Eduardo Jesus: “2022 foi o melhor ano de sempre nos mais de dois séculos de turismo na Madeira”

Em entrevista ao Turisver, o secretário Regional do Turismo e Cultura da Região Autónoma da Madeira garante que 2022 “foi o melhor ano de sempre nos mais de dois séculos de turismo” daquele arquipélago, com um final de ano a registar “ocupações plenas”. A aposta em novos mercados como os EUA, Canadá e Brasil vai continuar em 2023, um ano em que a região marca novamente presença na Bolsa de Turismo de Lisboa.
Já é possível fazer um balanço do número de turistas que visitaram a Madeira em 2022?
Os números totais de 2022 estão a ser ultimados estatisticamente. No entanto, há, desde já, um dado muito importante a reter: é que foi o melhor ano de sempre nos mais de dois séculos de turismo da Madeira.
Houve algum mercado que se destacasse mais?
O ano de 2022 reafirmou a tendência de 2021 e de 2020, com o mercado polaco a surgir como o quinto melhor para o destino, atrás do Reino Unido, da Alemanha, de Portugal e de França, que se mantiveram.
Em 2021, os mercados de Leste chegaram a representar no verão cerca de 8% do turismo na Região.
Em relação ao Natal e Passagem de Ano passados, notou-se o elevado número de turistas durante esse período na ilha da Madeira. Houve um crescimento em relação a 2021?
Até novembro tínhamos registado no alojamento turístico 8,9 milhões de dormidas, que ultrapassa o registo completo de qualquer ano anterior.
Tivemos um bom mês de dezembro, com um fim do ano com ocupações plenas, pelo que este número aumentará, reforçando o bom desempenho de 2022. São resultados conseguidos pelo trabalho que desenvolvemos desde o início da pandemia nos cuidados de saúde pública, das medidas adequadas tomadas em cada momento e do diálogo permanente com o setor que permitiu à Região oferecer a confiança que o viajante procurava.

“Em termos de novidades para 2023, podemos referir novas rotas como as de Espanha, das cidades de Valência e Málaga e de França, a partir do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris”
Estão já a preparar o Carnaval, que é também um cartaz já muito conhecido da Madeira. Que tipo de promoção está a ser feita e quais as perspetivas em termos de ocupação para essa época festiva?
O Carnaval faz parte do calendário de animação turística da Madeira há muitos anos. Nesse âmbito, é promovido como os demais eventos nas ações de promoção e de marketing que desenvolvemos nas mais diversas plataformas.
É um evento afirmado que atrai, também, por si, os viajantes que reconhecem a qualidade do nosso Carnaval e, por isso mesmo, procuram o destino para vivenciarem toda a oferta da programação cuidada que tem como ponto alto o cortejo alegórico, que percorre as avenidas do litoral do Funchal com as várias trupes.
Na edição deste ano, contamos com 12 trupes que envolvem cerca de 1.500 foliões. Estes mesmos grupos voltam a atuar na semana seguinte à realização do cortejo no denominado Carnaval da Avenida, na Placa central da Avenida Arriaga, na capital madeirense, onde existirá o “Mercadinho de Carnaval” com produtos da Região e muita animação todos os dias.
Em 2022 foram abertas rotas com algumas companhias aéreas, enquanto outras aumentaram o número de frequências. Estão pensadas novas rotas para 2023?
As companhias e os operadores estão permanentemente a programar viagens e a Madeira tem vindo a beneficiar das suas apostas contínuas na Região que reconhecem oferecer, além das suas valências, um destino seguro.
Em termos de novidades para 2023, podemos referir novas rotas como as de Espanha, das cidades de Valência e Málaga e de França, a partir do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.
A instabilidade meteorológica a que se vem assistindo nos últimos anos faz com que o vosso aeroporto tenha de encerrar algumas vezes. Comprar antecipadamente um bilhete de avião pode ser uma “lotaria”. Como tentam minimizar estes contratempos?
Em 2022, a inoperacionalidade do Aeroporto da Madeira foi equivalente a 3 dias.
