Casa da Almagreira na ilha de Santa Maria: “Não é um lugar, é um sentir…”

É de Coimbra, mas a infância passada com o avô nas férias de verão, na ilha Terceira, nos Açores, durante três anos consecutivos da década de 1980, fizeram crescer a paixão por aquele arquipélago. A mesma paixão com que, anos mais tarde, resolveu ali adquirir uma casa de férias.
Em vez de uma, comprou duas casas no espaço de três meses, estávamos em 2008: a Casa da Vila (como gosta de chamar) e a Casa da Almagreira, ambas na ilha de Santa Maria, transformando esta última em turismo em espaço rural.
O menino, que em 1980, com 10 anos, passava os quatro meses de férias de verão com o avô, com toda a liberdade que uma criança podia ter naquela altura e num cenário rural como o era o dos Açores, cresceu, tornou-se arquiteto e transportou para a Casa da Almagreira toda a “felicidade e os sonhos” daqueles anos vividos na ilha vizinha.
Hoje, Camilo Rebocho Vaz continua a colecionar propriedades no arquipélago que conhece como a palma da sua mão, fazendo questão de sublinhar que a Casa da Almagreira, a quem deu o mesmo nome que à da freguesia onde se insere, “não é um lugar, é um sentir, é um projeto, uma vontade e desejo de regresso a uma experiência sensorial de descoberta”.



Tudo ali foi desenhado e construído através das suas ideias e projeto, desde os móveis, aos candeeiros, passando pelos atoalhados: “Há um universo manual, sensorial e exclusivo, o que permite oferecer uma experiência de conforto única quando se usa a Casa da Almagreira”, reforça o arquiteto, assegurando que o “conforto é condição obrigatória para mim”.
“As madeiras utilizadas na casa são da ilha, inclusivamente há uma história curiosa de se ter ido buscar árvores ao mato para se fazerem peças de mobiliário. Os candeeiros foram desenhados por mim, os abajures foram feitos por outras pessoas da ilha, o serralheiro fez a parte das armações metálicas. Os próprios atoalhados que estão em cima das camas como proteção, eu fui à cooperativa local dizer quais as cores que queria”, explica Camilo Rebocho Vaz, sublinhando que “tudo o que está na Casa da Almagreira acaba por ser distinto do que uma pessoa normalmente encontra, porque tem um sentido muito exclusivo”.
Tão exclusivo e cheio de histórias, que até o chão da cozinha e casas de banho é construído com as ardósias que os habitantes de Santa Maria utilizaram para aprender a escrever e a ler, como confidenciou ao Turisver: “Quando comprei as duas casas em Santa Maria, com um intervalo de três meses entre ambas, a Casa da Vila tinha sido um armazém municipal e, portanto, todos os quadros de ardósia da ilha estavam lá reunidos e eu achei interessante utilizar esses quadros, que estão distribuídos na Casa da Almagreira e são o chão da cozinha, os dois pavimentos das casas de banho e a parede do duche privativo do quarto. Ou seja, temos gerações de aprendizagem da ilha de Santa Maria e estão integrados na Casa da Almagreira.”
Apesar do desejo de ter uma casa de férias nos Açores lhe vir do coração, Camilo confessa que a escolha de Santa Maria foi mais racional. Na hora de decidir, o arquiteto ponderou alguns fatores e que para si fariam toda a diferença.


