CTP quer Ministério para o Turismo. Pedro Nuno Santos não fecha a porta nem se compromete
No almoço-debate com o líder do PS promovido esta terça-feira pela CTP, Francisco Calheiros reivindicou um Ministério para o Turismo mas Pedro Nuno Santos fugiu a uma resposta direta. “Não vou fazer a composição do Governo aqui”, disse, garantindo no entanto que o turismo terá “a centralidade que ganhou por direito”.
Ao abrir a “agenda” das preocupações do turismo, o presidente da CTP, Francisco Calheiros, voltou a reivindicar um Ministério para o turismo, ao invés de uma Secretaria de Estado tripartida. Não por ‘teimosia’ mas porque, pela sua transversalidade, muitos problemas com que o setor se depara dependem de vários Ministérios. “Achamos que o Turismo deve estar sentado no Conselho de Ministros”, afirmou o presidente da CTP, referindo, a propósito, que todos consideram que o turismo é a grande actividade económica do nosso país, mas essa importância não tem reflexo ao nível da governance.
A questão que era direta mas ficou sem resposta direta. Pedro Nuno Santos não garantiu um Ministério mas também não fechou a porta a essa pretensão do setor. Afirmando que “eu não vou fazer a composição do Governo aqui”, o líder do Partido Socialista disse que “a única coisa que vos posso dizer é que o turismo tem uma centralidade na economia portuguesa, na vida portuguesa, a vários níveis, que não dá para ser ignorada”.
O turismo, continuou, “não é mais um sector” pelo que, garantiu, “terá a centralidade que o turismo ganhou por direito próprio. O Estado tem um papel importante, as políticas públicas têm um papel importante, têm que continuar a estar ao vosso lado, não tenho dúvidas nenhumas que os empresários fizeram a diferença ao longo destes anos”.
Garantiu por isso que “o Estado não quer, não vai atrapalhar e quer estar ao vosso lado para que o setor do turismo possa continuar a desenvolver-se”.
Papel do turismo na economia, emprego e coesão territorial em destaque
Antes, o candidato a primeiro-ministro já tinha destacado a importância do turismo, em várias vertentes, tendo enfatizado que a economia portuguesa está muito dependente do turismo.
“O peso do turismo na nossa economia é muito significativo, são 16% do PIB, e nas nossas exportações”, disse, sublinhando que “estamos a falar de uma economia que depende em grande parte do sector do turismo. Depende na produção de riqueza, na criação de emprego”, pelo que o turismo “justifica, pelo peso que tem na vida coletiva dos portugueses, que tenha uma atenção especial que seja proporcional à força do sector”.
Um setor que “contribuiu para o equilíbrio da nossa balança de pagamentos como muito poucos sectores em Portugal”, que é “fortemente exportador”, que tem tido um papel importante na revitalização das cidades e centros urbanos, que tem dado um grande contributo para a coesão territorial.
“O turismo consegue encontrar no nosso território o que infelizmente muitos outros sectores continuam a não encontrar e muitas regiões do nosso país tiveram no turismo um parceiro essencial para apresentar ao mundo grande parte do nosso território”, destacou Pedro Nuno Santos, defendendo que “se há setor que olha para Portugal como Portugal inteiro é, de facto, o setor do turismo”.
“Obviamente que nós não ignoramos a grande concentração do turismo em algumas regiões do país mas, a verdade, é que é este setor que tem proporcionado a muitas zonas do nosso território, que já tinham perdido a indústria, começaram a perder a agricultura, uma saída para o desenvolvimento e para as suas populações”, considerou.
Ainda assim, o líder do PS considerou essencial que a economia seja diversificada e que outros sectores sejam desenvolvidos e não apenas o turismo. Deixou, no entanto, claro que “querer uma indústria tecnologicamente mais avançada não significa que o país desistiu do turismo”.
“O que nós queremos é que os outros sectores consigam dar o mesmo contributo para a economia que dá o turismo. Não é menos turismo (…) é conseguir que os outros sectores possam também crescer e dar o seu contributo para o desenvolvimento nacional”, garantiu, sublinhando a importância de “não se olhar para os outros sectores como adversário mas como complemento”.