“Com o ritmo de vendas a que nós estamos, não sei o que é que vai chegar à BTL para vender”, disse Sónia Regateiro ao Turisver

Na primeira parte da entrevista ao Turisver, Sónia Regateiro, Chief Operating Officer da Solférias, fez o balanço da operação do ano passado em termos de vendas e destinos e, entre outros temas, falou do “boom” de vendas antecipadas com que está a ser brindado o verão de 2025 para o operador, desde que colocou a sua programação no mercado. A programação foi deixada para a segunda parte, que publicaremos amanhã.
Fazer uma entrevista no início do ano, implica sempre fazer um balanço do ano anterior. Como é que foi o vosso ano de 2024?
Foi um ano sofrido, mas superado com sucesso – é a melhor frase que encontro para espelhar o que foi o ano 2024.
Foi um ano sofrido porque houve muita oferta no mercado em geral, em termos de produtos charter, desde destinos de longa distância aos de médio curso, o que nos obrigou a fazer campanhas sucessivas ao longo de todo o ano, a estar muito atentos aos preços praticados pela concorrência, a ir sempre acompanhando a evolução de cada destino e de cada produto. Mas, no final do ano, ficámos muito contentes porque superámos, quer em volume de negócios, quer em número de passageiros, o ano 2023, em que já vínhamos com um crescimento muito interessante.
Relembro que, no pós-Covid, em 2022, a Solférias cresceu 30% face a 2019. Depois voltámos a crescer mais 30% em 2023 face a 2022 – se fizermos comparativamente a 2019, são 60% – e em 2024, crescemos mais cerca de 10%. Posso dizer que vendemos mais 3.000 passageiros do que em 2023 e em termos de receitas, tivemos um crescimento na ordem dos 5%, face a 2023.
Quais foram os destinos que mais vos surpreenderam tanto pela positiva como pela negativa?
O que continua a surpreender é Cabo Verde, porque continuamos a crescer de ano para ano. Em 2024, chegámos aos 30.000 passageiros para Cabo Verde quando em 2023 tínhamos tido cerca de 24.500 passageiros, o que é surpreendente. É um crescimento abrupto e a procura continua a crescer, embora tenhamos consciência que o produto em si não tem tido grandes novidades, inclusivamente tivemos o ano passado a entrada da easyJet no último trimestre, o que não teve qualquer impacto para nós.
No alojamento não houve nenhuma novidade em Cabo Verde, este ano vai haver uma abertura e vai haver uma novidade no mercado, mas é um destino que nos continua a surpreender pela positiva.
O mais negativo do ano passado foi a Disneyland, devido aos Jogos Olímpicos realizados em Paris, que implicaram que os hotéis e os voos estivessem cheios e isso provocou uma grande quebra de vendas neste produto.
E agora, a Disneyland Paris já está a recuperar?
Posso dizer que sim, se fizermos uma projeção de vendas ao dia de hoje, face ao ano passado, vamos com um crescimento de 300% em termos de reservas, por isso acreditamos que está a recuperar. Aliás, geralmente há um efeito nas cidades pós-Jogos Olímpicos, de expansão e de crescimento de procura, e nós já estamos a notar isso.
“Com as campanhas e com o ritmo de vendas a que nós estamos, não sei o que é que vai chegar à BTL para vender, porque as vendas adormeceram um bocadinho na altura do Natal e Réveillon, mas na segunda semana de janeiro já pularam outra vez”
No cômputo geral, já têm a noção do que vão crescer este ano em termos de oferta de lugares?
Se contarmos o que aumentámos exponencialmente, e cortando o Zanzibar, que deixamos de ter, nós termos de número de lugares devemos crescer na ordem dos 10% – não estou segura do valor exato. Crescemos muito para Cabo Verde, crescemos muito na Tunísia, crescemos para o Egito, aumentámos as garantias na TAP, por isso deve andar por aí.
A Solférias já tem na rua quase toda a programação, se não mesmo toda. Como é que estão a correr as vendas?
Nós, em setembro de 2024 já tínhamos programação de verão de 2025 à venda, nunca tínhamos antecipado tanto o verão e quando chegámos à Black Week, que foi em novembro, tivemos a primeira grande surpresa porque batemos números recordes todos os dias face a números de vendas BTL -no primeiro dia de Black Week superámos o melhor dia de BTL. Com as campanhas e com o ritmo de vendas a que nós estamos, não sei o que é que vai chegar à BTL para vender, porque as vendas adormeceram um bocadinho na altura do Natal e Réveillon, mas na segunda semana de janeiro já pularam outra vez.
Agora vamos entrar em períodos de campanhas de vários agrupamentos, de várias redes de agências, vai haver a campanha da Top Atlântico, vai haver Mundo Abreu, e ao ritmo a que estamos a vender, sinceramente, não sei que clientes ou que produto vai chegar para comprar na BTL, porque a antecipação tem sido uma coisa doida.
É nestas alturas que começa a dar o formigueiro para pôr mais produto no mercado?
Logicamente, quando nós vemos estes booms de vendas, dá-nos vontade de colocar mais capacidade, mas nós estamos sempre com uma dificuldade enorme, que se chama Aeroporto de Lisboa. Nós já nem as bases das operações conseguimos manter e temos que estar a contar com a parceria da TAP, com quem temos excelentes relações, para conseguirmos garantir alguns destinos a partir de Lisboa.
Mesmo o Aeroporto do Porto já tem dificuldades na atribuição de slots porque todos os operadores fazem igual, não conseguem meter de Lisboa, vão para o Porto, e o Porto já começa a manifestar essa dificuldade.
Além de que também existem no mercado dificuldades muito grandes de aeronaves, inclusivamente nós tivemos companhias que deixaram de voar para Portugal pelas dificuldades do Aeroporto de Lisboa e meteram aviões noutros sítios, caso da Smartwings, por exemplo, que nos fez perder o slot histórico do Lisboa-Senegal, porque o slot é sempre da companhia aérea. Também por isso vamos ter algumas operações com a Air Horizont e com a Privilege.
Isto para dizer que, por mais vontade que dê de colocar mais produto no mercado, há sempre uma limitação. Há falta de aeronaves, há falta de capacidade aeroportuária, mas acima de tudo acho que os operadores têm que tentar equilibrar as operações. Se eu já vendi tudo na Tunísia, de certeza que me vai fazer falta vender Egito, ou Saidia. Temos que olhar para o todo da capacidade e não destino a destino.
Amanhã no Turisver.pt pode ler as segunda e terceira partes da entrevista com Sónia Regateiro, COO da Solférias, onde abordaremos:
- Reforço da operação para Cabo Verde
- Apresentação detalhada da programação charter da Solférias para 2025
- Oferta em voos regulares
- Grandes Viagens
- Destinos portugueses