CLIA e SEA Europe pedem à UE para incluir construção de navios na lei Net Zero

A CLIA, maior associação comercial da indústria de cruzeiros do mundo e a SEA Europe, que representa a indústria de construção naval europeia emitiram uma declaração conjunta a apelar à União Europeia e governos europeus que incluam a construção de navios de cruzeiro e de tecnologia marítima no próximo Net Zero Industry Act.
O documento, anunciado na Cimeira Europeia da CLIA, inclui o pedido de acesso rápido ao financiamento para a construção naval sustentável e o fabrico de equipamento marítimo para apoiar a posição de liderança mundial da Europa neste setor; mas também a expansão do apoio e dos incentivos aos programas de reequipamento e à utilização de energias renováveis; um programa marítimo especializado como parte do Pacto Europeu para as Competências (EU Pact for Skills), para que as competências técnicas, digitais e verdes permaneçam na Europa e a colocação do setor marítimo no centro da estratégia digital da UE para permitir a partilha de conhecimentos sobre as práticas avançadas de digitalização do setor.
Para Pierfrancesco Vago, presidente da CLIA, “as companhias de cruzeiros não disponibilizam apenas uma das mais populares opções de férias para os consumidores de hoje, como também já fazem parcerias com estaleiros e fornecedores de tecnologia marítima para alcançar a navegação zero emissões até 2050”, acrescentando estarem em curso “projetos-piloto para testar novos combustíveis e soluções de propulsão, tais como baterias, tecnologia de células de combustível, biocombustíveis avançados e combustíveis sintéticos”.
O mesmo responsável sublinha que “chegou o momento de os decisores políticos e governos europeus estabelecerem parcerias com o setor da tecnologia marítima. A Europa tem uma oportunidade para liderar o desenvolvimento tecnológico e excelência marítima em benefício das gerações futuras”.
Também René Berkvens, presidente da SEA Europe realçou que a “construção de navios de cruzeiro e a integração de equipamento e tecnologia avançada a bordo desses navios é muito complexa e ilustra as capacidades industriais marítimas e o know-how dos estaleiros navais e da indústria de equipamento marítimo da Europa”, esclarecendo que estas capacidades e conhecimento serão cruciais “não só para alcançar os objetivos do Acordo Verde Europeu (European Green Deal), mas também para permitir à Europa cumprir outras finalidades políticas, tais como em termos de defesa, economia azul, ou transição energética, bem como para salvaguardar a autonomia estratégica marítima da Europa”.
Com o seu pacote Fit for 55 e agora o Plano Industrial do Acordo Verde, a Europa está num caminho claro e ambicioso para combater as alterações climáticas e tornar-se num continente neutro em carbono.
Indústria dos cruzeiros gera impacto económico significativo
Mais de 93% das companhias de cruzeiros marítimos do mundo são fornecidas por estaleiros europeus, e a construção de navios de cruzeiro representa cerca de 80% da carteira de encomendas de estaleiros navais. Com 62 navios de cruzeiro encomendados para os próximos cinco anos, tal representa mais de 40 mil milhões de euros de investimento direto na Europa.
De acordo com novos dados da CLIA, divulgados durante a Cimeira, o setor dos cruzeiros gerou 41 mil milhões de euros de impacto económico na Europa durante 2021, apesar do volume de passageiros ter sido drasticamente reduzido devido às restrições pandémicas. O setor também reforçou a sua estrutura com 315.000 postos de trabalho na Europa durante este período desafiante.