Carlos Latuff: “Todas as ações que façam falta, nós faremos para manter e fazer crescer o mercado português para Cuba”
O Turisver aproveitou a realização da 1ª edição da Bolsa Turística Destinos Cuba em Portugal, realizada no Algarve no início desta semana, para falar com o presidente do Grupo Gaviota, Carlos Latuff. A atividade do Grupo, as parcerias com grupos hoteleiros e tour operadores e o momento turístico que Cuba vive, foram alguns dos temas abordados.
Começava por lhe pedir que me falasse um pouco do que é hoje a Gaviota?
A Gaviota é a maior empresa de turismo que existe na Cuba, com a maior dinâmica de crescimento no nosso país e é composta por quatro empresas importantes, que conseguem que todos os serviços de que o cliente precisa estejam dentro do próprio grupo de turismo Gaviota. Ou seja, o transporte, a marina, recetivos para eventos, congressos, festivais, tudo o que queiramos fazer, e ainda os abastecimentos, que também fornecemos através da nossa própria empresa.
Vocês fazem a gestão e os acordos comerciais internacionais, quer com operadores turísticos quer com a hotelaria para investir em Cuba, certo?
Também é uma das funções, sim. Mais do que 80% dos nossos alojamentos turísticos são administrados por cadeias hoteleiras estrangeiras de topo mundial. Temos a presença de cadeias tão importantes como a Meliá Internacional, Iberostar, a portuguesa Vila Galé que chegou o ano passado. Mesmo agora, estamos a preparar em Havana, um hotel que poderá abrir no próximo ano e que poderá vir a ser administrado também pela Vila Galé.
Temos a Muthu Hotels, a Blue Diamond e a Kempinski, uma cadeia de luxo que é muito importante para nós, já temos três hotéis com a Kempinski, e proximamente vamos abrir outro em Havana, o que vai continuar a prestigiar a nossa capital e o grupo Gaviota.
A Gaviota aposta e quer o investimento das cadeias hoteleiras internacionais no nosso país. Estamos abertos a negociar e a ter relações, tanto comerciais como de investimento na nossa empresa. Queremos também chamar empresas que invistam no nosso grupo para poder desenvolver novos hotéis e instalações, de acordo com os seus próprios standards, em qualquer parte do país.
E com os operadores turísticos, qual é o trabalho que vocês desenvolvem?
Temos um trabalho de grande proximidade com os tour operadores. Como sabe, o principal mercado turísticos para Cuba é o canadiano e temos uma relação quase familiar com os operadores turísticos desse mercado.
Realizamos vários eventos com os tour operadores para podermos financiar e consolidar o nosso trabalho e as nossas parcerias. Um dos exemplos que temos é o evento “Destinos Gaviota” que está muito ligado, e expressamente desenhado, tanto para os tour operadores como para os vendedores que sejam capazes de conhecer o produto que nós oferecemos na no nosso país, porque além de todos os eventos profissionais que existem, também oferecemos excursões para que vivam a experiência e possam vendê-la. É uma relação muito estreita aquela que temos com os tour operadores.
O evento “Destinos Cuba” que foi o primeiro que fizemos em Portugal, no Algarve, foi uma amostra do nosso trabalho com os tour operadores e da nossa aliança, que queremos que seja cada vez mais forte, para o bem comum de ambas as empresas.
“No fim de abril deste ano, Cuba superou o número de turistas que tivemos no ano de 2023 e aproximou-se muito dos valores de 2019. No caso da Gaviota, tendo mais de 40 mil quartos, o que representa mais de 50% dos turistas que vão a Cuba, pensamos que este ano vamos conseguir voltar aos resultados que tínhamos antes de pandemia”
O evento chama-se Destinos Cuba e não Destino Cuba. Quando falam em Destinos Cuba é porque Cuba tem mais do que sal e praia? É essa a definição?
É “Destinos Cuba” porque Cuba não é só Gaviota, em Cuba há muitas empresas hoteleiras, como Gran Caribe, Cubanacan, Isla Sur, que oferecem diferentes tipos de serviços e diferentes tipos de alojamento para o cliente.
Fazemos o “Destinos Cuba” porque é importante e é parte da relação de que lhe falei anteriormente e que tem a ver com atrair as pessoas e estreitar as nossas relações de trabalho com os operadores turísticos.
Este é um evento para continuar todos os anos?
A nossa intenção é que todos os anos se faça o “Destinos Cuba”. Levámos um ano a planear este “Destinos Cuba” que fizemos no Algarve e temos que agradecer ao MGM Muthu Hotels o seu esforço e dedicação, em conjunto com a equipa da Gaviota, para realizar este evento. Também temos que agradecer à Vila Galé, que se integra nas relações com as empresas que administram os nossos hotéis, e que também nos prestigiou, abrindo as portas do seu hotel em Lagos para que pudéssemos fazer as nossas apresentações.
Portanto, a resposta é sim, queremos voltar a fazer o “Destinos Cuba” no próximo ano e se nada falhar, iremos fazê-lo na primeira ou na última semana de abril.
Em termos de número de turistas, Cuba ainda não recuperou os valores de antes da pandemia. E a Gaviota, já conseguiu resultados idênticos ou ainda não?
