Casas do Morgadio na ilha Terceira: Entre o negro basáltico e o verde da vinha
Fica na Freguesia dos Biscoitos, na ilha Terceira, nos Açores, o projeto que hoje lhe vamos dar a conhecer. Chamam-se Casas do Morgadio, Azorean Wine & Lodge e estão inseridas numa propriedade com mais de dois hectares. Raquel Costa e Pedro Barros são os anfitriões deste Turismo em Espaço Rural, cuja arquitetura se mistura com o negro basáltico tão característico dos Biscoitos e o verde exuberante do arquipélago.
Ela arquiteta paisagista, ele arquiteto, ambos filhos da terra, que durante mais de 20 anos acabaram por viver na capital portuguesa, em Lisboa. Mas a vontade de regressar à ilha que os viu nascer fê-los arregaçar mangas e criar “um novo projeto de vida, que é uma aposta na valorização dos hábitos e das gentes, no património cultural da vinha e do vinho e se quisermos, na nossa própria identidade”, como gostam de sublinhar. E é em plena pandemia que abrem portas.
As Casas do Morgadio, que se inserem numa propriedade familiar de longa tradição na produção vitivinícola, pertença do pai de Pedro, o senhor Ricardo Rodrigues de Barros, é também uma homenagem àquela que foi a sede do morgadio de Pero Anes do Canto, um dos integrantes da segunda vaga de povoadores da ilha Terceira, chegados na primeira década do século XV.
“Criámos um Turismo Rural onde o conceito é o de envolvência – da arquitetura, da paisagem, da história e da cultura – focados no cliente e em proporcionar-lhe uma experiência marcante”, refere Raquel Costa que nos abre as portas das Casas do Morgadio, aquando da nossa visita à ilha Terceira, a convite da APAVT, entre 25 e 28 de maio.
As villas e os quartos
As Casas do Morgadio são, acima de tudo, um projeto de bom gosto e isso nota-se em cada pormenor à medida que vamos entrando na propriedade. A pequena “casa de aldeia” caiada de branco, que esconde uma pequena adega, onde experimentámos o tão apreciado néctar dos Deuses, acompanhados pelos famosos queijos das ilhas de São Jorge, Graciosa e o queijo fresco regado com a tão conhecida massa de pimenta, não nos faz adivinhar as villas negras que se estendem mais adiante.
São apenas quatro, as casas com tipologia T1, que se posicionam lado a lado, mas com o espaço suficiente e tão apreciado para a privacidade de cada cliente. Com uma arquitetura moderna, mas que em nada choca com a restante paisagem, as pequenas villas apresentam uma decoração cuidada ou não estivéssemos a falar de dois arquitetos como anfitriões, permitindo o alojamento de até quatro pessoas em cada casa.
São compostas por uma pequena sala de estar, um quarto com cama de casal, uma casa de banho privada com duche e uma pequena kitchenette totalmente equipada, onde o hóspede pode cozinhar. O alpendre exterior privado é o elemento que permite uma vivência diferente em comunhão com a natureza e com os elementos, é aqui que existe uma pequena mesa e duas cadeiras para que o cliente possa desfrutar do silêncio que por ali impera. As villas contam ainda com ar condicionado, sistema de som Bluetooth e Wi-Fi gratuito.
“Deixamos um cesto de vimes a cada cliente recheado com produtos regionais para que possam saborear o pequeno-almoço à hora que bem entenderem”, diz-nos Raquel Costa, relembrando que os hóspedes podem ainda visitar a adega, o alambique (onde durante muitos anos o sogro da nossa anfitriã produzia a aguardente), assim como todos os outros espaços exteriores que circundam a propriedade, como a zona da vinha, o pomar, a mata e a piscina, esta última numa localização também ela mais recatada.
Para além das villas, as Casas do Morgadio incluem ainda dois quartos na casa principal, um duplo e um single, equipados com casa de banho privada.
O que fazer na região
É na freguesia dos Biscoitos que se concentram as chamadas casas de veraneio dos açorianos, já que a proximidade das piscinas naturais é por si só cartão de visita a qualquer turista. Mas mais do que terra de veraneio, os Biscoitos são conhecidos pelos seus terrenos basálticos formados por lavas e erupções vulcânicas, que “desenham” na paisagem pequenos muros de pedra, que aliados ao clima ameno permitem o cultivo da vinha.
É por isso natural, que também as Casas do Morgadio façam parte da Rota da Vinha, uma das três “Rotas Açores” lançada pela Direção Regional de Turismo e que pretende dinamizar o turismo ao longo de todo o ano, nas 9 ilhas açorianas.
“Aceite o nosso convite e embarque numa experiência gratificante de conhecer a história do nosso vinho, assim como o seu percurso na produção desde a vindima até ao produto final, algo que poderá experienciar connosco. Conheça a Região Demarcada dos Biscoitos, seus produtores e seus vinhos através de percursos pedestres entre curraletas e adegas”, pode ler-se no site deste Turismo Rural.
Um convite que tivemos oportunidade de experienciar, como atrás já referimos, com a degustação de alguns vinhos e queijos, enquanto Raquel Costa deixa o aviso: “Estamos também a equacionar fazer uns jantares com “Alcatra” (prato típico da Terceira que consiste em carne de vaca velha, cozinhada no forno durante várias horas). Ficamos a aguardar, dizemos nós.
Para além da experiência nas vinhas, as Casas do Morgadio sugerem um sem número de atividades que os hóspedes podem fazer durante a sua estadia, desde passeios pedestres, yoga, todo-o-terreno, BTT, canoagem, mergulho, pesca, observação de cetáceos, entre muitas outras.
Contactos
Casas do Morgadio, Azorean Wine & Lodge
Empreendimento de Turismo em Espaço Rural
Caminho Velho n.º 3, Biscoitos
9760-069 Praia da Vitória – Terceira, Açores
Telm.: +351 961 132 070
Email: geral@casasdomorgadio.pt
Preços: desde 160€ por noite época baixa, desde 200€ época alta