Em 2024 o mercado espanhol “cresceu a dois dígitos” para a VIP Hotels, avançou Miguel Cymbron

A VIP Hotels viveu, em 2024, o seu melhor ano de sempre, segundo revelou ao Turisver Miguel Cymbron, diretor de marketing e vendas do grupo. Sem novas unidades a abrirem este ano, as perspetivas para este ano apontam, no entanto, para um crescimento de 5%, se não houver alterações ao nível geopolítico.
Ainda estamos a iniciar o ano de 2025, pelo que começo por perguntar como é que foi o ano passado para a VIP Hotels?
O ano 2024 foi o melhor de sempre para o grupo. Foi um ano muito positivo, tanto para os Açores como para Lisboa e conseguimos alcançar valores nunca antes atingidos.
O que é que o surpreendeu em termos de mercados com que vocês trabalhassem menos em anos anteriores e tivessem registado subidas significativas em 2024?
Nós tivemos a Ásia, que não foi bem uma surpresa, foi antes uma confirmação. Em alguns casos tratou-se de um retorno, noutros uma consolidação ou mesmo aumento. O mercado japonês, por exemplo, foi um claro retorno, já o mercado chinês foi uma afirmação.
Mas tivemos outros mercados asiáticos que eram menos significativos e que, hoje em dia, começam a ser mais significativos, especialmente a Coreia do Sul e Índia que começam a aparecer nos nossos ‘tops’.
A surpresa que nós tivemos, claramente, teve a ver com um mercado que não é propriamente turístico, que foi Moçambique, onde nós tivemos, de facto, números bastante significativos, que poderão ter alguma coisa a ver com a instabilidade que se está a gerar no país e nós, sendo uma cadeia hoteleira conhecida lá, porque temos hotéis em Moçambique, temos uma propensão maior para este mercado, mas de facto os nossos números no mercado de Moçambique mais do que duplicaram. De resto, as coisas mantiveram-se.
“Hoje em dia, os circuitos tradicionais que existiam, aquele mercado de um nível de médio-baixo, já não aparece em Lisboa – pelo menos para nós, não existe -, ou seja, foi um mercado que cresceu mais no corporativo, no MICE, no nível de cliente”
E o mercado espanhol, como é que está?
O mercado espanhol é o nosso segundo mercado, depois do nacional, em 2024 cresceu a dois dígitos, e cresceu de uma forma muito diferente do que existia. Hoje em dia, os circuitos tradicionais que existiam, aquele mercado de um nível de médio-baixo, já não aparece em Lisboa – pelo menos para nós, não existe -, ou seja, foi um mercado que cresceu mais no corporativo, no MICE, no nível de cliente.
Essa alteração também tem a ver com o aumento que Lisboa foi tendo ao nível do preço médio do alojamento?
Claramente, digamos que já são os hoteleiros de Lisboa a fazer a sua própria seleção através do preço.
Fala-se cada vez mais na importância do mercado americano. Na VIP Hotels também sentem isso?
O mercado americano, hoje em dia, é um mercado bastante importante para nós, embora em 2024 não tenha sido um ano fantástico para nós em termos deste mercado. Acredito que isso tenha um pouco a ver com o facto de o número de cadeias internacionais de origem americana estar a crescer muito significativamente em Lisboa e, tradicionalmente, o cliente americano procura esse tipo de hotel.
O ano passado vocês tiveram algum aumento no número de camas?
Não, até tivemos uma redução. Nós tínhamos o hotel Berna, que tem 240 quartos, e que ficou reduzido a 86. São quartos que estão todos remodelados, os outros 154, estão em remodelação e por isso ficaram fechados.
Reabrimos o o VIP Suites do Marquês, que é um 4 estrelas suite hotel, com 84 suites, cada uma com uma dimensão mínima de 48 metros quadrados, e que foram mais de 84 unidades. Ou seja, fechámos 154 e pusemos 84, pelo que perdemos 70. Agora, o preço médio de um hotel como o VIP Suites, todo renovado, fantástico, todo com suites e que está a ter uma aceitação enorme com suites, compensa significativamente os quartos que perdemos.
Este ano, vão fazer alguma alteração à vossa oferta?
Não vamos fazer alterações, temos as coisas estabilizadas. O Garden está em renovação, mas ainda não é este ano que vêm cá para fora quartos novos. E o Suites já está em ‘fine tuning’ já, por isso vamos trabalhar com o inventário que temos.
Qual é a vossa perspetiva para este ano? O que é que vocês estabeleceram como patamar de crescimento?
Realisticamente, penso que o crescimento andará em torno dos 5%, desde que toda a conjuntura internacional se mantenha constante, se houver variantes eventualmente será diferente.
Recordemo-nos que há cinco anos estávamos com um mês de Janeiro “a bombar”, com uma perspetiva fantástica, e passado um mês estávamos todos fechados em casa.