Charters dos operadores do Grupo Ávoris estão vendidos “a mais de 60%”, segundo Nuno Aleixo
Na terceira parte da entrevista com Nuno Aleixo, que acumula a direcção-geral da Nortravel com responsabilidades na área da estruturação de produto dos operadores do Grupo Ávoris em Portugal, foi da Jolidey e da Travelplan que falámos, com a conversa a incidir sobre as operações charter. O operador Catai e as relações com o mercado estiveram também “em cima da mesa”.
Nas duas primeiras partes da nossa entrevista falámos exclusivamente da Nortravel, agora vamos passar para os outros operadores do Grupo Ávoris. Das novas apostas para este ano, o que é que está a resultar e o que é que está a precisar ainda de ser mais reconhecido pelo mercado?
As apostas que o Grupo Ávoris fez desde Portugal, tanto ao nível da Nortravel como dos outros dois operadores de maior expressão, que são a Jolidey e a Travelplan, estão a ser bem conseguidas, nomeadamente as da Jolidey com o seu posicionamento nas Caraíbas em que foram retomados os valores da pré-pandemia.
Em relação à Travelplan, há uma afirmação ainda maior comparativamente com 2022 com os produtos charter para a Tunísia, das Ilhas Espanholas e do norte de Marrocos e as coisas estão a resultar em pleno.
Obviamente que nós aqui em Portugal procuramos impulsionar um pouco mais as vendas nos voos que têm partidas desde Madrid, nomeadamente com produtos como Los Cabos, Maurícias e Costa Rica. São destinos para onde o mercado espanhol não é, por vezes, suficiente só por si e nós em Portugal aproveitamos para colocar mais opções de destinos.
Resumindo, os voos à partida de Portugal estão a resultar muito bem e, nesse sentido, os operadores do grupo Ávoris estão muito bem posicionados para estar no mercado com as apostas que fizeram e não temos qualquer receio das operações. Claro que há sempre aquela situação muito preocupante que se está a viver no aeroporto de Lisboa que também nos tem afetado ao nível dos slots, como aconteceu com a operação da Nortravel para a ilha do Sal.
Há algumas novidades para este ano?
Nós estamos sempre atentos a qualquer oportunidade que possa surgir e para 2024 já estamos a projetar novos destinos de médio curso à partida de Portugal, que poderá ser com a marca Nortravel ou com a marca Travelplan, dependendo da caraterística do produto.
O que este ano se nota muito na Ávoris é a segmentação dos produtos por marca e isso tem resultado e o mercado já identifica muito bem que produto é que compra a cada marca.
Operadores do Grupo Ávoris têm 1.600 lugares por semana no verão para três destinos no Caribe
No pico da operação, quantos lugares é que vão ser disponibilizados para as Caraíbas?
Serão cerca de 600 lugares por semana para o México (Cancun), somando as partidas do Porto e de Lisboa, 380 para Cuba (Varadero) à partida de Lisboa e 600 lugares, também semanais, para a República Dominicana (Punta Cana), entre Porto e Lisboa. Ao todo, serão cerca de 1.600 lugares por semana.
As operações charter para Punta Cana começaram na Páscoa?
Começaram e não pararam, é uma operação non stop, com saídas todas as semanas, às segundas feiras e temos os voos para Cancun que são ao domingo. Em ambos os casos, as operações estendem-se até final de outubro. O único voo que vai iniciar-se em junho será o charter para Varadero, que terá partidas aos sábados. Em julho vamos reforçar a nossa posição, tanto para Cancun como para Punta Cana, com os voos á partida do Porto.
A novidade na oferta é o voo direto para Cancun à partida do Porto que o ano passado não existia?
Em 2022 inaugurámos o Porto-Punta Cana e este ano inauguramos o Porto-Cancun.
Um dos pressupostos dos operadores é encher os voos, principalmente os de risco e onde têm lugares em firme, mas também é a rentabilidade. Houve uma estratégia que visasse a rentabilidade face à oferta global dos operadores do Grupo?
Agora, sim. No período de pré vendas era muito difícil conseguirmos esse binómio entre os voos cheios e a rentabilidade porque é preciso criar o lastro, é preciso, primeiro, tornar as operações viáveis. O negócio dos charters é transversal a todas as empresas do Grupo Ávoris: no início das operações temos que sacrificar um pouco a nossa rentabilidade para poder criar massa crítica dentro dos aviões e atingir taxas mínimas de ocupação e a partir daí é que nos preocupamos com a rentabilidade. Evidentemente, sabemos que em agosto não vale a pena sacrificar a rentabilidade mas em operações mais longas há épocas mais difíceis de vender, como os meses de abril e maio e, em alguns casos, alguns períodos de junho. As análises são feitas a nível global, e planeadas desde o princípio ao fim.
