Concelho de Velas vai ter hotel de 5 estrelas. Luís Silveira disse ao Turisver que o projeto “está em fase de licenciamento”

Em entrevista ao Turisver, Luís Silveira, presidente da Câmara de Velas, na ilha de São Jorge, Açores, considerou que este projeto irá contribuir para alcançar dois dos grandes objetivos que se pretendem alcançar na ilha: a diminuição da sazonalidade turística e a captação de um turista de cada vez maior qualidade.
Na intervenção que proferiu na abertura do Encontro das Casas Açorianas, senti que, quer o presidente, quer o seu colega da Calheta, estão confortáveis, tanto com a oferta que têm como com o número de turistas que recebem. É assim?
De uma forma muito sumária e transversal sim. O sector do turismo está em forte crescimento, já se começa a sentir – o que para nós é algo muito positivo -, a diminuição da sazonalidade, embora este seja ainda um longo caminho que temos a percorrer, mas eu diria que estamos satisfeitos porque o sector vai crescendo de forma sustentada e não só em quantidade, mas sobretudo em qualidade.
Além disso, sentimos que o sector privado empresarial nos vai acompanhando naquilo que é a qualidade do investimento que vai sendo feito, seja a nível da restauração, seja a nível do alojamento, seja a nível da animação turística, seja a nível dos transportes, das rent-a-cars, etc.
Portanto, no fundo, sinto que este nosso desejo, enquanto eleitos locais e responsáveis pelo poder local nestes concelhos, e no caso concreto em Velas, vai sendo acompanhado pelo setor empresarial privado. Isso é algo que também se traduz num sentimento de vontade em continuar a fazer este percurso e continuar este rumo de desenvolvimento do sector, mas de forma muito sustentada, num destino que é de natureza e em que, para nós, é importante preservar aquilo que é a dimensão da pagada ambiental.
Aquilo que nós temos de melhor para oferecer são as nossas belezas naturais, no caso de São Jorge, as nossas Fajãs, que são o nosso maior ex-libris, que são reserva da biosfera, pelo que ter essa sustentabilidade no sector é determinante e importante.
Isso não é impeditivo de novos investimentos, como disse. Penso que está em projeto, ou em avaliação, um novo hotel para o concelho da Velas, é assim?
Sim, é verdade. Neste momento encontra-se no município de Velas uma unidade hoteleira de 5 estrelas, o que de facto, vem traduzir aquilo que é o rumo de sustentabilidade que temos vindo a procurar, o de um turismo de muitíssima qualidade, porque se nós temos muita qualidade para oferecer ao turista, em termos de destino de natureza, em termos gastronómicos, também – atrevia-me a dizer que temos o melhor queijo do mundo -, temos de oferecer essa qualidade no alojamento e, sobretudo, fazer-nos acreditar que quem pode pagar um alojamento de 5 estrelas pode, depois, manter esse rumo do poder de compra e esse padrão de consumir aquilo que de bom temos, pagando por essa qualidade, que é uma forma de deixar mais riqueza, deixar uma economia mais pujante e mais forte para as pessoas que aqui vivem. O nosso objetivo é trabalhar com as pessoas que aqui vivem, ter pessoas com mais qualidade de vida, ter pessoas felizes e é óbvio que, se nós tivermos um turismo de massas que leve os residentes a olharem o turismo e os turistas como um incómodo e não como uma mais-valia, seria algo muito negativo para nós – isso não queremos e todos os dias trabalhamos para que assim não seja.
“Depois de construído, o Spa é algo que nós pretendemos concessionar, mas que fique ao serviço da população e ao serviço daqueles que nos visitam, e que seja um complemento da nossa oferta, porque de verão em época alta, nós temos mar por todo o lado, temos zonas balneares de excelência, mas há sete ou oito meses do ano que não conseguimos ter porque o mar não permite”
Esse hotel em que pé é que está?
O projeto entrou no início deste ano na autarquia, está em fase de licenciamento. É um hotel já com alguma dimensão, 80 ou 90 quartos de 5 estrelas, que é acompanhado de restaurante, um Spa, e mais alguns serviços que são importantes também para combater esta sazonalidade, e podermos ter turistas durante todo o ano, termos o turista que faz a nossa rede de trilhos, que é de excelência, mas que ao fim do dia tem o conforto de um bom hotel, em que pode beneficiar de um bom Spa de relaxamento, de um bom restaurante com uma boa refeição.
