Carlos Ferreira, presidente da Câmara da Horta, quer “captar turistas ao longo de todo o ano” para o Faial

À margem da Convenção da Bestravel que se realizou na ilha do Faial, o Turisver falou com o presidente da Câmara Municipal da Horta, Carlos Ferreira, para saber quais os objetivos da autarquia para o turismo, quais as potencialidades e também os entraves que se colocam ao desenvolvimento turístico.
Quais são as grandes dificuldades que se colocam ao crescimento turístico da ilha do Faial?
Nós temos um potencial enorme, isso é algo que queremos transmitir e aproveitamos eventos com a dimensão da 20.ª Convenção de Bestravel, para transmitirmos a todo o país e a todo o mundo esse nosso potencial. Mas, naturalmente, temos dificuldades, nomeadamente ao nível dos transportes: precisamos de mais e melhores acessibilidades para que as pessoas possam chegar à Ilha do Faial e desfrutar de todas as experiências incríveis que a Ilha tem para proporcionar.
Por outro lado, temos necessidade de atrair fluxos turísticos fora daquilo que é a época alta. É verdade que a época alta tem vindo a alargar-se, neste momento já temos, felizmente, uma afluência bastante considerável de turistas entre abril e o final de outubro, mas precisamos de trazer pessoas entre os meses de novembro e março para que os nossos empresários possam rentabilizar os seus negócios, e é nisso que estamos a trabalhar.
Há alguma estratégia de complementaridade entre as Ilhas do Triângulo?
Sim, nós temos uma estratégia de promoção, naturalmente de cada uma das ilhas individualmente, dos Açores como um todo, mas temos aqui, nas ilhas do Faial, Pico e São Jorge, no Triângulo dos Açores, uma estratégia de complementaridade que transmite às pessoas que podem, com um único bilhete de avião, por exemplo, de Lisboa para a Horta, conhecer três ilhas de forma muito fácil e a um custo baixíssimo. Para que as pessoas saibam, em 25 minutos conseguem deslocar-se do Faial à Ilha do Pico, em duas horas conseguem deslocar-se do Faial a São Jorge, e podem mesmo fazer uma única viagem de avião de Lisboa para a Horta, e ficar a conhecer as três ilhas do Triângulo e depois também, muito facilmente, regressar a Lisboa.
Esta estratégia tem vindo a dar resultados, evidentemente temos que fazer promoção, para que as pessoas possam conhecer o Faial e as Ilhas do Triângulo porque as nove ilhas dos Açores são todas belíssimas, cara uma com as suas características próprias e têm muito para oferecer.
A oferta hoteleira pareceu-me que ter uma qualidade muito aceitável aqui na vossa ilha.
O Faial é uma ilha cosmopolita, com uma história riquíssima, ligada à baía, ao Porto, e à marina, que é uma das mais frequentadas do Atlântico e, por isso, temos também unidades hoteleiras com qualidade e com capacidade de alojamento.
Para além das unidades hoteleiras tradicionais que têm, de facto, essa qualidade, temos vindo também a assistir ao surgimento de empreendimentos turísticos ao nível do alojamento local e do turismo rural com muita qualidade, em que as pessoas podem desfrutar de espaços de natureza, com muito conforto, com privacidade e, portanto, este é um segmento em que a oferta tem sido qualificada de forma progressiva e pode ser uma excelente opção para quem vem visitar a Ilha do Faial.
“No mínimo faria uma estadia de três dias para poder conhecer a Ilha do Faial. Para quem gosta de natureza, de desportos, de aventura, eu recomendaria uma estadia de cinco dias a uma semana…”
Se lhe perguntasse quantos dias é que um continental que vem de visita à ilha, deve ficar aqui para poder ver e desfrutar o máximo, o que sugeria?
No mínimo faria uma estadia de três dias para poder conhecer a Ilha do Faial. Para quem gosta de natureza, de desportos, de aventura, eu recomendaria uma estadia de entre cinco dias a uma semana, de modo a que pudesse conhecer o nosso património histórico e cultural edificado, visitar os museus, visitar as nossas igrejas, conhecer a nossa gastronomia, conhecer pontos famosos em todo o mundo, como por exemplo o Peter’s, que é um dos cafés mais conhecidos do mundo, com o seu famoso gin, com acolhimento aos aventureiros, que são os iatistas, e que historicamente aportam aqui ao porto da Horta, à cidade da Horta, à ‘Cidade do Mar dos Açores’ e, naturalmente, sair para o mar para observação de baleias e golfinhos, para passeios pela costa da Ilha do Faial.
