Fam trip Viajar Tours (Parte I): “Buongiorno Sardenha!”
Há quem diga que “uma imagem vale por mil palavras”, por isso é tão difícil exprimir em palavras cada tonalidade de azul que o mar da Sardenha imprime ao nosso olhar. Cada fotografia tirada por nós nesta ilha italiana do Mediterrâneo descreve, por si só, toda a beleza de um destino que dista pouco mais de duas horas de Portugal. O Turisver esteve lá, a convite do Viajar Tours, para acompanhar um grupo de sete agentes de viagens e conhecer o programa proposto pelo operador turístico, disponível até 11 de setembro.
Por: Sandra M. Pereira
Oito dias foram mais do que suficientes para desfrutarmos das três opções hoteleiras propostas em três destinos diferentes da Sardenha: o Mangia’s Santa Teresa Resort 5*, no norte da ilha, em Santa Teresa di Gallura; o Club Esse Palmasera Village Resort 4* regular, em Cala Gonone (a sul) e o IS Serenas Badesi 4*, em Badesi.
Mas também para fazermos uma excursão ao arquipélago da Maddalena, a partir do Porto di Cannigione, com paragem nas belíssimas praias de azul-turquesa e almoço a bordo do barco, de visitarmos a pequena aldeia de San Pataleo conhecida pelos seus artistas e pelas grandes montanhas de pedra granítica, a famosa Costa Esmeralda, onde para a “nata” da sociedade mundial e as melhores marcas de luxo, degustar um jantar tradicional sardo num agroturismo e… fora do programa, mas facilmente ao alcance dos visitantes, uma viagem até à ilha francesa da Córsega… Mas já vos contamos tudo.
Sardenha ou Ichnùsa
É dia 3 de julho e o nosso ponto de encontro está marcado para as 12h00 no aeroporto do Porto para embarcarmos pelas 14h00 com destino a Olbia, um dos três aeroportos disponíveis na Sardenha (os outros dois ficam na capital, em Cagliari e em Alghero). Somos um grupo de 10 pessoas, que em breve juntar-se-ão aos restantes 150 passageiros que partiram neste charter com a Air Horizont para uns merecidos oito dias de descanso. Pouco mais de duas horas depois estamos a aterrar na Sardenha, onde o horário local é mais uma hora do que em território português. À nossa espera está Dante, o motorista que nos conduzirá pelas estradas curvilíneas que serpenteiam o norte da Sardenha. Como bom sardo/italiano que é, o pé no acelerador é uma realidade, mas a sua simpatia supera qualquer “enjoo” fora do programa. De qualquer forma, para quem pretender alugar um carro, o ideal será fazê-lo logo à saída do aeroporto e já sabe, atenção redobrada na estrada, mas a certeza de que poderá conhecer lugares incríveis.
À medida que nos vamos aproximando desta ilha com 24.090 quilómetros quadrados e 1.849 quilómetros de costa, o que faz dela, a segunda maior do Mediterrâneo, depois da Sicília, logo sobressai o azul do mar, que recorta em várias enseadas pequenas praias, onde não raro vemos pequenos iates atracados, enquanto os seus ocupantes dão longos mergulhos.
Com cerca de 1,65 milhões de habitantes, a Sardenha nem sempre assim se chamou. Rodeada de mitos e lendas, esta ilha italiana foi apelidada em tempos por Ichnùsa, o mesmo que agora dá nome à conhecida cerveja local que tivemos oportunidade de experimentar. Foi assim que os gregos a chamaram durante os anos das suas conquistas, por a sua geografia se parecer a uma pegada. Mais tarde, no entanto, voltariam a renomeá-la por Sandaliotis, que significa sandália.
A verdade é que a história da Sardenha não teve a vida facilitada, já que por se encontrar no meio do Mediterrâneo foi sempre muito apetecível e conquistada por diversos povos. Por ali passaram fenícios, cartagineses, romanos, árabes, bizantinos, catalães, saboianos e italianos e por ali deixaram alguns vestígios da sua presença, como as mais de 8.000 torres existentes por toda a ilha, os nuraghi (construções pré-históricas) e tumbas gigantes. Entre os séculos XIII e XVII esteve sobre o domínio dos espanhóis. Só a partir de 1960 é que a Sardenha se torna um destino turístico. Até então, as populações viviam essencialmente no interior da ilha, no campo, evitando o litoral por causa da malária, uma doença transmitida pela picada dos mosquitos, que nessa altura era uma triste realidade na Sardenha. Em 1951, com o apoio da Fundação Rockefeller, a malária foi erradicada.
Foi nessa altura que as pessoas que ali se deslocaram a serviço da Fundação e de outras entidades verificaram que a ilha era realmente muito bonita, com praias paradisíacas, mas sem qualquer casa à beira-mar ou serviços que pudessem dar resposta às suas necessidades e por isso decidiram que seria uma boa ideia investir no destino. Para tal convenceram o príncipe Karim Aga Khan IV, que com os seus investimentos fez surgir a Costa Esmeralda em 1962, mas já lá iremos…
San Pantaleo, Porto Cervo, Baja Sardinia e Cala Gonone
Depois de uma noite bem dormida no hotel Mangia’s Santa Teresa Resort, em Santa Teresa di Gallura, onde assentámos arrais durante a nossa estadia, partimos à descoberta da tão famosa Costa Esmeralda, mas não sem antes fazermos uma pequena paragem em San Pantaleo, um pequeno povoado não muito longe da nossa unidade hoteleira, conhecido essencialmente pelos seus artistas, pelo seu mercado que decorre todas as terças-feiras (atualmente foi interrompida a sua realização) e as gigantes rochas graníticas que se perfilam à nossa frente.
