Daria Mironova: Diversidade e segurança do destino ditaram escolha de Portugal para expansão do Access Luxury Travel Show

Palco de reuniões de negócios de alto nível, está a decorrer no Porto até dia 24 de setembro, a 2ª edição do Access Luxury Travel Show (ALTS) Porto. O Turisver aproveitou para falar com Daria Mironova, Head of Business Development – Access Luxury Travel Show, sobre o evento na Invicta mas também sobre o a ALTS e o Turismo de luxo, em geral.
Começava por lhe perguntar o que é o ALTS, que objetivos procura cumprir e de que forma facilita o encontro entre os buyers convidados para os workshops e os suppliers dos destinos onde se realizam estes eventos?
O ALTS é um evento exclusivo que promove o setor do turismo de luxo, cujo grande objetivo é proporcionar relações entre buyers especializados neste segmento e os suppliers de produtos e serviços de luxo. É, acima de tudo, uma plataforma para facilitar a formação de parcerias e o desenvolvimento de negócios. Fomenta o networking, promove estes encontros através de reuniões presenciais e workshops, são sempre eventos que estruturamos de forma muito cuidadosa – até pelo grau de exigência que todos os participantes esperam de nós. No fim, pretendemos que façam negócio, que construam relações comerciais que resultem em vendas e parcerias a longo prazo.
Há que dizer que os fornecedores não são apenas do destino onde o evento se realiza, embora, claro está, tenhamos sempre uma boa participação de empresas da cidade ou país que o acolhem. Estas beneficiam, acima de tudo, da descoberta e das experiências que lhes proporcionamos no destino, quase sempre surpreendendo os buyers.
Dada a experiência de mais de 10 anos do ALTS, gostava que me desse a sua opinião sobre o crescimento do segmento de luxo na Europa e o desenvolvimento das ações do ALTS?
O segmento de luxo não é novo, claro, mas atualmente cresce por várias razões. Desde logo, porque há, na maioria dos países, um número crescente de pessoas com elevado poder de compra e que procura opções diferentes, e o luxo reflete exatamente isso. Procuram ofertas mais exclusivas, não acessíveis à maioria dos bolsos, querem sentir-se de certa forma únicos e reclamam esse direito. Os destinos e empresas que atuam neste segmento perceberam também que, numa Europa e num mundo onde o turismo se democratizou, com a massificação e o overtourism a acontecer um pouco por todo o lado, as condições estão criadas para apostar num turismo que privilegia a qualidade em vez da quantidade.
O ALTS tem procurado sempre estar à altura daquilo que os buyers nos pedem. Estes são a verdadeira força motriz por trás dos nossos eventos. Em cada edição aprendemos onde temos de inovar e melhorar para continuar a merecer a confiança dos nossos buyers e, consequentemente, termos algo para oferecer aos suppliers e aos destinos.
Luxo também é exclusividade e diferença
Em 2023 o ALTS realizou a sua 1ª edição em Portugal, destino por onde começou a sua expansão para o sul da Europa. O que é que levou à escolha de Portugal?
Portugal despertou por ser um destino de que se ouve falar muito, em muitos círculos, incluindo os do segmento de luxo. Depois é um destino com condições naturais fantásticas, óptimo clima, gastronomia, diversificado e muito seguro, que é um atributo muito importante para este negócio do turismo de luxo. Não vou dizer que seja o destino do luxo por si só, mas como disse anteriormente, o luxo por vezes é a exclusividade e a diferença. Em todo o caso, é um fato que começamos a ver muito mais oferta de luxo em Portugal.
O evento começou por se realizar em Lisboa, depois rumou à Madeira e vai realizar-se agora pela segunda vez no Porto, o único destino português que até agora recebeu duas edições…
Verdade. Sem qualquer demérito para os outros destinos, onde fomos sempre surpreendidos, o Porto é especial, até porque, desde logo, foi aqui que decidimos estabelecer a nossa sede. Talvez por conhecermos melhor, porque tivemos do turismo do Porto uma cooperação e apoio sempre muito disponível.
O que é que levou à repetição do destino? Quais as perspetivas da organização para este segundo workshop no Porto?
As expetativas são as melhores. Mas vamos esperar por quarta-feira para fazer um balanço. Mas temos muitas surpresas e espero consigamos surpreender, uma vez mais.
Dentro de um país, como é que o ALTS escolhe o destino onde vai realizar os seus worshops?
Umas vezes somos nós a contactar porque nos falaram (inclusive alguns dos nossos buyers) de uma determinada região, outras vezes – já começa a acontecer – são os destinos que nos procuram para propor realizarmos lá um evento.
As entidades oficiais, nomeadamente as regiões de turismo têm colaborado com o ALTS para a realização dos workshops?
Sem dúvida que sim. E até agora temos sempre tido uma colaboração excelente, notamos uma consciência muito grande em todos com quem contactamos da importância e relevância deste segmento de mercado.
“(…) há empresas em Portugal, sobretudo DMCs, mesmo que poucas, que mostram um conhecimento aprofundado deste segmento [turismo de luxo]”
Como especialista em viagens de luxo, perguntava-lhe se Portugal está a fazer o que é necessário para se implementar neste mercado, em comparação com outros a países europeus onde o ALTS também se realiza?
É sempre difícil responder a esta questão. Não há uma receita única para o sucesso de um destino neste mercado. Diria que tudo assenta sobretudo no conhecimento das pessoas que têm essa responsabilidade. O segmento de luxo não se trata da mesma forma que o segmento das famílias, ou do golfe, ou da aventura, ou dos eventos. Nem melhor, nem pior, mas tem também as suas especificidades. Talvez possa dizer que há empresas em Portugal, sobretudo DMCs, mesmo que poucas, que mostram um conhecimento aprofundado deste segmento, há muitas a quem falta algum caminho, e que a nível das autoridades turísticas, não me parece que seja ainda uma prioridade. Vamos encontrando nas regiões pessoas com muita vontade, algumas com experiência, mas talvez faça falta o País assumir uma clara priorização na aposta da sua promoção e políticas.
Tendo em conta que o segmento do turismo de luxo está a crescer a nível mundial, o que é que os buyers convidados do ALTS vêm à procura em Portugal?
A diferença, a exclusividade, as caraterísticas únicas do nosso país com um approach único. Que acaba por ser o que procuram noutros países e regiões neste segmento.
Podemos dizer aos nossos leitores que o ALTS vai ter mais edições em Portugal em 2025e 2026? Se sim, já pode saber-se onde e quando será a próxima?
Pode dizer que sim, vamos ter seguramente mais edições e em 2025. Estamos mesmo a ultimar o programa que anunciaremos em breve.