A ANA dispõe de um plano de contingência para lidar com essas situações e o setor está organizado e coordenado para minimizar o impacto que é sentido pelos viajantes.
As operações afetadas estão protegidas com mecanismos de salvaguarda que têm em conta os passageiros e as companhias aéreas.
De referir que o fenómeno não tem um comportamento único nem uma tendência assumida pelo que, no futuro, ocorrências desta natureza só dependerão das alterações climáticas que são comuns a tantos outros aeroportos.
A presença da Região Autónoma da Madeira na Bolsa de Turismo de Lisboa é já “obrigatória”. Como se irão promover este ano?
Tal como nos anteriores, a Madeira estará presente na BTL com a mesma determinação de sempre no sentido de reforçar todo o trabalho que a Associação de Promoção da Madeira desenvolve o ano inteiro para captar turistas nacionais e dos mais variados mercados.
Estamos cientes que a Bolsa de Turismo de Lisboa constitui uma montra privilegiada, pelo que, ano após ano, continuamos a dedicar uma especial atenção à maior feira do setor em Portugal para que possamos sobressair na nossa oferta de férias perante os portugueses.
O mercado nacional é muito importante para a Madeira, tendo sido mesmo em 2021 o melhor para o destino.
“A Associação de Promoção da Madeira (…) continuará a apostar em novos mercados como o dos Estado Unidos da América, de onde temos este ano uma operação o ano inteiro, e ainda no Canadá e no Brasil”
Em relação a mercados emissores haverá alguma promoção do destino específica?
A Associação de Promoção da Madeira mantém o trabalho no terreno junto dos mercados tradicionais, onde sobressai a Europa, pela proximidade, e continuará a apostar em novos mercados como o dos Estado Unidos da América, de onde temos este ano uma operação o ano inteiro, e ainda no Canadá e no Brasil.
Além destes, mantemos o foco para estarmos presentes em todos os potenciais mercados que possam constituir um reforço de operações ou que reúnam condições para que novas ligações aconteçam.
Vêem-se muitos turistas jovens na Madeira, isso significa que estão a propor outro tipo de oferta turística?
O turismo jovem está a reagir positivamente à recuperação do turismo na Madeira. Acontece por um conjunto de circunstâncias como o lançamento da nova marca do destino Madeira e devido à comunicação que empreendemos durante a pandemia que muito contribuiu para acelerar as mudanças.
A Região, com uma oferta de eventos e experiências ao longo de todo o ano, constitui-se, naturalmente, como um forte atrativo para os turistas jovens, mantendo igualmente acesa a atratividade pelo viajante menos jovem. Para nós, todos os turistas, independentemente das suas idades, são importantes.
Os nómadas digitais têm também um lugar “especial” na ilha. Esta é uma tendência que veio para ficar?
A Região Autónoma da Madeira investiu muito na captação dos nómadas digitais. Sobressaímos pelo pioneirismo ao criar um ambiente único para os acolher com a instalação da Nomad Village, no Centro Cultural John Dos Passos, na Ponta do Sol.
A comunicação feita neste âmbito, então, que continua, ampliou as nossas potencialidades. Estamos em crer que é uma tendência que veio para ficar na Região porque criamos condições para que os nómadas digitais se sintam motivados a optar pela Madeira em detrimento de outros destinos.
Quais as perspetivas para o ano que agora começa em termos de ocupação e de recuperação turística depois de dois anos assolados pelo Covid?
Continuaremos a trabalhar em 2023 para nos anteciparmos, como sempre fizemos. Neste sentido, manteremos o empenho em explorar novas oportunidades, apoiando-as, e reforçando as atuais operações para o destino Madeira.
Olhamos para 2023 como um ano de consolidação do salto que se deu em 2022. O setor muito mais valorizado, com outra rentabilidade e, consequentemente, reforçado para, por um lado, amortecer o prejuízo causado pelos anos de pandemia e, por outro, para afirmar o posicionamento conseguido, o que, naturalmente, o dotará de meios para valorizar a oferta e continuar a ser a referência que é no contributo económico regional.