Bernardo Cardoso diz que “TP trabalha muito” para que companhias aéreas brasileiras voem para o Porto

Em declarações à imprensa portuguesa no Festuris, em Gramado, Bernardo Cardoso, diretor do Turismo de Portugal no Brasil, falou do reposicionamento do país conseguido através de uma diversidade de produtos que fogem ao tradicional e que contribuem para captar um segmento mais elevado do mercado. A presença de Portugal no Festuris e os números do mercado brasileiro, estiveram entre os temas abordados.
“Nós temos um produto genial no nosso país, um produto com uma autenticidade e uma genuinidade muito grande e uma grande diversificação mas nem sempre as pessoas sabem disso”. Por isso, afirmou, o grande objetivo da participação no Festuris “é capacitar agentes de viagens com um posicionamento mais elevado sobre o produto Portugal”.
Um produto que, disse, é hoje totalmente diferenciado: “falamos de turismo literário, de surf, do enoturismo, da natureza…, de segmentos que fazem parte do reposicionamento de Portugal” e é isso que tem que ser dado a conhecer, uma vez que “o tradicional de Portugal já é muito conhecido” no Brasil.
Defendendo que a presença de Portugal em feiras de turismo deve centrar-se em reuniões de trabalho muito focadas, por esta ser a modalidade que apresenta um maior potencial ao nível do negócio, Bernardo Cardoso considera que “hoje, o que nós precisamos aqui no Brasil é de ter uma prateleira cheia de Portugal e que esse Portugal não seja sempre o mesmo”. Especificando, acrescentou que “precisamos de uma prateleira do segmento de natureza, do segmento de golfe, do enoturismo… – essa é a minha prateleira e quanto maior for a escolha que tivermos nos agentes de viagens e nos operadores turísticos brasileiros, melhores serão os resultados que teremos”, defende.
Foi para isso, disse, que “desafiámos muitos DMCs a trazerem novos produtos” com o objetivo de poderem mostrar um outro lado do destino Portugal e é nesse sentido que o Turismo de Portugal tem vindo a trabalhar com eles porque, conforme exemplificou, se alguém for 10 vezes a Portugal não vai querer fazer sempre a mesma coisa. “Hoje, Lisboa tem uma atratividade tão grande que nós a trabalhamos muito mas não queremos as pessoas apenas em Lisboa, queremos que vão para Évora, para a Madeira, para os Açores”, afirmou, explicando que “a Madeira e os Açores funcionam como aumento da permanência média dos turistas em Portugal, porque ninguém vai para os Açores para ficar uma noite”.
Afirmando-se entristecido com o facto de os Açores terem sido a única região turística portuguesa que não esteve presente no Festuris, apesar da relação histórica que une as regiões dos Açores e de Rio Grande do Sul, o diretor do Turismo de Portugal no Brasil reforçou que “os Açores são um ótimo complemento para aumentarmos o número de room nights em Portugal” e acentuou que, apesar de a região não estar presente “estou cá eu e a missão do Turismo de Portugal é promover o país todo”.
Integração do stand de Portugal no espaço ‘Luxury’ no FESTURIS não foi apenas para promover o luxo
Integrado numa área da feira destinada ao segmento “Luxury”, Bernardo Cardoso argumentou que no caso de Portugal não se trata exatamente de promover apenas o segmento de luxo, trata-se sim de “apresentar produtos com um posicionamento mais elevado”, aproveitando o facto de se saber que “hoje as pessoas estão dispostas a viajar” e a pagar por produtos que se distinguem pela “simplicidade” e também pela “exclusividade”.
Entre os novos produtos que o Turismo de Portugal está a promover no Brasil, o que está a ter maior procura “é claramente o enoturismo”, um produto que anda aliado à gastronomia, produto que também é muito do agrado do turista brasileiro.
Sobre o número de turistas brasileiros que visitam Portugal e a sua estada média no país, o diretor do Turismo de Portugal referiu que as estatísticas existentes podem não ser muito exatas devido à percentagem daqueles que possuem dupla nacionalidade: “se entrarem com o passaporte brasileiro são contabilizados mas se entrarem com o passaporte português não são”, admite.
Questionado sobre se essa eventual inexatidão das estatísticas coloca problemas em termos da promoção que deve ser feita no mercado, respondeu: “Nós temos os números do INE e os últimos indicadores que tenho davam uma queda de 10% a 15% face a 2019 mas é preciso pensar que a TAP aumentou a sua capacidade para o Brasil em 13%, os voos estão em torno dos 92% de ocupação quando em 2019 tínhamos menos 13% de voos e estes tinham uma ocupação em torno dos 80% – se fizermos as contas, a queda que é apontada ao mercado brasileiro não tem lógica, há uma discrepância”. Justificar isso com o número de brasileiros que usa os voos da TAP para ir para outros países da Europa é algo que Bernardo Cardoso refuta porque, segundo sublinhou aos jornalistas portugueses “o resto da Europa está em queda para o mercado brasileiro”.
Respondendo a uma pergunta sobre o interesse por parte de companhias aéreas brasileiras de aumentarem os seus voos para Portugal, o diretor do TP no Brasil começou por referir a situação do aeroporto de Lisboa para dizer que, tendo em conta essas limitações, as companhias poderiam voar para o Porto: “o destino das companhias brasileiras é Portugal, então podem voar para o Porto e nós trabalhamos muito isso”, afirmou, acrescentando que o Turismo de Portugal tem “constantes reuniões com a Azul, com a LATAM e outras companhias”.
O Turisver esteve em Gramado a convite da TAP e da organização do Festuris.