Com cerca de 9.000 mil habitantes, San Pantaleo desenvolve-se em torno da sua pequena praça, onde existe a igreja com o mesmo nome e também pequenas casas em pedra, cuja construção não pode ser alterada, por serem de arquitetura antiga e protegida. Muitas destas casas albergam lojas com diversos produtos, que vão desde roupa, a cestaria, bijuteria, ateliers de artesãos e casas para alugar. Ornamentadas com todos os tipos de flores, as casas são por si só, um postal de viagem e merecem bem a visita.
Regressemos então ao príncipe Karim Aga Khan IV, pois sem ele, o local que agora vamos visitar não existiria. Falamos de Porto Cervo e da sua Costa Esmeralda, que apenas em 1962 surgiu para o mundo como um destino turístico de elite. Quando chegou à Sardenha em 1959, o príncipe atracou o seu iate no porto existente, pois não havia qualquer aeroporto até então.
Como já aqui vos contámos, os sardos viviam por essa altura no interior do país, deixando as terras do litoral para as mulheres, que mais tarde as dariam em dote aos seus futuros maridos. Terras essas, que para os pais eram as piores da família, mas que, na verdade, para Karim Aga Khan IV eram as que mais lhe interessavam. Depois de adquirir vários hectares, o príncipe começou a construir Porto Cervo, com alguns hotéis de cinco estrelas, um porto para iates de luxo, ruas e serviços exclusivos.
Apesar de ter adquirido vários hectares de terras o príncipe não permitiu que se construísse em todo o lado, preservando grande parte da natureza, tornando-se assim num modelo de construção a ser seguido por outros locais.
Depois de tirarmos a foto da praxe, na tão instagramável rocha granítica com o nome de Costa Esmeralda esculpido, descemos até Porto Cervo para uma breve visita. Tudo ali cheira a luxo e a exclusividade, portanto se gosta de marcas únicas, encontrará dezenas. Delicie-se com os vários iates atracados no porto e se quiser comer por ali, saiba que tem de “abrir os cordões à bolsa”. Ou então faça como nós e faça uma paragem em Baja Sardinia, um pouco mais à frente.
Localizada a nordeste da Sardenha, entre a vila de Porto Rotondo e Baja Sardinia, a Costa Esmeralda conta com 56 quilómetros de baías com águas azul-turquesa e quase 20 praias, algumas só acessíveis mediante pagamento. É por ali que param várias vedetas internacionais, incluindo o conhecido jogador de futebol português Cristiano Ronaldo.
Olhos regalados partimos para o nosso almoço na Pizzaria Sol e Mare em Baja Sardinia. As pizzas são enormes, portanto dão para partilhar e ainda um esparguete com ameijoas e botarga (uma especialidade culinária de vários países mediterrânicos feita com ovas de diversos peixes como o sargo, o atum ou a tainha, que depois são salgadas e secas). Uma delícia, acompanhada pela cerveja local, que também já lhe demos conta, a ichnusa. O preço, esse é bem mais acessível que em Porto Cervo. Depois? Bem, depois é descer até à praia de areia branca e águas cristalinas, onde a temperatura está perfeita e dar um grande mergulho ou vários.
São 16h30, está na hora de regressarmos a Santa Teresa di Gallura e ao nosso cinco estrelas, que abriu portas recentemente, depois de ter sofrido obras de remodelação: o Mangia’s Santa Teresa Resort. Amanhã espera-nos um novo dia, em direção a Cala Gonone.
A viagem avizinha-se longa. Dante, o motorista aguarda-nos. São pelo menos 2h40 até ao nosso próximo destino, desta vez para visitarmos o Club Esse Palmasera Village Resort, um 4 estrelas regular, em regime de soft tudo incluído e que faz parte da programação do Viajar Tours à Sardenha.
Fica situada na costa leste da Sardenha esta pequena cidade que hoje visitamos. Para lá chegarmos voltamos a percorrer o serpenteado de estradas, passando por Olbia em direção a sul. Mais adiante encontramos algumas retas, o que nos faz respirar de alívio. As montanhas vão acompanhando-nos no percurso. Saiba que a montanha mais alta na Sardenha tem 1.834 metros de altitude e chama-se Punta La Marmora.
Ainda antes de chegarmos a Cala Gonone atravessamos um túnel que rompe a extensa rocha da montanha e aos nossos olhos surge uma outra paisagem, onde o verde e o azul do mar fazem-nos antecipar um destino especial.
A estrada serpenteia o verde até chegarmos à pequena cidade e é aqui também que vai encontrar o Golfo di Orosei e algumas grutas enquanto faz o seu passeio de barco.
Nós ficámo-nos pela praia, aqui de areia mais grossa e algumas pedras. Ainda assim, o já habitual azul-turquesa da Sardenha e a água a uma temperatura bastante agradável faz-nos esquecer qualquer adversidade. (continua…)
O Turisver viajou a convite do operador turístico Viajar Tours para a Sardenha.