Dora Lopes e Fernando Bandrés estão de acordo: A procura por São Tomé e Príncipe está a crescer

O operador turístico Sonhando fez esta quarta feira uma apresentação de São Tomé e Príncipe para as agências Viagens El Corte Inglês. À margem do encontro, a que o Turisver assistiu, falámos com Fernando Bandrés, diretor comercial da Sonhando e com Dora Lopes, diretora do Departamento de Marketing e Produto da VECI para sabermos como está a procura para o destino.
A Sonhando tem apostado em São Tomé e Príncipe, inclusivamente já fez este ano uma famtrip com agentes de viagens. Essa estratégia tem resultado?
Fernando Bandrés – Ao longo deste ano e dois meses em que estou na Sonhando, temos tido um crescimento sustentado das vendas do destino São Tomé e Príncipe, especialmente no inverno 2022-2023 porque no verão há muito mais oferta no mercado em destinos charter e São Tomé acaba por perder um pouco a sua relevância dentro das nossas vendas.
Mesmo assim, este é um dos destinos em que temos sentido maior aumento de vendas, partindo de uma base de faturação que já era relativamente elevada. Por isso, sim, a estratégia tem funcionado muito bem.
Nas agências da Viagens El Corte Inglês o destino São Tomé tem peso nas vendas de viagens?
Dora Lopes – Sem dúvida, São Tomé é um destino com muita procura, um pouco até pela identificação que o cliente português sente com aquele país. É uma procura que se sente ao longo de todo o ano e que abrange vários tipos de clientes, desde famílias a casais e luas-de-mel, ou seja, é um destino com potencial a todos os níveis.
Sendo um destino que ainda apresenta algumas debilidades, nomeadamente em termos de infraestruturas, na Viagens El Corte Inglês apresentamos sempre uma garantia de soluções de qualidade e segurança.
“ …é uma viagem muito emocional e sensibilizar os clientes para certos detalhes e para questões como a de levarem consigo bens que para nós são básicos, faz também parte do serviço do agente de viagens, é o “plus” que o cliente procura quando vem a uma agência, esse é o elemento que nos diferencia enquanto agentes de viagens”
Dora Lopes, diretora do Departamento de Marketing e Produto da Viagens El Corte Inglês
Quando o cliente vai para este destino está consciente daquilo que vai encontrar?
Dora Lopes – Eu acho que cabe ao agente de viagens transmitir essa consciência ao cliente. Os clientes vão a São Tomé pela praia mas também pela história, pela cultura, pelas tradições, ou seja, é uma viagem muito emocional e sensibilizar os clientes para certos detalhes e para questões como a de levarem consigo bens que para nós são básicos, faz também parte do serviço do agente de viagens, é o “plus” que o cliente procura quando vem a uma agência, esse é o elemento que nos diferencia enquanto agentes de viagens.
A Sonhando trabalha com duas companhias aéreas, da “casa” que é a STP Airways e a TAP. Quem é que escolhe?
Fernando Bandrés – Quem escolhe é o cliente. É evidente que a TAP, como tem uma frequência diária, oferece maior flexibilidade até para construir pacotes que não sejam de sete ou 14 noites. Há muitos clientes, principalmente os que procuram os combinados com a ilha do Príncipe, que optam por pacotes de 10 ou 12 noites. Claro que vendemos as duas companhias mas temos uma empatia especial pela companhia da “casa”, onde temos concentrada a maior parte dos lugares garantidos que temos na programação, mas quem acaba sempre por escolher é o cliente.


A TAP é capaz de ser mais fácil de vender porque ainda é uma referência nacional…
Dora Lopes – Ainda é uma referência nacional sim, mas já começa a haver clientes que não são assim tão favoráveis à TAP, pelas situações que todos conhecemos. No caso de São Tomé, a flexibilidade que a TAP permite é o principal fator de escolha. Às vezes o fato de haver allotment com a STP possibilita tarifas mais económicas e pacotes mais apelativos e isso pode ser a diferenciação que o cliente procura quando quer apenas sete noites.
Há cerca de dois anos alguém me pedia conselhos sobre destinos para a lua de mel e ficou muito espantado quando aconselhei a ilha do Príncipe. Dei uma boa opção?
Dora Lopes – Na minha opinião, totalmente. Não há lugar melhor para se estar consigo próprio, namorar, conversar, contemplar…
“Costumo dizer que em São Tomé, a perceção que se tem do destino vai mudando desde o primeiro até ao último dia e regressa-se com uma sensação muito boa, o que passa muito não só pelas instalações hoteleiras mas também pela simpatia das pessoas e a forma como recebem os clientes”
Fernando Bandrés, diretor comercial do operador turístico Sonhando
Os hotéis ainda são um problema ou já não é tanto assim?
Fernando Bandrés – Não. Neste momento, o principal handicap que o destino tem reside nas ligações aéreas, nomeadamente as ligações entre São Tomé e a ilha do Príncipe.


A nível da hotelaria, há cada vez mais hotéis para todas as bolsas. Começa a haver unidades hoteleiras menos conhecidas no mercado português porque são hotéis de exploração local mas que, mesmo assim, cuidam da qualidade do serviço e do atendimento. Penso que em São Tomé as pequenas “falhas” que podem ser sentidas na hotelaria são compensadas pela simpatia dos funcionários. Costumo dizer que em São Tomé, a perceção que se tem do destino vai mudando desde o primeiro até ao último dia e regressa-se com uma sensação muito boa, o que passa muito não só pelas instalações hoteleiras mas também pela simpatia das pessoas e a forma como recebem os clientes.
Quem é que procura mais o destino? Os jovens ou pessoas com mais idade que ainda associam muito o facto de São Tomé ter sido uma colónia portuguesa?
Dora Lopes – Com toda a sinceridade, acho que é um destino que abrange todos os segmentos. Tendo estado muitos anos ligada às vendas, verifiquei interesse por parte de jovens e grupos de jovens entre os 20 e os 30 anos em explorarem o destino, alugando carro com motorista e guia mas também de pessoas de 50 ou mais anos que sentiam o desejo de viver in loco essa ligação à cultura portuguesa e de famílias, embora normalmente não com crianças muito pequenas, devido aos problemas que ainda existem ao nível dos cuidados de saúde.
Quando o cliente vos procura para ir a São Tomé, fala no Príncipe?
Dora Lopes – Basicamente pede São Tomé mas nós já estamos há uns bons anos muito focados em dar a conhecer o Príncipe. Claro que neste caso o preço da viagem é sempre mais elevado devido à ligação aérea e à própria hotelaria mas quase sempre conseguimos convencer o cliente a juntar as duas ilhas.


Ir a São Tomé e não ir ao Príncipe é como ir a Roma e não ver o Papa?
Fernando Bandrés –De certa forma sim, embora São Tomé tenha algumas belezas naturais que não ficam atrás de muitas das paisagens que se veem no Príncipe. O Príncipe tem a vantagem de ser uma ilha mais pequena, em que os próprios habitantes têm mais cuidados, nomeadamente ao nível da limpeza das ruas, e eu recomendaria sempre tentar fazer um pouco mais de esforço económico com a certeza de que quem vai ao Príncipe acaba sempre por dar por muito bem empregue o dinheiro que gastou a mais.