Catarina Cymbron, Delegada Regional nos Açores da APAVT: “… o açoriano gosta muito de destinos de sol e praia”

Catarina Cymbron é Delegada Regional nos Açores da APAVT e diretora da Agência de Viagens Melo, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel. Durante a recente viagem de imprensa às ilhas Terceira e Graciosa, o Turisver falou com esta profissional sobre as preferências de viagens dos açorianos, entre outros temas.
Como é que as agências têm estado a vender para o destino Açores?
Tem se notado uma procura muito acentuada para o destino Açores depois da pandemia Covid, embora já antes se estivesse a notar um maior fluxo turístico para a região. Após a pandemia e porque havia ainda muitos destinos fechados ao turismo, os europeus começaram a procurar destinos novos dentro da Europa que ainda não conhecessem. Os Açores começaram a ser mais conhecido e a ter voos diretos de algumas cidades europeias que até então não existiam para a região, aliado ao facto de o arquipélago ser seguro.
Quais são os mercados que recebem mais e quais são as ilhas mais procuradas?
No geral e, tendo em conta o que se passa na minha agência, são o alemão e francês os mercados que mais procuram os Açores, seguidos dos holandeses, italianos, escandinavos. No fundo temos turistas provenientes de várias origens.
Em relação à escolha das ilhas depende do interesse de cada um. Se vêm pela primeira vez aos Açores visitam as ilhas principais. Depois, quem tiver mais interesse em caminhadas aconselhamos um determinado tipo de ilhas.
“Canárias, Cabo Verde, República Dominicana, o México que está muito em voga” estão entre as principais escolhas dos açorianos
E em relação aos açorianos que viajam para fora?
Em 2020 os açorianos fizeram muito turismo interno e isso foi muito bom. Depois houve um novo Governo que criou um incentivo às tarifas aéreas que passaram a custar 60 euros e vieram ajudar a que este fluxo aumentasse. Mas assim que o mundo abriu portas novamente após a pandemia, os açorianos começaram a viajar para todo o lado.
E quais os destinos que têm procurado mais?
Nós vendemos de tudo um pouco, o açoriano é muito de gostar de destinos de sol e praia. Canárias, Cabo Verde, República Dominicana, o México que está muito em voga e depois temos aqueles que vão visitar os parentes aos Estados Unidos da América e Canadá. De destacar ainda o segmento dos cruzeiros que são muito apreciados pelos açorianos.
Por outro lado, nota-se que estão a reservar outra vez com mais antecedência, deixando para trás o medo de marcar com antecedência por não saberem o que é que vai acontecer. Agora querem assegurar terem lugar para o destino que pretendem. Mas nota-se que estão a viajar e que vai ser um ano bom.
Tem de haver uma parte criativa de diferenciação de cada agência, senão o produto perde-se um pouco
Em relação ao produto “Rotas Açores” que estivemos a vivenciar quer na Terceira quer na Graciosa, qual é a sua opinião?
A ideia é boa, ajuda a estruturar o produto, tenho a certeza de que muitos contactos foram feitos pelo Governo Regional para se começar a fazer estas atividades, que todos pensávamos que seria bom fazer com as pessoas especializadas. Agora leva tempo e temos de ver como vai funcionar na prática.
O que eu penso é que estando o produto publicado num site, como está, e todos os operadores começarem a comercializar da mesma forma, vai ficar tudo igual. Tem de haver uma parte criativa de diferenciação de cada agência, senão o produto perde-se um pouco. Mas também percebo que estava cada um a fazer ao seu gosto e a recomendar aquilo que acha ser mais importante o que também não era positivo.
Dos clientes que costuma receber qual seria a rota que venderia mais?
Penso que o que interessa é haver uma mistura, ninguém vem aqui só fazer a Rota da Baleação ou só a Rota das Vinhas. Portanto, depois de ver o que é que cada uma oferece, criando um programa que seja a essência de cada ilha, penso que as rotas acabam por se misturar um bocadinho.
Porque se, por exemplo, um turista faz a Rota das Vinhas não vai deixar de ir visitar os museus das baleias e dos baleeiros porque não estava a fazer a Rota da Baleação. No fundo elas acabam por se misturar e complementar. Penso que isto será mais uma parte de estruturação e de promoção do que é que existe e através de uma rota faz sentido e pode ser uma mais-valia, mas isso o futuro o dirá.