Aumento de tarifas das low cost reduz acesso a viagens internacionais

De acordo com analistas da GlobalData, o aumento das tarifas nas companhias aéreas low cost irá reduzir o acesso de muitos consumidores às viagens internacionais, impactando no número de deslocações. Especialistas antecipam a redução das “escapadinhas” que, para muitos poderão mesmo ser inviáveis.
Há poucos dias, o CEO da Ryanair, Michael O’Leary, avisou que o tempo dos voos a 10€ acabou, devido à subida dos preços da energia, que se acelerou com a guerra na Ucrânia e avançou mesmo que as tarifas médias da low cost irão aumentar cerca de 10€, para 50€ por trajeto, nos próximos cinco anos.
Face a esta notícia, especialistas da GlobalData analisaram o que pode acontecer com os aumentos das tarifas aéreas das low costs.
Benedict Bradley, analista temático da GlobalData, começa por assinalar que as companhias aéreas de baixo custo permitiram que mais pessoas viajassem para o exterior, declarando a propósito que “o aumento dos preços das passagens só agravará a atual crise do custo de vida, e aqueles que já estão a enfrentar problemas com os seus orçamentos, poderão ficar “excluídos do mercado de viagens”.
“Quando se trata das pressões sobre as viagens internacionais, parece que a crise do custo de vida vai continuar onde a pandemia parou – com o número de viagens domésticas a aumentar enquanto as viagens internacionais ficam sob a pressão de centenas de cancelamentos”, diz o especialista.
Bradley alerta que o aumento de preços das passagens aéreas nas companhias low cost, nomeadamente na Ryanair, pode até ser “insignificante para alguns” mas irão levar a que outros tenham que “reconsiderar os seus planos de férias nos próximos anos”.
Para o especialista, não se trata apenas das férias, propriamente ditas mas acima de tudo das “escapadinhas” de fim de semana que muitos consumidores já tinham por hábito fazer.
“As férias de fim de semana no exterior podem tornar-se inviáveis” uma vez que os consumidores precisarão dessas verbas para pagarem as suas próprias faturas de energia, cujos preços estão a disparar. Assim, de acordo com a GlbalData, apesar de o número de viagens internacionais do Reino Unido dever superar os tempos da pré-pandemia até 2024, é possível que esta perspetiva esteja “em risco” por via do aumento das tarifas.
Diminuição do número de viagens de curta duração
“Quando perguntados na pesquisa do consumidor do segundo trimestre de 2022 da GlobalData, 66% dos entrevistados do Reino Unido disseram estar extremamente ou ligeiramente preocupados com o impacto da inflação no orçamento doméstico” e deixar de viajar pode muito bem ser a primeira coisa a ser cortada para aliviar o aumento dos gastos com os bens essenciais.
Keir Maclean, outro dos analistas da GlobalData, explica que “o aumento nas tarifas de passagens está a ser impulsionado por um aumento dramático nos custos de combustível” que vem desde o início de 2022 e levou a um “aumentou de 90%” no preço do combustível para a aviação.
Recordando que a Ryanair é a primeira companhia aérea de baixo custo a declarar publicamente o fim dos voos super low cost, Keir Maclean sustenta que “a inflação do preço do combustível não é exclusiva da Ryanair e aumentará os custos gerais em todo o setor, impactando negativamente não apenas a Ryanair, mas também em companhias concorrentes, como easyet e Wizz Air”.
“Esta não é uma boa notícia para os turistas”, afirma Keir Maclean, acrescentando que à medida que as “escapadinhas” se tornam menos acessíveis, as famílias tendem a fazer menos viagens, optando por deslocações mais longas para reduzirem os gastos em voos”.