Bernardo Trindade defende “grande campanha em torno do aumento da estadia média”

No final da apresentação do inquérito “Balanço 2024 & Perspetivas 2025” realizado pela AHP, Bernardo Trindade, presidente da Associação, falou dos desafios que se colocam ao setor em 2025 e defendeu a necessidade de uma campanha em torno do aumento da estada média para fazer face aos constrangimentos do aeroporto de Lisboa.
O Aeroporto de Lisboa continua a ser uma das grandes preocupações quando se fala do futuro da hotelaria e do turismo em geral. Por isso, apesar de afirmar que as perspetivas para 2025 são positivas, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal frisou que “temos um conjunto de desafios pela frente”, a começar pela “questão sempre importante e sempre batida pelo setor do turismo e da hotelaria, em particular, relativamente à nossa principal infraestrutura aeroportuária”.
Alertando que o novo aeroporto de Alcochete irá “bastante para além da previsão que estamos neste momento a apontar”, Bernardo Trindade sublinhou ser “essencial que, na nossa principal infraestrutura e aquela que serve o país, tenhamos respostas ao nível das obras que decorrem, da qualidade do serviço que estamos neste momento a oferecer e sobretudo que olhemos para um tema que é um tema muito importante”.
Tendo em conta as atuais dificuldades colocadas pelo aeroporto de Lisboa, nomeadamente ao nível da atribuição de slots, o dirigente associativo apontou a necessidade de “desencadear uma grande campanha em torno do aumento da estadia média”. “Parece-nos que esta é claramente uma resposta face a um mercado que procura Portugal e procura a nossa principal estrutura aeroportuária”, defendeu.
Bernardo Trindade apontou ainda outros desafios, relacionados com dossiers que estão há muito em cima da mesa e que, face à instabilidade política que se vive e à realização de novas eleições legislativas, sofrem novos atrasos. Um deles foi o da abertura do capital da TAP, que considerou “essencial no nosso processo de desenvolvimento”. A propósito alertou: “É essencial assegurar a sua vocação [da TAP] estratégica para Portugal e que, desse ponto de vista, o caderno de encargos tenha presente essas preocupações”.
Apesar de alguns decréscimos no 1º trimestre “vamos conseguir reequilibrar esta performance”, acredita Bernardo Trindade
Já comentando os resultados do inquérito realizado pela AHP, apresentados esta quarta-feira, 26 de março, o presidente da Associação fez notar que “em tempos de incerteza global, em tempos de incerteza política nacional, o turismo e a hotelaria trazem certeza. Os dados de 2024 são absolutamente categóricos desse ponto de vista”, com um crescimento “democrático” que abrangeu todas as regiões e indicadores.
“Crescemos em ocupação, crescemos em preço, crescemos em RevPAR e, globalmente, atingimos, pela primeira vez, mais de 27 mil milhões de euros de receitas turísticas, o que, para além disso, traduz um saldo de exportações e importações de serviços de 20 mil milhões de euros, o que traduz, de facto, um contributo muito significativo no facto de a economia portuguesa ter apresentado crescimento”.
Já no que se refere às perspetivas para 2025, começou por considerar que o ano tem como grande concorrente: o de 2024 que foi “o melhor ano de sempre” e, se as estimativas até são positivas, o presidente da AHP recusa-se a ‘embandeirar em arco’, justificando: “No primeiro trimestre, que estamos praticamente a terminar, em muitas regiões do país, em muitos dos nossos associados, apresentámos decrescimentos. Temos muitos casos em que o primeiro trimestre de 2025 foi pior do que o primeiro trimestre de 2024”.
Ainda assim, acredita que “vamos conseguir reequilibrar esta performance, nalguns casos crescendo mais que 2024, nalguns casos ficando em linha com 2024 que foi, de facto, o melhor ano turístico de sempre”