Carlos Baptista, diretor da APAVT: “… o mercado nacional continua a ser o mercado número um para os Açores…”

Carlos Baptista foi um dos diretores da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo que integrou a viagem com a imprensa às ilhas Terceira e Graciosa, entre 25 e 28 de maio, para dar a conhecer o produto “Rotas Açores”, da Direção Regional de Turismo dos Açores. O Turisver esteve à conversa com este profissional sobre o fluxo turístico nacional para o arquipélago e o novo produto que pretende atrair turistas todo o ano às nove ilhas.
Porque é que os Açores não crescem mais no mercado nacional?
O mercado nacional historicamente é o mercado número um nos Açores, muito mais de 50% da produção turística nos Açores é de mercado nacional. Penso que não se trata de uma questão de crescimento, porque o mercado nacional tem mantido uma quota sempre muito importante ao longo destes anos de desenvolvimento turístico nos Açores.
Agora é natural que a própria região trabalhe outro tipo de mercados, mercados do centro e norte da Europa que são mercados históricos também aqui na região e os mercados dos EUA e Canadá.
Está a haver um crescimento e notoriedade dos Açores em mercados internacionais, isso é positivo, desejável para a região, não cria uma dependência tão grande de um único mercado, mas o que é facto é que o mercado nacional continua a ser o mercado número um para a Região dos Açores e a ser o mais importante.
“… não penso que sejam produtos finais, acredito que ao longo do processo há uma melhoria contínua e que provavelmente vai sofrer algumas mutações, sempre no sentido de melhorar a experiência do consumidor“
A apresentação deste projeto das “Rotas Açores” é também uma forma de atrair mercado nacional?
Estas Rotas são extremamente relevantes na construção de um produto turístico, porque os Açores têm todas as condições naturais, sociais e económicas para desenvolverem um turismo de qualidade, mas é preciso trabalhar produto.
E, portanto, acho que este projeto da Direção Regional de Turismo dos Açores com a SPIRA (empresa especializada em projetos de revitalização patrimonial com uma experiência de mais de 20 anos no setor) faz todo o sentido na construção de um produto cada vez mais forte.
É um projeto ainda embrionário, nasceu há relativamente pouco tempo, mas já vemos algumas rotas a serem implementadas no terreno. Obviamente que não penso que sejam produtos finais, acredito que ao longo do processo há uma melhoria contínua e que provavelmente vai sofrer algumas mutações, sempre no sentido de melhorar a experiência do consumidor, mas é muito importante que existam, que comece a sair alguma coisa como estamos a ver agora e que daqui haja um processo continuo de melhoria, que no fundo vá atrair outro tipo de segmentos turísticos e vá melhorando a experiência turística do destino Açores.
Portanto, sim, não tenho dúvidas que vá melhorar e atrair cada vez maior atenção quer seja do mercado nacional quer seja do internacional nestas diferentes rotas históricas e culturais que estão a ser trabalhadas e desenvolvidas.
Das Rotas que fizemos aqui (Vinhas e Vulcões), melhorava alguma coisa ou acrescentaria outras atividades?
Não quero entrar por aí, mas penso que sim, penso que o processo de maturação da própria experiência da rota ainda tem de percorrer algumas fases. Mas penso que o que aqui vivenciamos é muito positivo em relação àquilo que existia.
Só o facto de termos esta discussão sobre o que melhoraríamos, é positivo e, portanto, não vou especificar quais são os pontos de melhoria, apesar de já o ter feito com as pessoas certas, mas sim, não tenho dúvidas que essas mesmas rotas vão sofrendo mutações e melhorias no processo.
Diversificar e dispersar a oferta turística
Este é um projeto que inclui todas as ilhas, apesar de nós só termos visitado a Terceira e a Graciosa. Estão programadas mais visitas de reconhecimento?
Sim, é um projeto para todas as ilhas e sim, vai haver mais visitas a outras ilhas, nomeadamente a Santa Maria que é um território de menor densidade turística. A ideia é também, para além do produto já conhecido e mais divulgado do arquipélago, tentar diversificar e dispersar a oferta turística, porque os Açores são nove ilhas e portanto, há uma panóplia de produtos que podem ser explorados nos diferentes destinos.
De que forma é que as agências de viagens podem ajudar a vender este produto?
Estas rotas estão a ser desenvolvidas pela Direção Regional de Turismo dos Açores com a SPIRA, mas depois o processo de venda não é feito por nenhum destes organismos, portanto tem de haver um envolvimento das agências de viagens e dos operadores turísticos, percebendo o produto e colocando-o à venda como um produto integrado de A a Z.
É isso que se pretende, por isso é que eu digo que o processo está numa fase embrionária, é um facto que o Governo Regional dos Açores tem feito um esforço de formação, que começa nos próprios guias e pelas empresas locais, para que estejam preparados para vender este produto e depois há todo um processo a montante que é das agências de viagens e operadores distribuindo nos diferentes mercados e, nomeadamente, o que neste momento importa e que nós trabalhamos que é o mercado nacional.
Este é um processo que vai ter de nascer e que vai ter de ser plantado em cima da base que está a ser trabalhada pela Região Autónoma dos Açores e é isso que estamos a fazer com esta primeira viagem realizada e com as que vão ser feitas no futuro também com a distribuição e os tour operadores, para que depois possa haver entendimento do produto e uma sequência de venda do produto ao cliente final.