Centro Interpretativo “Os Murais de Almada nas Gares Marítimas” abre em 2025 em Alcântara
A Administração do Porto de Lisboa (APL), a Câmara Municipal e a Associação de Turismo de Lisboa (ATL), assinaram esta segunda-feira o contrato para a criação do “Centro Interpretativo dos Murais de Almada nas Gares Marítimas”. O novo polo cultural abrirá ao público em fevereiro de 2025.
O Centro Interpretativo será um polo cultural e turístico localizado na Gare Marítima de Alcântara, e destina-se a promover a compreensão e a valorização de uma das mais importantes obras do modernismo português do século XX. A Gare do Porto de Lisboa passará, assim, a abrir as suas portas à população, para permitir o acesso às pinturas murais de Almada Negreiros.
Este novo espaço cultural ficará integrado na oferta do eixo Alcântara-Belém e focar-se-á nos 14 painéis de pintura mural das Gares pintados por Almada Negreiros (6 painéis na Gare Marítima Rocha do Conde de Óbidos e 8 painéis na Gare Marítima de Alcântara), na importância da construção das Gares Marítimas e no papel histórico e social do Porto de Lisboa desde os anos 40 até aos dias de hoje.
Nas nove salas, no piso 0 da Gare Marítima de Alcântara, o visitante poderá ficar a conhecer o contexto de construção e decoração dos Terminais de Navegação, a relação entre o arquiteto Pardal Monteiro e o artista Almada Negreiros, os estudos de Almada Negreiros para as pinturas murais nas Gares Marítimas e os diferentes momentos políticos e históricos que atravessaram o funcionamento das Gares, incluindo a II Guerra Mundial, a emigração, as partidas para a Guerra Colonial e o processo de descolonização com o regresso dos portugueses das ex-colónias.
No novo Centro Interpretativo, os visitantes poderão também conhecer o contexto da encomenda das obras ao artista e a polémica gerada à época com o resultado final, distante dos objetivos propagandísticos da ditadura.
Será ainda exposta a presença artística de Almada Negreiros na cidade de Lisboa, bem como a sua documentação sobre as Gares Marítimas. Além disso, durante alguns meses, os visitantes poderão ainda assistir, ao vivo, ao processo de restauro dos murais, financiado pelo World Monuments Fund.
O Centro Interpretativo integrará também um restaurante, concebido e decorado de forma a integrar-se perfeitamente no seu ambiente.
A coordenação de conteúdos do Centro Interpretativo está a cargo de Mariana Pinto dos Santos, historiadora da arte e curadora independente e investigadora do Instituto de História da Arte da NOVA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
Colaboram no projeto a família de Almada Negreiros, o Centro de Estudos e Documentação Almada Negreiros – Sarah Affonso (NOVA FCSH), o Instituto de História da Arte da NOVA FCSH, o Laboratório HERCULES, a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, a Fundação Calouste Gulbenkian, a RTP, o Arquivo Municipal de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Antiga.
Na cerimónia de assinatura do contrato, o presidente do Conselho de Administração da APL destacou que “este centro interpretativo é também uma janela única do Porto de Lisboa e da cidade para o mundo, conectando o seu passado ao seu presente e inspirando as futuras gerações a valorizar e proteger este legado inestimável” e sublinhou.
Já José Luís Arnaut, presidente adjunto do Turismo de Lisboa, destacou que este projeto “representa muito mais do que a abertura de um novo espaço cultural e turístico: representa a realização de um sonho de abrir as gares marítimas à população de Lisboa e aos seus turistas, e de tornar acessível assim, a todos, um dos maiores conjuntos de pintura mural do Século XX. Os murais de Almada Negreiros”.