“Estamos com mais de 60% [vendido], em termos de média global, com todas as operações de médio e longo curso, mesmo tendo em conta que algumas operações só terminam no final de outubro”
Pode já dizer-se que neste momento já têm 50% das operações de risco vendidas?
Até estamos acima disso, estamos com mais de 60%, em termos de média global, com todas as operações de médio e longo curso, mesmo tendo em conta que algumas operações só terminam no final de outubro.
Há cerca de um mês e pouco havia dúvidas sobre se o ritmo de reservas para o verão se iria manter porque naquela altura estava a ser muito forte. Qual é a perspetiva que existe hoje?
Depende do destino e da marca. Nós tivemos um boom muito maior para destinos de praia no início, Dezembro até março, foram meses absolutamente fantásticos e a partir de abril notamos um abrandamento acentuado nos destinos de praia, talvez porque as taxas de ocupação começaram a ser muito elevadas e os preços subiram, enquanto o produto estruturado, como o produto cultural da Nortravel, aumentaram exponencialmente a partir de abril. Aliás, o mês de Abril tem sido uma surpresa muito boa em produtos que não são praia.
As redes, os agrupamentos de agências de viagens e as marcas franchisadas estão a corresponder ao mesmo nível do ano passado ao vosso produto?
Estamos a notar um nível idêntico de procura mas temos notado que o interesse da distribuição tem crescido porque há uma pressão grande da parte do consumidor e as redes de distribuição têm necessidade de satisfazer a procura. Por isso, este binómio tour operação – redes de distribuição tem funcionado muito bem porque, felizmente, todos podemos dizer que temos clientes e esse é um bom motor para podermos trabalhar ainda mais em conjunto.
Para este período do ano ainda vos são solicitados apoios para campanhas desta ou daquela rede ou isso acontece mais nos períodos de reservas antecipadas?
Ainda continua a acontecer e é essencial para acertarmos mais as agulhas, ou seja, para ajustarmos as nossas necessidades e podermos criar preços atrativos para datas que são menos procuradas. Por isso mesmo, este tipo de ações é contínuo, o que tentamos é que elas não colidam entre as redes.
Falámos há pouco das preocupações com a rentabilidade. Essa é uma preocupação generalizada ou ainda nem todos os players estão ajustados por essa linha?
Tenho estado atento às estratégias de princing no mercado, uns começam com preços mais baixos no início das operações, outros começam mais em cima da hora a fazer campanhas, mas tenho percebido ultimamente que há uma preocupação global da tour operação com a rentabilidade. Acredito que esta está a ser uma linha global da tour operação, embora dependa dos produtos e do posicionamento das empresas.
Maior aposta na distribuição vai chegar a Portugal
O Grupo Ávoris tem tido uma série de movimentações em Espanha, tem crescido muito e tem feito muitas apostas e parcerias. Aqui em Portugal tem estado mais tranquilo. Pensa que essa estratégia de crescimento que está a ser aplicada em Espanha pode chegar a Portugal?
Acredito que sim, mas não no imediato. A aposta do Grupo Ávoris em Portugal tem sido muito maior na tour operação e temos conseguido criar um dinamismo que está dentro das expectativas da nossa sede em Espanha. Acreditamos que em termos de futuro, a distribuição também venha a ser alvo de uma análise por parte de Espanha em relação a uma aposta em Portugal, mas enquanto não estabilizar esta fusão da Globalia dentro do Grupo Ávoris, que ainda é recente, isso não deverá acontecer. As coisas agora estão a estabilizar em Espanha, onde o grupo tem uma rede de mais de 2.000 pontos de venda próprios e em termos de expansão em Portugal não temos a dimensão de Espanha porque também o foco residiu muito na tour operação, com a aquisição da Nortravel e com o posicionamento de várias marcas no mercado português, como a Catai, a Traveplan, Jolilidey e a LePlan, Marsol…
Das empresas do grupo, a Catai é aquela que dá a ideia de trabalhar de uma forma mais independente ou não é assim?
Pode passar essa imagem para fora mas já está tudo perfeitamente integrado e isso foi uma evolução muito grande desde o final do ano passado com a criação da equipa comercial liderada pelo Constantino Pinto e onde, por exemplo, os comerciais que antes estavam apenas alocados à Nortravel passaram a ser comerciais Nortravel e Catai. Em Portugal, esta uniformização da área comercial, com tudo concentrado no Constantino Pinto, ajudou à integração.
Pode ler as duas primeiras partes da entrevista com Nuno Aleixo, aqui e aqui .