreas preponderantes para o desenvolvimento integrado” como o turismo, o ambiente, os transportes, a inovação e a cultura, entre outras que enumerou.
Para a autarca de Vila do Porto “falar de turismo em Santa Maria é incentivar e apoiar os empresários que investem em produtos e serviços com preocupações sociais e ambientais de qualidade inigualável”. É também “promover as particularidades das nossas experiências turísticas” caso dos trilhos pedestres e dos trilhos cicláveis, que promovem a natureza, mas também do mergulho com jamantas e tubarões-baleia que considerou ser “uma experiência única” e ainda os eventos culturais que estão a alargar-se ao longo de todo o ano, o turismo ornitológico e a gastronomia local.
Falar de turismo em Santa Maria, prosseguiu, é também “salvaguardar e divulgar o nosso património ambiental, associando as suas particularidades a uma procura turística especializada e até científica”, com destaque para o geoturismo, sendo Santa Maria o único lugar na Europa com jazidas fósseis a céu aberto. Soma-se, ainda, a valorização dos recursos que tornam a ilha única, caso das suas casas típicas e da paisagem vitivinícola.
É urgente reativar as ligações marítimas de passageiros para a ilha de Santa Maria
A autarca sublinhou também que não se pode falar de turismo em Santa Maria sem falar de acessibilidades e neste ponto considerou que há que ir mais além, “ter mais e melhores acessibilidades” para servir a população e para melhorar a circulação dos visitantes. Neste sentido recordou que a autarquia tem trabalhado em conjunto com a SATA mas que, dada a manifesta impossibilidade de a companhia aérea açoriana colocar muito mais lugares para Santa Maria, as ligações marítimas, que não existem, poderiam colmatar as necessidades – uma situação que considerou confrangedora e que urge ser resolvida.
Os desafios que Santa Maria enfrenta são muitos mas os empresários do turismo “têm conseguido colmatá-los, sendo um exemplo de resistência e de resiliência” pelas dificuldades que enfrentam, nomeadamente no que se refere à falta de mão de obra qualificada e à sazonalidade.
A terminar, Bárbara Chaves afirmou que “importa ter turistas que criem valor na nossa economia mas importa manter a sustentabilidade e a qualidade de vida dos residentes. É nesse equilíbrio que está a chave do sucesso para o turismo nas nossas ilhas dos Açores”.