Congresso AHP: Tecnologia veio ajudar o MICE mas não se pode perder o contacto pessoal
A ideia, deixada por Paulo Monge, diretor-geral de Vendas da Sana Hotels, no Congresso da AHP que terminou sexta-feira no Funchal, foi corroborada pelos restantes intervenientes na mesa redonda “Turismo de Negócios e Mercado MICE”, que também apontaram para a continuação do crescimento deste segmento de mercado.
“O digital ajuda-nos mas o digital não nos substitui”, afirmou Paulo Monge. Afirmando continuar a acreditar que no MICE “há algo que não se pode perder, que é o contacto social” e a interação entre as pessoas, acrescentou ser sua convicção que “é isso que as empresas vão continuar a fazer”.
Para o diretor-geral de Vendas da Sana Hotels, o negócio do MICE “vai continuar a crescer e vai durar ainda muitos anos” porque as empresas têm que apresentar os seus produtos, juntar os seus colaboradores e os seus parceiros.
O crescimento deste segmento do turismo será também uma realidade em Portugal que, disse Paulo Monge, “tem características fantásticas” para receber turistas de negócios e eventos variados: “Somos hospitaleiros, temos aeroportos com excelentes ligações – Lisboa esta em segundo lugar no ranking da ICCA porque o aeroporto é um hub e o MICE é de empresas do mundo inteiro e – e os hotéis de 4 e 5 estrelas estão a apostar muito neste segmento”.
Por outro lado, “somos conhecidos internacionalmente por organizarmos bem eventos”, disse, dando como exemplo a realização da Champions em Lisboa durante a pandemia, que “correu lindamente”. A propósito destacou que “a única coisa que vendemos no MICE é a confiança: a confiança de que o evento vai correr bem”.
Promoção é responsável pelos “dados muito bons” de Portugal no MICE
A prestação de Portugal no que toca aos congressos e eventos foi também destacada por Carina Montagut, diretora da ICCA. Começando por destacar que a recuperação do setor começou a ser mais forte no final de 2023, ano em que foram superados os números de 2019 e afirmando que “este ano já está acima do ano passado”, a responsável referiu-se aos “dados muito bons” de Portugal que enquanto país organizador de congressos e eventos está em 7º lugar do ranking mundial, com Lisboa a surgir no 2º lugar, tendo ultrapassado cidades como Madrid e Barcelona, graças, disse à promoção turística do país.
Sobre as alterações vividas nos últimos anos por este segmento de mercado, a diretora da ICCA disse que antes da pandemia vivia-se a era dos eventos presenciais, depois passou tudo a ser online, mas “agora há uma mescla”, com muitos eventos a permitirem a participação física mas também online, o que considerou ser “uma grande oportunidade” e “uma forma de os organizadores rentabilizarem os seus eventos”, uma vez que os ingressos online também podem ser vendidos.
Por isso frisou que “a tecnologia é muito importante” proporciona uma série de informações a que, de outra forma, não se teria acesso, o que é necessário agora é rentabilizá-la ao máximo.
Tecnologia como impulsionadora do negócio
Também Diogo Assis, fundador e CEO da VOQIN’, empresa organizadora de eventos, considerou que num mundo em que, com a pandemia, o produto mudou para experiência tecnologia não se substitui às pessoas, sendo apenas complementar. “É possível criar emoção online mas não e substituto, é complementar”, afirmou, acrescentando que é também “inclusiva” já que alguém que por algum motivo está impossibilitado de se deslocar para assistir a um evento, pode fazê-lo online.
Afirmando que a “a tecnologia não é uma ameaça” e que “pode ser impulsionadora de negócio que antes não tínhamos”, o CEO da VOQIN’ considera que o futuro vai passar pelos eventos híbridos. Lamentando que ainda não exista “tecnologia híbrida” apontou para muito breve a sua existência, o que considerou a maior de todas as oportunidades para que esta industria se torne verdadeiramente inclusiva.
Diogo Assis, que defendeu que os eventos podem ter um impacto muito positivo nos destinos onde acontecem, deixou boas notícias à plateia, já que anunciou que as previsões continuam a apontar que nas viagens de incentivo seja no hotel que se gasta mais dinheiro: cerca de 27% do total das despesas, valor que é ultrapassado no caso do mercado dos EUA.
Eventos sustentáveis
A sustentabilidade na indústria dos eventos foi outro dos temas abordados, com a diretora da ICCA a deixar claro que nem todos os eventos cumprem as regras – “das organizações e dos mercados”, afirmou, acrescentando que alguns eventos já têm um check lis te sustentabilidade. Ainda assim, defendeu que “há que tentar que os eventos sejam o mais sustentáveis possível”
Já Paulo Monge afirmou que “muitas das regras de sustentabilidade estão de há muito a ser levadas a cabo nos hotéis” só que isso não era dito para o exterior. Hoje é diferente porque “já há clientes que pedem os certificados”.
O Turisver acompanhou o congresso no Funchal a convite da AHP