Bruno Gamito: De Azeitão onde espreitou o mundo do turismo a ‘Melhor Jovem Diretor de Hotel’ nos Prémios Xénios
Nasceu e cresceu em Azeitão e ter assistido à dinamização do projeto de Troia, aliado ao facto de gostar de interagir com pessoas, trouxeram Bruno Gamito para a hotelaria. Há dois anos como diretor-geral hoteleiro, foi agora distinguido como ‘Melhor Jovem Diretor de Hotel” nos Prémios Xénios 2024 –Excelência na Hotelaria, da ADHP.
Como é que lhe surgiu a ideia de concorrer ao prémio de ‘Melhor Diretor de Hotel’?
Na verdade não fui eu que me candidatei, fui nomeado por um par meu, o Marcos Sousa, a quem tenho que agradecer o facto de ter proposto o meu nome como candidato ao prémio. Trabalhei com o Marcos Sousa durante cerca de oito anos na NAU Hotels & Resorts, aprendi muito com ele, e ter sido reconhecido pelo Marcos, que me nomeou para este prémio, é um orgulho e uma honra, naturalmente.
Para além de ter tido esse reconhecimento da parte do Marcos Sousa, foi também reconhecido pelos seus pares que votaram em si para integrar a shortlist de finalistas.
Não há nada mais importante do que o reconhecimento dos pares. O reconhecimento de quem trabalha na mesma área e na mesma posição hierárquica que nós é algo fabuloso e só tenho a agradecer a todos.
Já é diretor de hotel há muitos anos?
Somente há dois anos é que estou como diretor-geral. Primeiro fui diretor do Morgado Golf & Country Club da NAU Hotels & Resorts e neste momento estou como diretor do Wyndham Residences Alvor Beach, em Alvor, e do Hotel Baía Cristal que está a passar por uma profunda remodelação, estando prevista a sua reabertura em 2025. Vai ser um cinco estrelas completamente novo no Algarve, concretamente no Carvoeiro.
Está, portanto, a acompanhar essa obra, o que é sempre uma experiência diferente. É um trabalho muito complexo?
Dizer que o hotel está a ser completamente remodelado – quartos, áreas públicas, zonas exteriores, vamos fazer uma nova piscina, ampliar o número de quartos e vamos alterar muito toda a sua estrutura, pelo que se trata de uma experiência desafiante mas ao mesmo tempo é uma experiência única.
Além disso, o Wyndham Residences Alvor Beach abriu em julho de 2023, já em resultado de uma remodelação, ou seja, já tive a experiencia de uma remodelação, neste caso de um quatro estrelas, mas que também foi complexa e desafiante principalmente porque abrimos em plena época alta. Abrir em julho no Algarve um hotel de mais de 140 quartos é um desafio, mas tem corrido muito bem e daí a nossa pontuação ser de 9.0 na Booking em mais de 1.000 comentários, o que é mesmo muito bom.
De Azeitão, onde nasceu, via Troia e o turismo a desenvolverem-se e tomou a decisão de ir estudar gestão hoteleira
Como é que decidiu vir para a área do turismo e mais concretamente para a hotelaria?
Eu sou de Azeitão, nascido e criado e na altura em que tive que decidir ingressar num curso universitário, nos meus 17-18 anos, o complexo de Troia estava a ser construído e dinamizado. Sendo uma zona próxima do meu local de residência, e conhecendo algumas pessoas que trabalhavam lá e com quem me fui integrando, percebi que esta era um setor em grande crescimento em Portugal. Acabei por não em Troia e fui parar ao Algarve, mas o principal motivo foi mesmo o de estar perto de uma zona que estava a ter um grande crescimento em turismo. Por outro lado, o turismo é uma área de que eu gosto, gosto de viagens, gosto de pessoas e de interagir com elas e tudo isto junto fez com que me decidisse pelo turismo e a hotelaria.
Foi estudar para Setúbal e depois foi logo para o Algarve?
Eu tirei a licenciatura em Gestão Hoteleira na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve, entre 2006 e 2010 e a minha primeira experiência profissional foi no Vila Galé Clube de Campo, no Alentejo, depois estive dois anos no Vila Galé Porto e só regresso ao Algarve no verão de 2013 para entrar na NAU Hotels & Resorts.
Quando é que se tornou associado da ADHP?
Associei-me em 2016 ou 2017, quando fiz o Curso de Especialização em Direção Hoteleira pela ADHP.
É uma associação sui generis porque nós temos várias associações empresariais mas esta não é dos donos dos hotéis mas representa quem os dirige. Nota que o espírito de um congresso como este é sentido de outra maneira por quem participa?
Eu sinto que este tipo de congresso com diretores de hotéis e para diretores de hotéis é algo único porque são dois dias em que conseguimos partilhar as nossas experiências da mesma forma que também partilhamos as nossas “dores” e tudo o que envolve a nossa profissão. Em dois dias conseguimos falar e debater sobre todos os desafios que temos, reencontramos pessoas que às vezes ó vemos de ano a ano e este é um espírito único que só existe neste congresso.
“Quem vem para a hotelaria tem que gostar de pessoas, tem que gostar de interagir, de gostar de receber bem – isso é parte integrante do nosso trabalho. Não creio que o salário seja a única coisa que importa mas toda esta panóplia de situações que fazem com que a hotelaria continue a ser apetecível”
Neste momento parece existir um certo afastamento dos jovens em relação ao turismo nas suas variadas vertentes e nomeadamente da hotelaria. Na sua opinião, é isso que está a acontecer?
Não é tanto assim, o turismo está na moda. Fala-se no turismo, fala-se na cozinha, fala-se no bem receber, nos números magníficos que Portugal tem conseguido ao longo dos anos e isto faz com que os jovens vejam o turismo como um futuro, como uma área em que há garantia de emprego, e isso vai continuar a acontecer.
Mas se por um lado há garantia de emprego, por outro os jovens queixam-se por este ser um setor que paga mal. A hotelaria paga assim tão mal?
Na minha opinião a hotelaria não paga assim tão mal, tem um conjunto de posições em que paga até acima da média e além disso não é só o salário, é também a ligação com as pessoas que é importante: quem vem para a hotelaria tem que gostar de pessoas, tem que gostar de interagir, de gostar de receber bem – isso é parte integrante do nosso trabalho. Não creio que o salário seja a única coisa que importa mas toda esta panóplia de situações que fazem com que a hotelaria continue a ser apetecível.
Alguém que como o Bruno Gamito é diretor-geral há dois anos, com o que é que sonha em termos de carreira?
Eu sou uma pessoa que se preocupa com o dia a dia, não olho para o futuro longínquo. O meu objetivo é ir progredindo diariamente, mensalmente. É verdade que tenho alguns projetos a realizar mas o meu foco está no dia a dia.
Uma experiência internacional não o seduz?
Para já, ainda não. Sinto-me muito bem neste país e creio que o país ainda tem muito a oferecer.