É neste sentido que nós precisamos de continuar a investir e, como disse há pouco, é bom sentir que o sector empresarial privado nos está a acompanhar neste processo.
Falou na sua intervenção, e voltou a falar agora, de um Spa. É um projeto da Câmara ou é um projeto privado que estão à procura?
Este Spa, que se denomina Centro de Bem Estar de Entre Morros é um investimento totalmente municipal, que rondará os três milhões de euros, por via também do apoio de fundos comunitários no âmbito do ‘Açores 2030’, e que terá um conceito de, por um lado, servir a população local, sobretudo a população sénior, mas também as próprias crianças das escolas, e o turismo. Depois de construído, o Spa é algo que nós pretendemos concessionar, mas que fique ao serviço da população e ao serviço daqueles que nos visitam, e que seja um complemento da nossa oferta, porque de verão em época alta, nós temos mar por todo o lado, temos zonas balneares de excelência, mas há sete ou oito meses do ano que não conseguimos ter porque o mar não permite. Então, é preciso complementar a oferta com serviços de qualidade que permitam ao turista ter espaços em que, em qualquer altura do ano, possa beneficiar do bem-estar, do lazer e do relaxamento, que também é importante para quem vem de férias.
“É sobretudo importante para nós o turismo interno do mercado nacional, cada vez somos mais visitados por turistas continentais, e fazemos uma aposta nesse mercado. A Associação de Municípios do Triângulo, à qual tenho o gosto de presidir, que é constituída pelos seis municípios da Ilha de São Jorge, do Pico e do Faial, está a fazer uma grande aposta junto do turismo nacional aquando da BTL…”
Ao concessionar, aligeiram a gestão e a parte técnica que um empreendimento dessa natureza tem, e que é muito específico?
Sim, e além disso o município não deve, nem esse é o conceito dos municípios e do Estado, enquanto órgão que gere os dinheiros públicos, estar a fazer concorrência ao sector empresarial privado, mas também percebemos que às vezes é difícil fazer investimentos desta envergadura em concelhos tão pequenos e, portanto, aquilo que nós fazemos é: fazemos o investimento público, colocamos os dinheiros dos fundos comunitários ao serviço das pessoas através desse investimento, mas depois concessionamos ao sector empresarial privado para fazer a exploração desses espaços, dando as contrapartidas que têm em que dar para explorar o espaço.
Olhando para as estatísticas dos Açores, é um facto que o turismo internacional está a crescer mas o mercado nacional também e é o principal mercado. Como é que vocês aparecem no continente? O que é que pensam em termos de captar turistas do continente aqui para São Jorge, nomeadamente para o concelho?
O turismo interno é cada vez mais importante para nós. É importante dentro da própria Região Autónoma dos Açores. Somos nove ilhas e é importante que os açorianos conheçam a sua região, isso é algo que nos últimos anos se traduziu numa realidade efetiva com um passo do Governo Regional, que foi criar a tarifa para os açorianos de 60 euros ida e volta de avião para qualquer uma das ilhas dos Açores, o que permitiu a muitos açorianos conhecerem a sua região.
É sobretudo importante para nós o turismo interno do mercado nacional, cada vez somos mais visitados por turistas continentais, e fazemos uma aposta nesse mercado. A Associação de Municípios do Triângulo, à qual tenho o gosto de presidir, que é constituída pelos seis municípios da Ilha de São Jorge, do Pico e do Faial, está a fazer uma grande aposta junto do turismo nacional aquando da BTL, e uma das iniciativas é estarmos presentes em toda a rede multibanco nacional, com a imagem do “Destino Triângulo, uma viagem de três destinos”, porque depois de se estar no Triângulo, facilmente se visita as três ilhas, mas a preços muito baixos, com os ferries que andam entre as três ilhas.
Há, de facto, uma aposta no turismo interno, porque é um turismo de qualidade, que normalmente preserva muito e respeita muito, porque sente que está no seu país e a respeitar aquilo que é seu. É um turismo que vem ao encontro daquilo que nós procuramos, que é ter um turismo de sustentabilidade, e nesse âmbito o turismo interno é muito importante.
Lembrar que quando abriu o espaço aéreo para os Açores para viajar de low cost, começámos a receber mais turistas de Portugal Continental, e é um mercado que para nós hoje é muito aliciante e muito importante, e por isso apostamos tanto nele.
O Turisver deslocou-se à ilha de São Jorge a convite das Casas Açorianas