Associações empresariais contra taxa turística regional nos Açores
A AHRESP e a Associação de Alojamento Local já se manifestaram contrárias à implementação de uma taxa turística regional nos Açores. A primeira considera tratar-se de um “erro estratégico”, a segunda manifesta-se “revoltada”.
Aprovada quarta feira pelo Parlamento, a taxa turística regional dos Açores está a causar renovada polémica, com as entidades empresariais do turismo a começarem a fazer ouvir as suas vozes.
Já esta quinta feira, a delegação dos Açores da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) considerou que a criação da referida taxa seria “um erro estratégico” e alertou para a “muito frágil” situação financeira das empresas, devido à pandemia e à guerra.
Em comunicado, a AHRESP manifesta a sua “discordância” face a uma medida que considera inoportuna e um “erro estratégico” pelos “custos, diretos e indiretos, para os turistas e para as empresas” que vai acarretar.
“As empresas estão hoje muito fragilizadas financeiramente, fruto de dois anos de perdas sucessivas devido à covid-19. Quando se começava a perspetivar uma recuperação, somos confrontados com uma escalada de preços e da inflação, agravada pelo recente conflito Rússia/Ucrânia” que “compromete a já débil situação” das empresas e a “viabilidade do negócio e dos postos de trabalho”.
A guerra tem impacto nos custos das empresas mas também na bolsa dos cidadãos, dado o aumento do preço da energia, combustíveis e outros bens de consumo, a par da subida da inflação. Por isso, a AHRESP considera que “criar encargos para os turistas” vai ter “reflexos negativos nos negócios”, uma vez que vai causar “menor procura” e mais “encargos burocráticos”.
“Uma medida como a que agora se aprovou na generalidade e que não deixa de nos surpreender, é assim, de todo, desaconselhada, tendo como efeito certo o degradar da situação económica das empresas, com todos os inconvenientes que daí advém para a economia regional e mesmo para os Açores enquanto destino turístico”, assinala a Associação que avança ainda com a “duvidosa constitucionalidade” da taxa.
Associação do Alojamento Local “perplexa e revoltada”
Por seu turno, a Associação de Alojamento Local dos Açores afirmou-se “perplexa e revoltada” com a aprovação da taxa turística regional, alegando que vai “incentivar a saída do mercado” de proprietários. Em comunicado, esta entidade afirma que “as ondas de choque deram-se logo após a aprovação, com inúmeros empresários e trabalhadores independentes do Alojamento Local a mostrarem a sua revolta e indignação pelo sucedido”.
A ALA considera mesmo que a aprovação “com base nos critérios de sustentabilidade e controlo dos fluxos turísticos não têm fundamento”, uma vez que “todos os estudos apontam” que a Região ainda está “longe de uma pressão desmedida e incontrolável”.
Alertando para o impacto negativo que tal medida vai ter no alojamento local, considera precoce a aplicação da taxa e afirma que apenas será “propiciadora de rendimentos ao setor público, algo que já hoje acontece com os inúmeros impostos diretos e indiretos que temos de pagar”.
A ALA alerta que “todas as ilhas sentirão o impacto da taxa”, mas “as de menor dimensão, onde o turismo é fundamental para a fixação de pessoas e captação de investimento, poderão ser ainda mais afetadas” e chama a atenção para os “efeitos colaterais” que vai ter em atividades como os restaurantes e os rent-a-car, entre outros.
“O turismo dos Açores está numa fase inicial, somos um destino que ainda carece de afirmação e notabilidade, ainda sentimos as dificuldades económicas que a pandemia nos deixou e as crises internacionais, daí que a criação de mais uma taxa desta natureza poderá impor uma desaceleração neste crescimento e possivelmente a destruição de boas sinergias que estavam a ser criadas pelos empresários e trabalhadores independentes do Alojamento Local”, frisa o presidente da ALA, Rui Correia, em comunicado.


