Bernardo Trindade: “Banalização das taxas turísticas” é um “sinal errado” que está a ser dado à atividade turística
A preocupação da AHP face ao que considera ser a “banalização das taxas turísticas” foi destacada pelo presidente da Associação num almoço que teve como convidado o ministro da Economia. Numa intervenção em que abordou temas como a imigração, Bernardo Trindade mostrou-se, também, preocupado com “alguma estagnação” que começa a existir na “saúde económica” das empresas.
Na sexta-feira, 6 de setembro, num almoço realizado pela AHP, que juntou dezenas de hoteleiros e teve como convidado o ministro da Economia, Pedro Reis, o presidente da Associação de Hotelaria de Portugal manifestou-se preocupado com a “banalização das taxas turísticas” que considerou ser um “sinal errado” que está a ser dado para a atividade turística e para a economia.
Segundo Bernardo Trindade, trata-se de um “sinal errado” sobretudo porque as taxas turísticas, e o aumento dos valores cobrados, não têm sido devidamente debatidas e o destino dado às receitas delas provenientes também não foi devidamente esclarecido.
O presidente da AHP referiu-se directamente ao caso de Lisboa que a partir deste mês de setembro, duplica o valor da taxa e 2€ para 4€ por pessoa /noite, considerado que se trata de “um sinal errado, um sinal que não foi suficientemente debatido, não foi suficientemente escalpelizado o destino a dar a estas taxas turísticas”, afirmou, alertando que “estamos num momento em que sinais errados podem ser contraproducentes para esta actividade económica”.
A propósito, lembrou que, desde a criação da taxa turística, em Lisboa, em 2016,o município já arrecadou mais de 200 milhões de euros e que ainda em 2019 o valor da taxa tinha sido duplicado de 1€ para 2€, com o argumento de serem feitas transferências para as freguesias para estas mitigarem os efeitos do turismo e para a construção de um centro de congressos que até hoje não foi construído.
O que também preocupa os hoteleiros é a saúde económica das suas empresas, já que, embora os hotéis estejam a conseguir, ao nível do preço, manter níveis de receita compatíveis com a expectativa dos anos anterior, “a nossa saúde económica, já neste verão, começa a mostrar sinais de alguma estagnação”, afirmou o presidente da AHP, acrescentando que essa preocupação é ainda maior para quem tem operações de comidas e bebidas nos hotéis.
Na intervenção proferida, referiu-se ainda à AIMA, para sublinhar que o setor precisa dos imigrantes: “Precisamos destas pessoas para trabalhar” e para “prestarmos um serviço de qualidade”, pelo que “temos que nos constituir como uma comunidade de acolhimento”, afirmou.
Porque colmatar a falta demão de obra, seja com trabalhadores imigrantes ou não, esbarra demasiadas vezes com o problema do alojamento, o presidente da AHP pediu ao ministro da Economia que as linhas de crédito criadas para o setor sejam mais abrangentes e permitam aos empresários “o acesso a linhas que resolvam este tema da habitação”.
Bernardo Trindade referiu-se, ainda, à reabertura do dossier da TAP, afirmando, a propósito, ser “fundamental assegurar o interesse estratégico nacional”.