No fim de abril deste ano, Cuba superou o número de turistas que tivemos no ano de 2023 e aproximou-se muito dos valores de 2019. No caso da Gaviota, tendo mais de 40 mil quartos, o que representa mais de 50% dos turistas que vão a Cuba, pensamos que este ano vamos conseguir voltar aos resultados que tínhamos antes de pandemia. Estamos certos de que o vamos conseguir porque com todas as ações que estamos a desenvolver, e as relações com os operadores turísticos, deixam-nos antever um ano muito bom.
Um dos problemas que as agências de viagem e os operadores portugueses colocam quando se fala de Cuba, tem a ver com as ligações aéreas internas. O que é que está a ser feito sobre esta questão?
É verdade que esse é um dos problemas que nos colocam, e não só os portugueses. Para suprir as dificuldades, a MGM Muthu vai em breve lançar a Muthu Aviation que terá um avião para fazer as ligações internas no nosso país, concretamente entre Havana e Cayo Coco, Cayo Santa Maria, Holguín, Santiago de Cuba – esta é a planificação de ligações existente.
Além disso estão a ser feitos esforços por outras entidades para que possa ser suprido esse deficit que temos de transporte aéreo interno no país.
“A diferença entre Cuba e os outros destinos do Caribe, é que Cuba é única, como diz a nossa campanha liderada pelo Ministério do Turismo. É única pelas pessoas, em primeiro lugar. São pessoas agradáveis, acolhedoras, humanas, como são os portugueses”
O que é que distingue Cuba dos outros destinos turísticos do Caribe?
A diferença entre Cuba e os outros destinos do Caribe, é que Cuba é única, como diz a nossa campanha liderada pelo Ministério do Turismo. É única pelas pessoas, em primeiro lugar. São pessoas agradáveis, acolhedoras, humanas, como são os portugueses.
É única porque tem atrativos do ponto de vista das artes, sejam as artes cénicas, a pintura, a dança, a cultura no sentido comum, que em Cuba é muito diversa e muito rica, como o provam os inúmeros prémios que temos obtido. É única porque tem um run, que é o melhor, porque tem o melhor tabaco do mundo… Todos estes atrativos, entre praia, história, pessoas e belezas naturais fazem com que Cuba seja diferente e única.
Nos últimos anos, as várias entidades ligadas ao turismo de Cuba, têm tentado lançar a ideia de que Cuba não é apenas praia. Como é que a Gaviota aborda esse tema?
A Gaviota não oferece apenas praia, oferece, por exemplo, os Hotéis Habaguanex que permitem o contato direto com o povo de Havana. Cada hotel tem uma história que os torna atrativos.
Oferece festivais exclusivos nos Cayos de Villa Clara que começaram no ano passado, com muito sucesso e que por isso, vamos repetir. Temos Topes de Collantes, uma montanha que oferece a natureza pura e temos Baracoa, que é uma cidade muito bonita, que oferece outros atrativos. Ou seja, temos caminhadas, temos festivais, temos atividades desportivas, etc., não estamos apenas focados no sol e praia.
No que se refere a congressos e incentivos temos, na maioria dos nossos hotéis, condições para que se possam fazer eventos até 1.000 ou 1.500 pessoas, e além das instalações temos pessoas preparadas para realizar esses eventos.
“Estamos muito ligados a vários grupos como a Ávoris e à companhia aérea Iberojet, para toda a promoção de Cuba em Portugal. Depois da pandemia, o mercado de Portugal cresceu muito, e este ano, a incorporação do voo para Cayo Santa Maria e Cyo Coco, que está a vender-se muito bem, vai ter um impacto importante para nós”
Uma das características que contribuiu para o sucesso de Cuba no mercado português e europeu foi a segurança que oferece ao turista que a visita. Continua a ser um país muito seguro?
Cuba também é única pela sua segurança e é segura devido à educação que as pessoas têm. Cuba é muito segura, sempre foi segura e continuará a ser. Há anos que vejo os turistas andarem à noite pelas ruas, por todos os lugares e ninguém nos reporta algum tipo de situação. Somos um país muito, muito seguro.
O turismo tem mudado. É uma atividade económica que está sempre a renovar-se. Como é que a Gaviota olha para o futuro?
O que a Gaviota está sempre a fazer é a renovar e inovar o seu produto e a forma como faz as coisas. Reflexo dessa renovação e inovação constantes é a campanha “Sientelo” que desenhámos para a Gaviota e que é uma adaptação ao novo turismo. E haverá mudanças, gradualmente, na forma de fazer, na forma de sentir, na forma de apresentar, que iremos integrando.
O que é que pensam fazer em termos de promoção turística em Portugal?
Este ano já temos o “Destinos Cuba” e estamos a organizar alguns eventos em Cuba, famtrips para que os agentes de viagens, e também jornalistas, possam conhecer Cuba.
Estamos muito ligados com vários grupos como a Ávoris e a companhia aérea Iberojet, para toda a promoção de Cuba em Portugal. Depois da pandemia, o mercado de Portugal cresceu muito, e este ano, a incorporação do voo para Cayo Santa Maria e Cayo Coco, que está a vender-se muito bem, vai ter um impacto importante para nós. Os portugueses começam a ser clientes importantes para o nosso destino, e nós vamos oferecer todas as vantagens de Cuba.
Todas as ações que façam falta, nós faremos para manter e fazer crescer o mercado português para Cuba.