Eduardo Fairen, CEO da TAAG: Hub em Luanda abre África aos passageiros portugueses
A partir de dia 15, a TAAG vai ter 12 voos por semana entre Luanda e Lisboa que irão ser complementados por voos da capital angolana para o Porto, neste caso com escala em Madrid. O Turisver entrevistou Eduardo Fairen Soria, CEO da TAAG, para conhecer a estratégia da companhia, para Portugal e outros destinos da Europa e de África.
Quais têm sido as prioridades da TAAG na retoma dos voos após a pandemia?
A retoma de voos foi naturalmente um marco importante naquilo que era o regresso á «normalidade» no que toca a mobilidade de passageiros, num mundo global e que estava acostumado à livre-circulação. Tem sido particularmente importante após a retoma ter uma comunicação muito assertiva com o público, nomeadamente sobre as condições de acesso a determinados destinos dado que cada geografia pode ter políticas sanitárias diferenciadas. Ao nível do negócio e operações, sendo um trabalho contínuo foi feita uma reavaliação da sustentabilidade de rotas, tendo sido retomados os destinos elegíveis após esse exercício.
Quais são os objetivos que se propõem atingir este ano, em relação a voos para Portugal?
É nosso objetivo continuar a assegurar a rota e aumentar frequências de acordo a procura do mercado e recursos associados. A partir de 15 de Junho, as saídas de Luanda serão (bi)diárias à segunda, quarta, quinta, sexta-feira e sábado e voo único à terça-feira e domingo com destino a Lisboa. Quanto ao norte de Portugal, iremos retomar as ligações ao Porto, neste caso com escala em Madrid. Ao abrigo do acordo de codesharee interline que a TAAG tem com a IBERIA, teremos o itinerário Luanda -Madrid – Porto, sendo o percurso Luanda <-> Madrid (operado pela TAAG) e o percurso Madrid <-> Porto (operado pela Iberia), tudo integrado num bilhete único. Esta fórmula permite o regresso de uma ligação estratégica ao norte de Portugal, um destino igualmente com elevada procura junto do segmento corporativo e também particular.
Em 2018/19 a TAAG parecia estar a desenvolver um hub em Luanda, para potenciar a oferta de ligações a passageiros europeus, nomeadamente a portugueses, a outros destinos de proximidade em África. Essa estratégia é para retomar?
Sim. A estratégia estabelecida para a TAAG passa pela definição de objetivos «país» e empresariais: criar e explorar oportunidades comerciais, económicas, culturais e turísticas entre o continente africano e a Europa. Luanda pode tornar-se num polo estratégico que permite a promoção do turismo empresarial e de lazer na sub-região da África Austral. A sólida posição geográfica de Luanda oferece a oportunidade de estabelecer ligações regionais (África-África), Leste-Oeste (Ásia – África – América) e Norte-Sul (Europa – África) e, consequentemente, aumentar ou dar suporte ao fluxo de pessoas a nível internacional e intercontinental, com especial enfoque na lusofonia, nomeadamente cidadãos de Portugal ávidos de explorar outros destinos.
Que ligações a países africanos já retomaram?
Ao nível regional no continente africano temos ativos sete destinos, nomeadamente, África do Sul (Joanesburgo, Cape Town) Namíbia (Windhoek), Moçambique (Maputo), São Tomé e Príncipe (São Tomé), Nigéria (Lagos), República Democrática do Congo (Kinshasa).
“O acordo com a Iberia já compreende justamente esse ponto [a abertura de rotas de Luanda para outros países europeus]. Ou seja, a ligação Luanda – Madrid é a rota-chave, sobre a qual múltiplas possibilidades se abrem no acesso a outros países da Europa, incluídos na rede da Iberia”
A TAAG vai iniciar este mês a rota LAD/MAD/LAD, esta é uma rota estratégica para a companhia? Quantos dias voarão por semana e qual a configuração da aeronave?
Primeiramente, é uma parceria estratégica celebrada entre a TAAG e a Iberia, um modelo colaborativo e win-win para ambas companhias. É um acordo que aumenta a nossa oferta, capilaridade de itinerários em que cada entidade faz uso da rede já estabelecida do parceiro. Esta nova ligação permitirá aos passageiros que viajam da rede TAAG a partir de África, e via Madrid, ter acesso a toda à rede da Iberia na Europa, América Latina e América do Norte, chegando a 134 destinos em 43 países. Os voos comerciais LAD/MAD/LAD vão iniciar no dia 27 de junho. A TAAG terá dois voos semanais entre Luanda e Madrid, operado por um Boing 777-300ER com a capacidade de 293 lugares, 12 na classe business plus (layout 1-2-1), 56 lugares na classe standard business (layout 2-3-2) e 225 lugares na classe económica (layout 3-3-3).
Além de Portugal, de Madrid a TAAG perspetiva abrir rotas de Luanda para outros países europeus? Vão fazê-lo ainda este ano?
Na verdade, o acordo com a IBERIA já compreende justamente esse ponto. Ou seja, a ligação Luanda – Madrid é a rota-chave, sobre a qual múltiplas possibilidades se abrem no acesso a outros países da Europa, incluídos na rede da Iberia. Na perspetiva da TAAG e sempre com escala em Madrid, passamos a oferecer mais de 30 cidades europeias como destino final, nomeadamente: Portugal (Porto), Alemanha (Frankfurt, Munique, Dusseldorf, Berlin, Hamburgo), Itália (Roma, Milão, Bolonha, Veneza) França (Paris) Bélgica (Bruxelas) Reino Unido (Londres, Manchester), Espanha (Madrid, Barcelona, Sevilha, Valencia, Málaga, Corunha, Palma de Mallorca, Vigo, Alicante, Ibiza, Bilbao, Tenerife, Gran Canaria, Fuerteventura, Lanzarote, etc.).
Já está finalizado o acordo com os TACV? Que contornos vai ter essa parceria?
Sim o acordo está estabelecido. Trata-se de uma cedência de uma aeronave TAAG para a companhia de Cabo-Verde, TACV em regime de “leasing”. No caso, um Boeing 737-700 à foi disponibilizado à TACV para apoiar na sua necessidade de operacionalizar os respetivos voos. O programa de leasing foi iniciado com uma aeronave com perspetivas de incremento se assim se justificar no futuro.
Frota da TAAG conta com 20 aeronaves
Qual é a atual frota internacional da TAAG? Estão previstas algumas alterações para este ano?
A frota TAAG é composta pelos modelos Dash 8-Q400 (5 aeronaves), Boeing 737-700 (7 aeronaves) Boeing 777-200 (3 aeronaves) e Boeing 777-300 (5 aeronaves). O crescimento da operação é sempre uma meta organizacional, e sem apontar datas específicas, podemos dizer que questões como reforço da frota estão em aberto e com processos ongoing conduzidos pela Administração C-level.
Por fim gostaria de lhe perguntar se para além do tráfego étnico e de negócios, vê possibilidade de voltarem a existir fluxos de passageiros de turismo entre Angola e Portugal?
O turismo é sempre um dos grandes fundamentos para as viagens para Portugal, e acreditamos que os fluxos tenderão sempre a crescer. A tendência é para o desanuviamento das restrições relacionadas a pandemia Covid-19 e tal irá potenciar novamente a atratividade de algumas atividades relacionadas ao turismo. O interesse de passageiros oriundos de Angola para viagens de turismo a Portugal é muito forte, e o contrário também vai acontecer, pois existe um grande potencial em Angola para o turismo, dada a diversidade que o país oferece, e cada vez mais empresários apostados em investir no segmento.