Em “falência técnica” SATA ‘puxa para baixo’ resultados do Setor Empresarial Regional dos Açores

Apesar de as empresas do Grupo SATA terem diminuído o seu passivo em 2023, a SATA continua em “falência técnica”, sendo apontada, pelo Conselho de Finanças Públicas, como o caso mais grave entre as empresas do Setor Empresarial Regional (Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira), o qual, aliás apresenta resultados líquidos negativos.
O Conselho das Finanças Públicas (CFP), organismo independente que fiscaliza o cumprimento das regras orçamentais em Portugal e a sustentabilidade das suas finanças públicas, divulgou esta quarta-feira, 4 de dezembro as conclusões da sua análise ao Setor Empresarial Regional, que abrange as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Em traços genéricos, a análise aponta para resultados líquidos negativos deste setor em 2023, apesar de o PIB de ambas as Regiões Autónomas ter aumentado. Segundo o documento do Conselho de Finanças Públicas, “em 2023, o conjunto das empresas do Setor Empresarial Regional registou um resultado líquido negativo que se refletiu em cada uma das regiões autónomas”,
No que se refere ao Setor Empresarial Regional da Região Autónoma dos Açores (SERAA), o Conselho das Finanças Públicas aponta que, apesar de a retoma da atividade económica em 2023 ter tido reflexos “no aumento do volume de negócios e melhoria do desempenho operacional, o que se traduziu num nível mais elevado de EBITDA, EBIT e VAB do conjunto das empresas”, esta evolução “não teve efeitos significativos no resultado líquido agregado das empresas, que permaneceu negativo”.

Transportes e armazenagem e ainda a saúde, são os sectores que mais impactam nos resultados negativos do SER, sendo que, ao nível dos transportes e armazenagem, setor que “continua a apresentar capitais próprios negativos”, a maior responsabilidade cabe às empresas do Grupo SATA. Esta situação afirma o Conselho, “reforça a necessidade de continuar a restruturação da SATA, de forma a garantir a sua sustentabilidade, continuidade de operação e minimização do esforço financeiro da Região”.
Ainda assim, o VAB calculado para o SERAA indica um aumento de 21,3% em 2023, para o qual contribuiu “sobretudo a variação positiva do VAB das empresas do Grupo SATA”, que contribuíram, também, para a diminuição do passivo do Sector Empresarial Regional dos Açores nas áreas dos transportes e armazenagem.
“Importa referir que na RAA a diminuição do passivo é fortemente influenciada pela diminuição do passivo das empresas do grupo SATA (-490,8 M€) (…) inflacionada pela criação da empresa SATA Holding (não contabilizada para análise neste relatório), que, tendo em conta o plano de reestruturação, agregou passivos das empresas do grupo”, sublinha o relatório.

No mesmo texto pode ler-se que “em 2023, o capital próprio das empresas do SER aumentou 258,1 M€, elevando-o para 1.739 M€”, com o SERAM a ser responsável por 1 155 M€ do total, e o SERAA por 638,2 M€. Esta “diferença considerável (…) é explicada pelos capitais próprios negativos das empresas do grupo SATA”.
O Conselho de Finanças Públicas aponta seis empresas em “falência técnica” nas Regiões Autónomas, sendo que a SATA é considerada como o caso “mais gravoso”, uma vez que “duas empresas do grupo SATA representam 83% do valor negativo global do SER”.
O relatório do Conselho de Finanças Público pode ser acedido aqui.