Isto sem esquecer que há que experimentar os nossos trilhos em terra, porque nós temos trilhos belíssimos. É aqui na Ilha do Faial que se realiza todos os anos o Ultra Blue Island, uma prova de trail que traz à Ilha do Faial atletas de 30, 40, 50 nacionalidades. E também não podemos esquecer a paisagem única do Vulcão dos Capelinhos. Para ver isto tudo e desfrutar de todas estas experiências incríveis, recomendo 5 a 7 dias.
Numa recente intervenção, disse que o Faial é uma ilha muito tranquila, muito segura e isso é um ponto muito positivo para quem viaja. Para além da primeira leitura que é a associada à não violência, há outros tipos de segurança, como a relacionada com a alimentação, com os trilhos, por exemplo. Esse tipo de segurança também existe?
Sim, existe, os trilhos são certificados, aliás isso constitui uma obrigatoriedade por parte das entidades oficiais. A segurança alimentar também, naturalmente, temos a Inspeção Regional de Atividades Económicas que acompanha e fiscaliza permanentemente os agentes económicos e temos, naturalmente, segurança pública. Nessas várias dimensões da segurança, o Faial e os Açores têm muito para oferecer e a ilha do Faial, de forma muito concreta, é uma ilha extremamente segura, em que, apesar de não recomendarmos, as pessoas continuam a deixar os carros abertos, muitas pessoas saem de casa e deixam a chave na porta, isto para que as pessoas possam ter uma perceção do que vêm encontrar na ilha do Faial. Encontram a cidade mais ocidental da Europa, encontram uma ilha com uma vocação cosmopolita muito acima daquilo que é normal e encontram belezas naturais e segurança.
Para além disso, encontram uma população com muita vontade de acolher bem e de ajudar, esse é outro aspeto que cria uma perceção de segurança em todos os visitantes, que é a noção de que podem dirigir-se a qualquer cidadão da ilha do Faial a pedir uma ajuda e têm essa ajuda.
“Vamos à BTL apresentar a ilha, apresentar todas as ilhas, mas aqui no caso concreto a Ilha do Faial, aos agentes do turismo, agentes de viagens e aos cidadãos que depois, no último fim de semana, visitam a BTL, apresentar as experiências que temos para oferecer no mar, neste mar azul que nos rodeia, apresentar, naturalmente, as experiências em terra também e todo o potencial do Faial, do Triângulo e dos Açores”
Este é o segundo evento, penso que em anos consecutivos, que recebem na área do turismo, mas poderia ser de outro tipo. Receberam o congresso da Apecate, e tiveram agora a Convenção da Bestravel. Esta é a capacidade máxima que conseguem para que as coisas corram dentro da normalidade, em termos de congresso e incentivos?
Temos aqui uma convenção com 200 pessoas, que é para nós um motivo de grande satisfação naturalmente, mas, por exemplo, na semana das pescas, o número de participantes é ainda maior e, chega a atingir as 300 pessoas. Temos, naturalmente, exigências e desafios ao nível da garantia de que as pessoas chegam facilmente à Ilha do Faial, mas, depois, com a entreajuda e o trabalho entre todas as entidades, conseguimos criar condições para organizar eventos com capacidade ainda maior aqui na cidade da Horta e na Ilha do Faial, ao nível de congressos.
Se falarmos, por exemplo, numa prova de trail running, nós temos no Ultra Blue Island, no primeiro fim de semana de maio, com 800 atletas que vêm correr aqui nos trilhos da Ilha do Faial e, temos naturalmente capacidade para acolher, para organizar, para receber ainda mais e estamos motivados, empenhados e disponíveis para o fazer, assim que queiram os nossos parceiros visitar-nos, contactar-nos e criar essas experiências aqui na Ilha do Faial.
Certamente irão estar no stand dos Açores na BTL. O que é que os agentes de viagem podem esperar ter como contactos vossos na feira?
Vamos estar na Bolsa de Turismo Lisboa, como tem sido também habitual. O município tem um stand próprio no âmbito do stand da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores e, para além do stand do município, teremos a representação de empresários e, portanto, de experiências de potencial turístico aqui na Ilha do Faial.
Vamos à BTL apresentar a ilha aos agentes do turismo, agentes de viagens e aos cidadãos que depois, no último fim de semana, visitam a feira, dar a conhecer as experiências que temos para oferecer neste mar azul que nos rodeia. Vamos apresentar igualmente as experiências em terra também, e todo o potencial do Faial, do Triângulo e dos Açores, as nossas belezas naturais, a segurança e também o sentimento daquilo que é ser faialense, daquilo que é ser açoriano, as nossas tradições, a nossa cultura, a nossa história, porque esse é também um produto fundamental para vendermos na área do turismo e, reforço, procurando captar público, captar turistas ao longo de todo o ano.