“O primeiro fator foi que o local escolhido não fosse tão suscetível a abalos sísmicos. Os abalos que assolaram as ilhas Terceira, Faial e São Jorge ficaram muito presentes e portanto, Santa Maria e as Flores são as ilhas menos suscetíveis a estes acontecimentos”, explica o arquiteto, relembrando que o fator económico também pesou na hora de comprar, já que as ilhas da Terceira e São Miguel têm valores mais elevados. Depois as acessibilidades, sendo que Santa Maria tem duas ligações aéreas diretas à partida de Lisboa e por fim o fator climatérico.
“A ilha das Flores, apesar de para mim, ser a mais bonita do arquipélago, tem quase inverno o ano inteiro, já Santa Maria é conhecida como o Algarve dos Açores. Portanto, a minha decisão estava tomada”, reforça.
Casa da Almagreira é alugada em exclusivo
Já aqui lhe contámos que a Casa da Almagreira ganhou o nome por se inserir numa das cinco freguesias existentes na ilha de Santa Maria: Vila do Porto (a mais povoada), São Pedro, Santa Bárbara, Santo Espírito e Almagreira, esta última assim apelidada pela existência de uma planta na região, o Almagre, cuja cor rubra, a mesma que dá cor à nossa casa protagonista de hoje, servia para tingir os trajes clericais.
A Casa da Almagreira, cuja abertura oficial se registou em 2012, e que se insere nas Casas Açorianas, é constituída por dois níveis, sendo que o piso principal, mais elevado, está ao nível do rés-do-chão na parte de trás. Uma cozinha toda equipada e onde é possível os hóspedes fazerem as suas refeições, uma sala de estar e três quartos: um com duas camas individuais e dois com camas de casal, um deles com casa de banho privativa. Existe ainda uma segunda casa de banho completa na casa. No exterior existem quatro terraços e grelhador com iluminação própria. No total o alojamento é capaz de receber até oito hóspedes.



Camilo Rebocho Vaz explica ao Turisver que a casa “é sempre alugada em exclusivo, não alugamos quartos separados nem a pessoas que não se conhecem umas às outras. Há um regime de exclusividade e privacidade. Não temos funcionários permanentes na casa, se os hóspedes precisarem de alguma coisa é-lhes facultado um contacto e tudo será resolvido rapidamente. A nossa estadia média são cinco noites, se aceitarmos menos noites cobramos uma taxa de estadia curta”.
O arquiteto explica ainda que é deixado aos hóspedes produtos para que façam o pequeno-almoço, quase todos regionais e que passam por pão, leite, sumo de laranja, queijo, fiambre, entre outros. O mesmo é reposto aquando das manutenções que são feitas à casa e que estão incluídas na estadia.
Apesar de a cozinha estar equipada para que os hóspedes possam fazer as suas refeições existem alguns restaurantes nas proximidades, pelo que será interessante provar a gastronomia local.
O que fazer nas redondezas
Situada entre o centro de Vila do Porto e as restantes freguesias da ilha e a dois quilómetros da Praia Formosa, a Casa da Almagreira pode ser o ponto de partida para descobrir tudo o que Santa Maria tem para oferecer.
Esta que foi a primeira ilha do arquipélago açoriano a ser descoberta integra o Grupo Oriental juntamente com São Miguel. Também conhecida como “ilha do Sol” por ter um clima mais quente que as restantes, Santa Maria apresenta uma cor mais dourada, embora na zona mais acidentada, que inclui o Pico Alto, com 590 metros de altitude, a vegetação seja mais luxuriante.
Pontos de interesse e atividades são coisa que não falta na ilha para fazer quer em terra quer no mar, daí que no site da Casa da Almagreira seja fácil de encontrar diversas sugestões. Desde fazer um “simples passeio de barco para ver golfinhos, um mergulho com os tubarões-baleia, pesca submarina ou peca embarcada de corriço ou fundo” tudo é possível e existem empresas especializadas na região para tal.
Por terra as sugestões ficam por nós mesmos e podem passar por uma visita ao Centro de Interpretação Ambiental Dalberto Pombo, no centro histórico de Vila do Porto, a Ribeira de Maloás com uma queda de água com 20 metros de altura, entre outras.
Contactos:
Casa de Almagreira – Empreendimento de Turismo em Espaço Rural – Casa de Campo
Vila do Porto, Açores
t: +351 912 650 006 (chamada para rede móvel nacional)
e-mail: azores@nada.pt
Preços podem ser consultados aqui.